A Divisão Sul-Americana é uma das muitas regiões do mundo que tem marcado preciosos pontos na marcha da Missão Global. Mas isso não quer dizer que todos os lugares respondem da mesma for-ma ao evangelismo. Ainda existem barreiras a serem transpostas. Paraguai é o nome de uma delas; aliás, da maior delas.

Com uma população de 4.240.613 habitantes, esse país apresenta a proporção de um adventista para 828 Não adventistas, um dos mais desafiadores índices do mundo. Passados 90 anos de penetração da mensagem do advento, através de colportores, a Igreja está representada por uma Missão, liderada pelos Pastores José Hage, presidente; Carlos Gimenez, secretário-ecônomo; assessorados por dois departamentais. Além do evangelismo, a equipe supervisiona as atividades de dois sanatórios, um situado em Hohenau, na região Sul, e outro na capital; 14 escolas, uma das quais secundária, e 78 professores; 66 colportores, 15 distritos pastorais e 14 clubes de desbravadores.

Segundo relatório da União Austral, “seis lugares novos foram alcançados, sete estão em fase de conquista, quatro se encontram em desenvolvimento, e 15 não possuem um adventista sequer”.

Evangelismo na capital

Como o Projeto Missão Global foi estabelecido para enfrentar desafios, a União Austral foi em frente e planejou uma Campanha de Evangelismo Metropolitano para a cidade de Assunção, capital federal, onde a proporção é de um adventista para 453 não adventistas. A meta era estabelecer cinco novas congregações: os bairros Villa Morra, San Pablo, Mariano Alonso, e as cidades de San Lorenzo e Capiatá, na Grande Assunção. Depois de três meses em fase preparatória, a campanha entrou em sua fase de proclamação, no dia 24 de setembro.

O ponto principal de pregação foi o aristocrático bairro de Villa Morra. Ali foi alugado um anfiteatro, onde pregou o Pastor Carlos Rando, evangelista da União Austral, auxiliado pelo Pastor Cesar Camacho, distrital de Vista Alegre. O bairro Mariano Alonso de-veria receber como pregador, num templo recém-construído, o Pastor José Mascarenhas Viana, evangelista da Divisão Sul-Americana; que, por razões de saúde, acabou substituído pelos Pastores José Lopez, da Igreja Central; e Leandro Benitez, do distrito de Caaguazu. O Pastor Tomás Ricardi foi o pregador do bairro San Pablo, e os Pastores Miguel Cáceres, distrital; e Osório Pereyra, evangelista da Missão Paraguaia, pregaram respectivamente em San Lorenzo e Capiatá.

Cada evangelista tinha uma equipe que variava entre quatro e seis obreiros bíblicos, entre os quais figuravam nove teologandos da Universidade del Plata, na Argentina.

A fase preparatória da campanha envolveu a maior parte dos membros das igrejas de Assunção, que se lançaram ao trabalho de fazer pesquisas, distribuir literatura de casa em casa, em busca de interessados. Ainda que o número de inscrições tenha sido considerado alto, a presença do povo nos locais de pregação foi bastante reduzida, verificando-se uma média de 60 a 100 pessoas, dependendo do local.

O lado positivo disso, no entanto, é a total inexistência do sentimento de fracasso ou desânimo. Pelo contrário, o entusiasmo não morreu e está sendo recompensado com o surgimento de batismos. É bem verdade que eles não acontecem numa enxurrada tão comumente verificada em certas regiões da Divisão Sul-Americana, mas são qualitativamente marcantes e animadores. No caso do bairro Villa Morra, por exemplo, foram batizados alguns educadores, entre os quais a proprietária de um prestigiado colégio do bairro, e um psicólogo.

Além disso, a cidade ganhou quatro tem-plos novos, que abrigarão congregações em crescimento.

Novas portas abertas

Se a resposta aos métodos tradicionais mostra-se aquém das expectativas, Deus está Se encarregando de abrir outros caminhos, milagrosamente. Em Marechal Estigarribia, no interior paraguaio, foram descobertas 10 famílias que se diziam pertencentes a uma suposta “Igreja do Conflito dos Séculos”. Depois de ler o conhecido livro, alguém adotou e propagou a mensagem ali impressa. Conseguiu adeptos e assim se nomearam “Igreja do Conflito dos Séculos”. Localizados por adventistas, atualmente recebem assistência espiritual e evangelística.

Uma “maratona bíblica”, realizada numa praça de Assunção pelos jovens da Igreja Central, atraiu a atenção de um líder da comunidade indígena guarani, situada na Zona del Chaco – região central e mais tropical do país -, que se encontrava no local. Mantidos os contatos iniciais, descobriu-se um grupo de 150 famílias nativas às quais está sendo prestada a devida assistência. O trabalho aí mostra-se tão promissor que a Mesa Administrativa do Campo já nomeou um pastor (o primeiro) para trabalhar na região. “Dali esperamos uns duzentos batismos, muito brevemente”, anima-se o Pastor Gimenez.

Outro fato providencial aconteceu envolvendo o Pastor Tomás Ricardi. Ao lado de seu núcleo de pregação, o bairro San Pablo, hospedou-se o líder de outra comunidade guarani, esta mais desenvolvida e situada em Caaguazu, a 250 quilômetros de Assunção. Enquanto permanecia em casa de familiares, o homem resolveu assistir a um dos programas. Gostou, e convidou o Pastor Ricardi para falar em sua localidade, pois o pastor menonita que lhes dava assistência, falecera; e pastores pentecostais que posteriormente ali se apresentaram, inexplicavelmente os abandonaram. Havia um detalhe: o pastor teria de falar no idioma guarani, o único aceito entre a comunidade. E isso o Pastor Ricardi faz com impressionante fluência, felizmente.

Agora, todos os domingos pela manhã, um grupo de 40 pessoas ouvem a mensagem adventista em guarani. A Missão imprimiu coletâneas e adquiriu exemplares do Novo Testamento, em guarani. O Pastor Ricardi e o Pastor Leandro Benitez, distrital da região, estão animados com as perspectivas.

Futuro animador

Na esteira de possibilidades que se abrem, está a implantação de uma base da Rádio Mundial Adventista no país, considerado estratégico para se alcançar populações de falas castelhana e portuguesa.

Tudo isso faz crer que o Paraguai é uma barreira que será transposta, como outras ao redor do mundo. Espera-se que novas estratégias sejam criadas para fazer frente às exigências do momento.

O ânimo da liderança e dos irmãos paraguaios continua de pé. Os obstáculos do mo-mento são apenas um convite à reflexão e ao empreendimento de mais redobrados esforços. “Quem sabe, Deus nos está convidando a estudar novos métodos de abordagem”, pondera o Pastor Osório Pereyra.