O destino da igreja repousa diretamente sobre os ombros de seus líderes. Em que circunstâncias está você liderando sua igreja?

Israel estava em dificuldade. Os exércitos conjuntos de três nações haviam invadido o país, e Josafá sabia que seu exército não podia competir com o delas. Como líder do povo de Deus, ele fez exatamente o que Deus queria que ele fizesse: “Pôs-se Josafá em pé, na congregação de Judá e de Jerusalém, na casa do Senhor, diante do pátio novo…. Todo o Judá estava em pé diante do Senhor, como também as suas crianças, as suas mulheres e os seus filhos…. Então Josafá se prostrou com o rosto em terra; e todo o Judá e os moradores de Jerusalém também se prostraram perante o Senhor e 0 adoraram” (II Crôn.‘20:5-18).

Josafá é um modelo de comportamento para os líderes do povo de Deus hoje. Quer a igreja esteja enfrentando uma crise ou buscando o poder de Deus por meio do reavivamento e reforma, bem como levando o evangelho a “toda nação, tribo, língua e povo”, a função e responsabilidade de seus líderes é preponderante. A sorte da igreja muitas vezes caminha na direção em que eles andam. Uma vez que os líderes determinam em grande parte o destino do grupo, é imperativo que levemos nosso povo à presença de Deus mediante o arrependimento e a confissão do pecado, como o fez Josafá.

O destino do antigo Israel

A cuidadosa leitura dos Evangelhos, revela a atitude dos líderes religiosos para com Jesus. Comentando a intriga que caracterizou os dias finais de Sua vida, os Evangelhos deixam claro que os líderes religiosos foram os únicos responsáveis pela morte de Jesus. Por outro lado, “a grande multidão O ouvia com prazer” (Mar. 12:37); e a cuidadosa leitura de Atos indica a alegria com que milhares e milhares de pessoas comuns aceitavam a Jesus. Contudo, dizemos que “os judeus rejeitaram a Jesus”. Mas quem, realmente, O rejeitou, e com que resultado?

Quando Pilatos apresentou Jesus ao populacho, durante o Seu julgamento, eles “clamaram: Fora! Fora! Crucifica-O! Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o vosso rei? Responderam os principais sacerdotes: Não temos rei, senão César!” (João 19:15)

Comentando estes versos, Ellen White salienta o papel dos líderes e o que aconteceu ao povo por causa da decisão de seus representantes: “Escolhendo assim um governo pagão, apartara-se a nação judaica da teocracia. Rejeitara a Deus como rei. Não tinha, daí em diante, mais libertador. Não tinha rei senão César. A isso os sacerdotes e doutores levaram o povo. Por isso, bem como pelos terríveis resultados que se seguiram, eram eles responsáveis. O pecado de uma nação e sua ruína eram devidos aos guias religiosos” (O Desejado de Todas as Nações, pág. 709).

Nessa época, o povo judeu era o povo corporativo de Deus. Os líderes eram responsáveis diante de Deus como os representantes daquele grupo. Eles tomaram a decisão de rejeitar a Jesus e Seus ensinos, e Deus aceitou a decisão dos líderes como a decisão do corpo que eles representavam. Deus já não podia chamar os judeus de Seu povo escolhido, pois este O havia rejeitado em favor de um governador pagão. Naturalmente, os judeus individuais podem ainda tornar-se membros do povo de Deus aceitando a Jesus como seu Salvador pessoal. Mas a obra que Deus havia confiado à nação judaica na Terra, foi entregue a outro grupo — a igreja cristã.

No final da parábola da vinha, Jesus fez um comentário sobre essa experiência histórica: “Quando, pois, vier o senhor da vinha, que fará àqueles lavradores?” perguntou Ele. Os líderes religiosos que ouviram a parábola, replicaram: “Fará perecer horrivelmente a estes malvados, e arrendará a vinha a outros lavradores que lhe remetam os frutos nos seus devidos tempos” (Mat. 21:40 e 41).

A igreja hoje não é diferente do antigo povo de Deus. Paulo nos diz que a igreja é o corpo de Cristo (I Cor. 12); somos uma corporação unida. “De maneira que, se um membro sofre, todos sofrem com ele; e, se um deles é honrado, com ele todos se regozijam” (verso 26). Quando pensamos na história de Israel e procuramos entender o que aconteceu ao antigo povo de Deus, deveria isto ser causa de sério exame de coração. O futuro daquele povo repousava sobre os ombros de seus líderes. O pecado e a ruína da nação deveram-se aos líderes religiosos.

O futuro do Israel moderno

Tão certo como o futuro do antigo Israel repousava nas mãos de seus líderes religiosos, também o futuro do povo atual de Deus repousa grandemente nas mãos dos líderes da igreja. Estes determinarão em grande parte o futuro desta igreja, e serão responsáveis por ele. Afinal, quem senão eles, deveria ser responsável?

Que futuro será este?

Malaquias repreende os sacerdotes — os líderes espirituais de seus dias — por deixarem de guiar corretamente o povo: “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento, e da sua boca devem os homens procurar a instrução, porque ele é mensageiro do Senhor dos exércitos. Mas vós vos tendes desviado do caminho, e, por vossa instrução, tendes feito tropeçar a muitos” (Mal. 2:7 e 8). Aquilo que a liderança religiosa é, as pessoas certamente o serão. Se a liderança se comporta de maneira carnal, o povo terá pouco interesse nas coisas espirituais. Não obstante, se os líderes se dedicam a fazer a vontade de Deus, a glorificá-Lo perante o mundo, o povo lhe refletirá a dedicação e qualidade de liderança.

Deus confiou à Igreja Adventista do Sétimo Dia a responsabilidade de proclamar a última mensagem de advertência a um mundo enfermo. A condição do mundo e a urgência da mensagem requerem cada partícula de energia de que dispomos. Requerem que nossas prioridades se apóiem num relacionamento vivo com nosso Deus. Ele deve ser capaz de transmitir a última mensagem de advertência por nosso intermédio, precedida por uma agenda que concentre a atenção nos interesses humanos que lutam contra a conclusão da tarefa que Deus nos confiou.

Por meio dos escritos de Ellen White, Deus deu instruções claras e oportunas à liderança de Sua igreja remanescente. Um resumo dos principais pontos dessa instrução pode ser encontrado em uma série de 19 artigos sobre a vida de Neemias, escritos por Ellen White para The Southern Watchman*

Desejo apresentar três declarações dessa série que realçam a importante parte desempenhada pela liderança em pôr as pessoas em harmonia com a vontade de Deus. A primeira trata da importância da influência dos sacerdotes de Israel e da posição em que eles estavam para usar essa influência para o bem da causa de Deus ou em detrimento desta. “Entre os primeiros a apreender o espírito de zelo de Neemias e sua dedicação, estavam os sacerdotes de Israel. Da posição de influência que ocupavam aqueles homens muito podiam fazer para retardar ou promover a obra. Sua pronta cooperação logo no início contribuiu não pouco para o sucesso dela. Assim deveria ser em todo empreendimento sagrado. Aqueles que ocupam posições de influência e responsabilidade na igreja, deveriam ser os primeiros na obra de Deus. Se eles agirem de maneira relutante, os outros não agirão de modo algum. Mas ‘seu zelo induziu a muitos’. Quando sua luz cintila, milhares de tochas são acesas na chama” (The Southern Watchman, 5 de abril de 1904).

Se a obra de Deus está enlanguescendo em sua instituição, campo, associação ou igreja, você deve examinar-se a si mesmo, em primeiro lugar, para ver se a causa aí está. É desejo de Deus que Sua obra prospere, pois é através da obra que nos confiou que almas preciosas por quem Ele deu a vida serão arrebatadas das garras do inimigo. Ele nos outorga êxito onde a liderança Lhe é dedicada. Onde outros assuntos absorvem a atenção e a energia dos líderes, haverá pouco ou nenhum movimento de sua parte para levar avante a obra de Deus. Estejam em chama os líderes, com verdadeiro e santo zelo, e a maioria de seu povo absorverá o espírito de entusiasmo, e suas tochas brilharão.

Notai a instrução apresentada na segunda declaração: “Sua energia e determinação [de Neemias] inspiraram o povo de Jerusalém; e a força e o ânimo tomaram o lugar da fraqueza e desânimo. Seu propósito santo, sua grande confiança, sua consagração prazerosa à obra, foram contagiosos. O povo absorveu o entusiasmo do seu líder, e, em sua esfera, cada qual se tomou um Neemias, e ajudou a tomar mais fortalecidos a mão e o coração de seu companheiro. Há aqui uma lição para os ministros da atualidade. Se forem indiferentes, inativos, destituídos de zelo religioso, o que se pode esperar do povo a quem eles ministram?” (Idem, 28 de junho de 1904).

A mensagem é clara. Se desejamos ver um reavivamento na igreja, este deve começar conosco. Se desejamos ver o povo de Deus cheio do fogo do Espírito Santo, deve o fogo começar primeiro em nosso coração.

A seguir, a terceira declaração: “O espírito manifestado pelo líder será, em grande parte, refletido pelo povo. Se os líderes que professam crer nas solenes e importantes verdades que devem pôr à prova o mundo neste tempo, não manifestarem nenhum zelo ardente no preparo de um povo para estar de pé no dia de Deus, devemos esperar que a igreja seja descuidada, indolente e amante dos prazeres” (Idem, 29 de março de 1904).

Permiti que o reavivamento comece aqui

A sessão da Associação Geral de 1990 já passou. Os delegados, participantes e líderes de todo o mundo reuniram-se em Indianápolis. Que oportunidade para nos apressarmos e nos comprometermos a buscar um reavivamento em nossa própria vida e em nossa igreja! A presença de Deus e o derramamento do Espírito Santo acompanharão uma entrega tal. É interessante que durante anos Deus nos tem informado por intermédio de Sua serva que Ele estava preparado para fazer grandes coisas por Sua igreja nas sessões da Associação Geral. Isto foi verdade em 1888, 1893, e 1901. Lamentavelmente, a liderança parece nunca ter estado em posição que permitisse a Deus satisfazer Seu desejo.

A verdade disto nos é imposta à mente naquele assombroso capítulo que consideramos atrás: “O Que Poderia Ter Sido”. Ellen White descreve uma visão que recebeu certa ocasião em 1902, na qual foi reportada à sessão da Associação Geral de 1901. No início de 1903 ela escreveu à igreja de Battle Creek a respeito da visão e do que Deus havia pretendido fazer na sessão de 1901.

O parágrafo inicial confrange o coração de todo aquele que deseja que o pesadelo do pecado chegue ao fim e anseia ir para o lar e estar com Jesus: “Certo dia, eu estava escrevendo ao meio-dia a respeito da obra que poderia ter sido feita na última (sessão) da Associação Geral, se os homens que ocupam posição de confiança tivessem seguido a vontade e a orientação de Deus. Aqueles que tiveram grande luz não haviam andado na luz. A reunião se encerrou sem que houvesse quebrantamento de coração. Os homens não se humilharam diante do Senhor, como deveriam ter feito, e o Espírito Santo não foi comunicado” (Testimonies, vol. 8, pág. 104).

O trecho continua descrevendo o que Deus desejava fazer naquela sessão, numa perspectiva que causa profunda impressão em todos aqueles que o lerem. O Espírito Santo estava realizando uma obra íntima, e todos estavam inclinados em oração. Então alguns se ergueram da oração e começaram a confessar os seus pecados e a pedir perdão aos seus colegas de obra. O Espírito de confissão e arrependimento se espalhou por todo o tabernáculo. “Ninguém parecia ser orgulhoso demais para fazer confissão sincera, e os que lideraram esta obra eram pessoas de influência, mas que antes não haviam tido coragem de confessar seus pecados” (idem, pág. 105). O coração de todos estava cheio de uma alegria santa.

O trecho termina com um resumo do que poderia ter sido: “‘Tudo isso o Senhor estava esperando fazer por Seu povo. Todo o Céu estava esperando para ser gracioso.’ Imaginei aonde poderíamos ter estado, tivesse sido feita obra completa na última (sessão) da Associação Geral, e veio-me uma angústia de alma ao pensar que aquilo que testemunhara não era verdade” (Idem, págs. 105 e 106).

Prezados irmãos e líderes, o destino da igreja está conosco! O que fomos fazer em Indianápolis? Temos suficiente evidência para convencer-vos de que Deus está esperando por nós, a fim de que possa terminar a obra. Ele dispôs os negócios das nações de maneira que a igreja tenha maior liberdade para proclamar a terceira mensagem angélica de Apocalipse 14. Ele tem movido nosso povo a começar a orar pela chuva serôdia. Ele nos deu toda a instrução de que necessitamos para nos colocarmos em relacionamento apropriado com Ele, a fim de que possa conceder-nos Seu poder. Ele esboçou claramente as responsabilidades dos líderes.

Comprometi-me, como líder da Sua igreja remanescente, a fazer tudo o que Deus pede de mim. Apelo a cada um de vós para que se una a mim em confissão, humilhação, arrependimento e oração fervorosa. Espero que a História relate que a sessão da Associação Geral de 1990 se dedicou a buscar a chuva serôdia, ao reavivamento e reforma, e ao arrependimento e humilhação. Não podemos permitir que aquela sessão passe à história da igreja como uma ocasião em que todo o Céu estava esperando para derramar sobre nós o Espírito de Deus, e nós desapontamos a Deus não nos preparando para recebê-Lo, permitindo que assuntos de somenos importância excluíssem a única coisa que devia ter prioridade, apressando nossas próprias agendas, a fim de que a agenda de Deus fosse excluída.

Apelo a que nos unamos. Não devemos permitir que esta oportunidade passe.

Pastor Neal C. Wilson, ex-Presidente da Associação Geral

* Esta série foi apresentada primeiramente nos números do The Southern Watchman que vão de 1º de março a 12 de julho de 1904. O Ellen White Estate reproduziu estes artigos, junto com um guia de estudo, em um oportuno livreto intitulado Lessons From the Life of Nehemiah. Eles formarão uma excelente série de estudos para um grupo de estudo/oração ou para uma série de reuniões de oração. Se você estiver interessado, dirija-se ao White Estate no 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, Maryland 20904.