A IGREJA, em harmonia com a profecia de Apoc. 14:1-6, está empenhada numa campanha de evangelização que abrange o mundo in­teiro. Ao mesmo tempo está trabalhando com afinco para duplicar o número de membros no mais breve espaço de tempo possível, a fim de preparar um povo numeroso para a vinda de nosso Senhor Jesus.
O trabalho vê-se entravado por um grande obstáculo: as apostasias. É um verdadeiro gôzo para o crente ver como os novos conversos entram para a igreja, mas ao mesmo tempo é desencorajador o espetáculo dos que saem pelas portas do fundo por haverem esfriado, apostatando em seguida.

Se queremos duplicar o número de membros, devemos encontrar a maneira de fechar as portas do fundo da igreja. Em certo setor do campo, a apostasia alcança 45 por cento dos que foram acrescentados à igreja pelo batismo. Está prova­ do que a maioria dos que esfriam e logo se afas­ tam da igreja, não são os novos conversos, mas os que têm estado a militar nas fileiras da igre­ ja por um lapso de tempo que varia entre cinco e dez anos. Esta é uma revelação muito signifi­ cativa. Quer isto dizer que os que abandonam a verdade, em sua grande maioria não o fazem por­ que tenham dúvidas acêrca de alguma doutrina da Palavra de Deus, mas princípalmente por não terem sido “pastoreadas” como deveriam tê-lo sido. Quer dizer que não encontraram simpatia que os animasse nas lutas e problemas, e que muitas vê­zes, ao serem preseguidos por parentes e amigos, faltou-lhes a mão ajudadora que poderia ter-lhes tornado mais suave a situação.

Cada pessoa conservada na igreja será um fa­tor a mais na rápida duplicação do número de membros. Cada membro retido na igreja será um ganhador de almas; dará, em dízimos e ofertas, seu apoio financeiro para o avançamento da obra de Deus; será um provável inimigo a menos da divina verdade.

Com o fito de ajudar os ministros a conserva­rem na igreja a grei inteira, e sôbre tudo, para evitar que os novos crentes se desencaminhem na fase crítica da vida cristã, publicamos a seguir vários artigos provenientes da pena de obreiros de experiência, sôbre a maneira de fazer frente a es­ ta onda de apostasias e reter os membros, fiéis econtentes, no seio da igreja, ajudando-os a se guardarem sem mácula para o dia da vinda do Senhor.

Esperamos que cada ministro da causa de Deus estude detidamente os artigos referentes a esta esbraseante questão, e ponha logo mãos à obra, com fervor e espírito de oração, para que possa ser extirpado da igreja o câncer da apostasia. Deus abençoe cada ministro nesta nobre tarefa! —W. S.

Organização da Igreja para Reaver os Indiferentes 

J. R. SPANGLER

(Pastor-evangelista, Forth Worth, Texas)

HENRY FORD disse, certa vez: “Nada é excepcionalmente difícil contanto que seja sub­dividido em pequenas porções”. A verdade dessa declaração é comprovada pela existência do multi­milionário império automobilístico de Ford. A rea­lização fantástica de projetos comerciais legítimos não pode ser atribuída ao amparo ou guia de Satanás. Muitos homens pios têm com interêsse profundo e ânimo invencível formado domínios in­dustriais. Por que alcançam êxito êsses negócios? A resposta a essa pergunta deve revelar alguns métodos práticos que podem ser usados com eficácia em nossa atividade da igreja, especialmente na ma­ nutenção do aumento de nossos membros e na re­cuperação dos indiferentes.
A boa organização é de importância vital em qualquer negócio. O mesmo se aplica à igreja. Por “boa” entendo que seja viável e prática. O negócio que exista para alcançar lucros, ou ado­ tará essa organização ou fracassará. A fim de que um negócio alcance êxito, todo procedimento que envolva perda ou inutilidade deve se eliminado imediatamente. Deve haver prevenção constante contra planos ineficientes e inoperantes. Tôda a fôrça que impulsiona êsse sistema é o lucro! Os governos federal, estadual e municipal não operam com base no lucro. Seu sangue vital provém dos impostos. Conseqüentemente não raro observamos o desperdício, excesso de organização, cargos im­ produtivos e planos inúteis. A igreja se situa nesta última categoria, pois a nossa estrutura visível as­ senta especialmente sôbre doações e ofertas do povo.

Enfrentamos o grave perigo de, no dia do juízo, sermos considerados falidos, a menos que operemos com lucro — lucro de almas ganhas, recuperação de indiferentes, e a mensagem transmitida ao mundo, culminando tudo na obtenção do reino! Uma vez que não somos forçados a apresentar lucro fi­ nanceiro do nosso trabalho, estamos colocados em posição vulnerável. Muito fácil é que a nossa atenção e esforços sejam atraídos para projetos que pro­ duzam pouco resultado ou nenhum. Satanás tenta constantemente transtornar quaisquer planos ou or­ ganização que visa a transferir homens dêste mundo para o superior. Um método de realização dêsse mau feito consiste em manter os ministros de Deus envolvidos com qualquer outra tarefa imagi­nável, para que a sua ocupação principal sejaadiada até que os silenciosos pés do tempo não mais andem.

O Primeiro Lugar às Coisas Principais

Portanto, precisamos estudar, imaginar e escolher planos que produzam êxito e dêem o primeiro lugar às coisas principais. Bem possível é, e freqüen­ temente acontece em nossa obra, seguirmos a lei do menor esfôrço — deixando as coisas deslisarem mansamente. De qualquer maneira receberemos o nosso salário no fim de cada mês: gozamos férias remuneradas, auxílio para tratamento da saúde, ma­ nutenção de automóvel, despesas de viagens, auxí­lio de aluguel, e coisas tais. Qualquer firma mun­ dana dispensará o empregado que reconhecidamen­te não contribua para o lucro da instituição. Êsse procedimento, entretanto, é muito raro no que concerne a Igreja. Isso, porém, de maneira nenhu­ ma prova que todos os obreiros estejam trabalhan- do em base de lucro. Verificamos, assim, que acombinação dos proveitos financeiros e a segurança do cargo tendem a fazer de nós um alvo especial de Satanás — e muitas vêzes êle atinge o alvo!

Já consideramos com franqueza a importância do êxito que alcançaríamos se fôssemos chamados para dirigir ou manejar algum trabalho secular? Pensemos objetivamente. Uma fábrica mantém 250 operários, e o leitor ou eu, possuidores do mes- mo grau de capacidade para êsse trabalho que pos­ suímos no sentido religioso, fomos escolhidos para gerente. Suponhamos que empreguemos nesse ne­gócio a mesma quantidade de trabalho, pensamento, energia, entusiasmo, tempo, organização e atenção que habitualmente pomos nas funções eclesiásticas. Quais seriam os resultados? Nossa respos­ ta a esta pergunta classificar-nos-á na coluna do lucro ou do prejuízo da igreja!

Os relatórios de Dun & Bradstreet revelam que milhares de negócios entram em falência cada ano, e milhares de outros alcançam êxito. Não me resta dúvida de que se essa organização de revisores existisse nos dias do Novo Testamento e examinasse o trabalho da igreja primitiva, classificando-a com base no êxito quanto ao propósito para que foi criada, os apóstolos como líderes e planejadores te­ riam alcançado o mais elevado grau possível. Êsse mesmo registo poderia ser repetido quanto ao movimento de 1844, mas imagino a graduação que receberíamos como denominação ou como obreiros, individualmente! Que graduação nos seria possível receber quando na América do Norte os ministros ordenados, com o amparo de todos os outros obrei­ ros da denominação e auxiliados por todos os mem-bros da igreja, batizaram menos de dez almas, cada um, durante 1952? Em verdade, nossa classificação financeira pode atingir as culminâncias, mas o bom crédito não prova que esta ou outra igreja seja bem sucedida. Deus não julgará a igreja pelos relatórios estatísticos financeiros, mas pelo número de almas salvas em resultado da combinação dos nossos esforços!

Que mudará êsse quadro — não o quadro de apenas dez almas para cada ministro ordenado, mas o quadro da perda de mais de metade das almas ganhas? Muitas respostas poderiam ser dadas, mas examinemos a nossa organização denominacional para manter e ganhar almas. Um dos alvos lógi­ cos de nosso bom negócio é não sòmente conquis­ tar freguêses mas também conservá-los. Isso significa lucro! Não existe limitação para as idéias, métodos, mecanização e zêlo de que lançam mãos os estabelecimentos comerciais progressistas para conquistar e conservar compradores. E, lembrai, es­ sa espécie de procedimento é seguida o ano inteiro, sem esmorecimento, e a maioria das emprêsas está vendendo produtos de que o público realmente precisa e são considerados necessários para a sua comodidade e felicidade.

Também a igreja é uma organização de vendas. Nosso alvo deve ser a conquista e retenção de clien­ tes. Não obstante, eu temo perguntar se, para atingir êsse alvo, a igreja está usando métodos e planos que correspondem às provas e dificuldades enfrentadas para conseguirmos adeptos do nosso movimento. O que tenho testemunhado da parte de alguns, que fracassam nos princípios fundamentais da organização da igreja — tais como manter em dia os registos da secretaria da igreja, planos para reaver os indiferentes, um plano local para ganhar almas, e outros sistemas elementares de fortalecimento e unificação da igreja — dir-se-ia indicar ou a falência do senso de responsabilidade que recai sôbre os ministros, ou que simplesmente não estamos cuidando dos negócios de nosso Pai.

Pensai nas gloriosas oportunidades que temos de participar da obra de Deus! Nenhuma emprêsa no mundo, não importa qual seja o seu objetivo, poderá comparar-se com o divino plano de que Deus tão graciosamente permitiu que participemos. O produto que vendemos é de duração eterna. Não tratamos com o tempo mas com a eternidade. O preço é acessível a todos. Por certo o nosso zêlo e perseverança no idealizar e executar planos para conquistar e conservar clientes deve estar em pro­ porção com o valor dêste produto incomparável.

Nesta série de artigos é salientada a recuperação dos indiferentes por meio da organização completa e eficiente das igrejas. O esbôço sugestivo seguin­te, nada novo contém, mas apenas uma recapitu­ lação dos princípios básicos de ter um projeto defi­ nido e viável para a igreja. Mantenhamos sempre presente que tudo quanto já tenha sido escrito bem como o esbôço seguinte, são totalmente inúteis quando não acompanhados do poder divino. O planejamento superior e a mecanização perfeita nunca poderão produzir na igreja um “lucro de almas” a menos que os acompanhem o Espírito Santo e o permanente amor de Deus.

Organização da Igreja

1. É imprescindível ter uma lista de membros atualizada, se quisermos pôr a igreja em atividade para conhecer e conservar os seus membros.

2. Ao começarmos o trabalho numa igreja, a primeira coisa que faremos é conseguir que todos os membros preencham um questionário mimeografado que, quando terminado, equivalerá a um relatório completo do passado e presente de cada pessoa. Alguns de seus itens mais importantes são: Nome, enderêço pessoal, enderêço comercial, telefone pessoal, telefone comercial (no caso da falta de um e do outro, obter o telefone do vizinho mais próximo para o caso duma emergência); data do recebido na igreja; ocupação, distração favorita, capacidade musical, cargos desempenhados na igre­ja; se é assinante da Revista, etc; nomes, idade e grau da cultura dos filhos, com dois espaços indi­cativos do batismo e freqüência à escola primária; lista de parentes, especialmente o marido ou a es­ posa, se fora da verdade e porquê; lista dos nomes de todos os indiferentes de que tenham conhecimento.

3. Ter a certeza de receber essa fôlha de cada membro da igreja, inclusive os jovens. Prefiro transferir essa informação para um sistema de re­gisto visível, e não cartões. A vantagem é vermos, num relance, o nome, enderêço, telefone de cêrca de quarenta pessoas. Outra vantagem é que êsse único livro pode ser levado a qualquer reunião da igreja ou conservado no carro para auxiliar nas visitas. Também, ficam reunidos por argolas, eli­ minando, assim, o inconveniente dos cartões soltos. Êsse é o registo principal de todos os membros da igreja. Uma vez completo, pouco trabalho é re­ querido para manter um tal livro em dia.

4. Manter um registo à parte de tôdas as crianças da igreja. Mantê-lo em dia com o acréscimo de nomes e datas do nascimento de novas crianças. Êste registo é de valor incalculável na promoção da educação cristã, dias de dedicação, acampamentos e Classes Progressivas dos M.V.

5. A maioria das nossas igrejas e distritos. são suficientemente grandes para garantir a posse duma máquina de endereçar. Não é dispendiosa e é de manêjo fácil. Essa máquina e um mimeógrafo muito auxiliam a eficiência do plano. Dentro de poucos minutos é possível enviar a todos os membros da igreja uma notícia que, doutra forma, re­querería horas inteiras de trabalho.

6. Conseguir um mapa grande da cidade ou distrito, preferentemente de 1,50 a 2,00 m de lar­gura. Comprar percevejos ou taxas de superfície pintada que se possam numerar com tinta Nanquim e cobrir com fita Durex. A razão de ser melhor o uso de taxas numeradas está em que é possível identificar as pessoas em determinado distrito da cidade. Manter um arquivo de cartões numerados exclusivo dêsse mapa. Quer-se saber, quem vive onde está cravada a taxa n°. 45, por exemplo. Retirar-se-á com rapidez, do arquivo de cartões, a ficha n°. 45, e inteirar-se-á dos nomes de todos os membros da igreja residentes nesse enderêço. Outro proveito dêsse sistema, especialmente nas cidades grandes, é que, ao ser preciso fazer-se uma visita a determinado distrito da cidade, a pessoa recorrerá ao mapa e apenas copiará os números das taxas ou percevejos cravados naquela área, identificando, depois, os nomes e enderêços constantes no arqui­ vo de cartões numerados. Não resta dúvida de que, uma vez estando numa determinada área da cidade, podem-se fazer várias outras visitas, econo­ mizando, assim, tempo precioso bem como despesa de transporte. Também, na prática de visitas ro­tineiras a todos os membros da igreja, essa espécie de mapa com taxas numeradas economizará incon­ táveis horas de tempo.

7. Eu uso três diferentes côres de taxas para o meu mapa, bem como três diferentes séries de numeração, a saber: 

a) Taxas verdes, numeradas de 1 a 200 para a residência de todos os membros fiéis. (Usar apenas uma taxa para cada enderêço, independentemente da quantidade de membros que ali residam. O cartão respectivo indentificará todos os membros.)

b) Taxas vermelhas numeradas de 300 a 350, para identificar os anciãos e dirigentes de grupos, como explicaremos a seguir,

c) Taxas violete, numeradas de 400 a 500, para todos os membros indiferentes. Êstes são chamados “o clube dos 400”, e incluem apenas os indiferentes ou au­ sentes que ainda constam da lista de membros da igreja.

8. Depois de o mapa estar completo, com tôdas as taxas ou percevejos em seus lugares, dividem-se os membros em grupos geográficos de não mais de vinte pessoas. Buscai escolher um diretor e um auxiliar de grupo, na mesma área em que está situado o grupo. Mudar a côr da taxa do dirigente de grupo, de verde para vermelho. Nalguns casos será preciso escolher líderes de outra área da cidade.

9. Dar a um ancião a chefia de três ou quatro grupos. A essa secção chamamos um distrito. É necessário ter uma reunião periódica de dirigentes de grupos e anciãos. Haja responsabilidades defini­das, e conceda-se a cada pessoa, inclusive aos anciãos, a liberdade de demitir-se se se considerarem incapacitados para cumprirem o plano. Isto é da máxima importância e deve ser tratado com tacto. Entretanto, o êxito do sistema depende da boa dis­ posição dos anciãos e dirigentes de grupos para planejarem o trabalho e levarem-no a bom têrmo! Compreendam os dirigentes de grupos que os mem- bros em seus grupos e o território que devem con­ trolar são a sua paróquia ou igreja, que devem supervisar e evangelizar. Devem os anciãos com­ penetrar-se da sua responsabilidade de cuidar de seu distrito. Assim mesmo deverão os pastôres im­ pulsionar o projeto contìnuamente. Êle não se executará por si. O líder eficiente liderará constan­ temente.

10. A todos os dirigentes de grupos e anciãos serão fornecidas cadernetas que contenham informações e métodos concernentes às suas respectivas obrigações. O objeto imediato é aumentar a fre­qüência à igreja e à escola sabatina e encontrar os indiferentes cujo nome consta da lista de membros da igreja. Os passos seguintes devem ser dados com êsse objetivo:

a) O dirigente de grupo visitar todos os com­ ponentes do grupo, pelo menos uma vez por trimestre.

b) Conferir a lista cada sábado, a fim de veri­ ficar os faltosos.

c) Verificar imediatamente por que faltaram e notificar-lhes que a falta foi notada.

d) Uma vez localizados os indiferentes, deve o dirigente de grupo levar consigo o diretor do distrito numa segunda visita. Caso não alcance o seu objetivo, então, deverá o ancião comunicar-se com o pastor, que o acompa­ nhará numa terceira visita. As opiniões com­binadas do dirigente de grupo, ancião e pastor deverão apresentar um quadro aproximado das possibilidades da recuperação dêsse indi­ ferente.

11. Essa mesma organização contém possibilida­ des extraordinárias em qualquer campanha de igre­ ja ou Associação. De importância especial, porém, são os aspectos de ganhar almas. Depois de os membros da igreja se acharem sob controle, o mes- mo sistema poderá ser expandido para a visita e conquista dos que não pertencem à igreja. Para tanto, deverse-á conseguir os nomes dos membros que hajam sido eliminados no passado. Usar taxas ou percevejos de côr azul, numerados de 500 a 600, para as pessoas que se espera virão a ser mem- bros. Nesse grupo poderão ser incluídos os interes- sados da Voz da Profecia, campanhas de O Atalaia, grupo de correspondência e, melhor que tudo, os interessados que surgirem das séries de conferências realizadas. Ao ser recebido um nome, descobrirse-á a que secção corresponde e enviar-se-á ao res­ pectivo dirigente de grupo, com a necessária explicação.
12. Ao expandir-se o trabalho, deverá o dirigen­te de grupos dividir com outras pessoas a sua res- ponsabilidade, dentro do seu próprio grupo, no tocante a visitas e estudos bíblicos. Não existe limi­ tação alguma para essa espécie de plano, mas deve êle ser posto e mantido em operação pelo pastor local. Repito-o: Êle não se executará a si próprio.

Nada há comparável a uma igreja em atividade. É emocionante ouvir acêrca do bem que o trabalho faz por todo um plano de igreja, e mormente vê- lo. Êsse é o único meio pelo qual o trabalho será terminado — alistar a capacidade latente que nos esteja ao alcance. A igreja dispõe-se para isso. A questão é: Estamos nós dispostos a subdividir a nos- sa responsabilidade em pequenas partes e permitir que a igreja nos auxilie?

Qual é a Significação de Indiferença?

LUIZA C. KLEUSER

(Secretária Associada da Associação Ministerial, da Associação Geral)

SOMOS todos faltosos, em certo grau. Ao atingir Enoc a fase de sua vida em que vencera tôda falta, o Senhor “para Si o tomou”. Ao seguirmos em tôda Bíblia o pensamento da indiferença, torna-se-nos evidentíssimo que ela é uma doença de que o pecador precisa purgar-se. Só Deus é capaz de auxiliar-nos a regular a nossa experiência cristã de forma tal que fixemos inteiramente nÊle os nossos desejos. Êle reivindica como Seus os Seus filhos e, na figura de um passo bem conhecido, está “casado” conosco. Onde quer que os filhos de Israel se imiscuíssem com os elementos do mundo, quebra­vam o seu compromisso matrimonial com Deus. Neste sentido Êle Se considera um Deus zeloso, que exige de nós fidelidade integral.

Como denominação, nossa interpretação de “faltoso” em geral significa que os que nalgum tempo se identificaram conosco na comunhão da igreja, não mais adoram a Deus juntamente conosco. Por qualquer motivo perderam o interêsse em nossas doutrinas ou arrefeceram na comunhão que conos­ co mantinham. Os Adventistas do Sétimo Dia só mantêm em suas listas membros praticantes. Ao serem conferidas as nossas listas de membros, sen­ timos dizê-lo, alguns precisam ser classificados como relapsos. Entre êsse número poderão estar aquêles a quem foi concedido um período de graça, de sorte que a comissão da igreja não concorda com eliminá-los.

Concordamos plenamente com que devamos esforçar-nos em favor dêsses membros extraviados. Nunca deveriamos eliminá-los sem exaurir todos os nossos esforços para repô-los no redil. Êsse trabalho não está afeto a qualquer oficial da igreja; os que são “espirituais”, como diz Paulo em Gál. 6:1, devem ser convocados para essa tarefa delicada e importante. Tampouco deverá ser um trabalho feito à pressa, pois os problemas criados com a sua falta são como fios emaranhados que precisam ser desenredados e emendados. Em geral, êsse trabalho é laborioso, e não raro causa muito dissabor ao obreiro que tenta estabelecer melhores relações entre os desafectos e a igreja.

Problemas da Observância do Sábado

Embora haja os que têm trilhado distante das veredas dos Adventistas sem experimentar dificul­ dades na observância do sábado, muitos outros há que têm suportado duras provas antes de finalmen­te abandonar a guarda do verdadeiro dia divino de repouso. Êstes nunca deverão ser ralhados. O obrei­ ro que visitar os membros dêste grupo precisará ser muito simpatizante e compreensivo, embora sufi­ cientemente corajoso para prosseguir apontando às normas divinas, como ensina a Palavra. Essas normas não podem ser abaixadas; o crente fraco precisa ser ajudado a atingir um nível mais elevado do que a fôrça humana possa indicar que é possível. Êle precisa aprender a arrimar-se em Cristo, em cuja fortaleza poderá fazer “tôdas as coisas”. Não existem problemas referentes ao sábado para os quais Jesus não haja tomado providências. A vitória da guarda do sábado foi ganha no Calvá­ rio. Muitas vêzes é-nos preciso ajudar as pessoas a vencerem os seus desenganos, assegurando a nós mesmos, como obreiros, que existe um caminho pelo qual tôda alma que trilha é capacitada para observar o sábado, tal como Deus quer que o seja. Então é que precisamos ensinar ao duramente castigado uma lição de fé e confiança.

Perseguições

Sem dúvida há mais perseguição pelo amor à verdade, do que o imagina a maioria dos membros da igreja. As circunstâncias que resultam em perseguição ainda não atingiram os adventistas em geral. Os oficiais de igrejas que possuem pacíficas casas próprias bem como invejáveis privilégios na igreja dificilmente perceberão os embaraçantes problemas dos novos conversos. Valerá a pena que o visitante mantenha espírito razoável e busque, de maneira compreensiva, aplicar o bálsamo acertado a êsses corações atribulados. A perseguição acres­ centará fôrças a êsses caracteres provados. Não é tanto de piedade que necessitam, mas, de inspira­ ção e animação. Essas almas provadas precisam relacionar-se com as preciosas promessas da Palavra de Deus. Ao serem elas aplicadas pessoalmente, as provações perderão intensidade, e segurança e paz lhes encherá o coração.

Confusões Doutrinárias

Alguns crentes novos gostam de andar em busca de doutrinas novas; gostam de pensar que andam por tôda parte e provam os pastos de pastagens distantes. Uma vez confundidos poderão ser ilu­ didos pelas palavras enganosas de Satanás e por suas mais recentes aventuras. Essas pessoas deverão receber a visita do evangelista que lhes ministrou os primeiros estudos doutrinários. Se êsse obreiro por qualquer motivo não puder atingir essa alma confundida, outro obreiro experimentado deverá assumir a responsabilidade. Isso faz parte das nos- sas obrigações ministeriais e, ao irmos na fortaleza do Senhor, nada devemos temer. As mais das vê­zes uma visita — cuja perspectiva é desagradável — terminará com a vitória da verdade. A tarefa não deve jamais ser desprezada, pois quanto mais cedo o confundido e estraviado fôr atingido, melhor será para o seu futuro.

Desentendimentos na Igreja

Dificilmente esperamos que haja desentendimen­ tos entre os membros da igreja, e talvez deixamos de prevenir, como deveriamos, as dificuldades na igreja. Deve ser lembrado, porém, que, conquanto seja a igreja de Deus, ainda lhe falta a perfeição. Seus elementos humanos produzirão em seus membros aborrecimentos e desapontamentos. Palavras ásperas e desentendimentos podem necessitar de serem tratados por pessoas cuja vida já está em linha mais reta. O membro ofendido pode estar ferido e sofrendo; portanto, não use de provocação. Será caridoso e oportuno ouvi-lo com paciência.

Se a pessoa que está promovendo a reconciliação desviar com cuidado as perguntas, do ofendido para o Cristo perfeito, o Espírito de Deus suprirá um bálsamo, embora haja sido profundíssima a ferida feita. As feridas doem, e quem tem a in­cumbência de fazer os curativos bem fará com proferir palavras de confôrto durante o processo doloroso do tratamento. O bisturi do Espírito pode já haver sido aplicado, mas algumas vêzes é neces­ sário aliviar a dor e afrouxar a pressão. Um pouco de arejamento da ferida pode abreviar-lhe a cura. O primeiro tratamento pode vir a ser o comêço dum mais extenso processo de cura.

O buscar a fonte da dificuldade ajudará a evitar outra ocorrência de arrefecimento na fé. Mas las­timar o ofendido, ou condenar o ofensor, apenas torna mais determinado o ofendido a continuar a chamar a atenção para si próprio. O povo precisa aprender que a igreja tanto é um hospital como um farol.

Pedro faz referência aos membros da igreja como “pedras vivas”. Nas vagas e convulsões do oceano, pedras de todo tipo e tamanho roçam umas contra as outras. A fricção dessas pedras lhes modificará a aparência, mas o efeito da água auxiliará o processo de alistamento. Se a pedra atingida pu­ desse falar, talvez se queixasse de procedimento assim penoso, mas o Deus que tanto dirige os mo­ vimentos do mar, como a vida de Seus filhos, nos assegura em Sua Palavra que essas sacudiduras nas vidas humanas são tôdas para o nosso bem. Nossos deveres pastorais requerem que ajudemos a pessoa sensitiva a submeter-se humildemente ao método divino de polimento, a fim de que, a seu tempo, sirva de pedra de ornamento no templo divino do Céu.

Deveras, a tarefa da reconciliação de pecadores e o auxílio que se lhes presta na formação do cará- ter para a eternidade é um trabalho delicado. A prevenção de que nossos membros arrefeçam na fé é a obra de arte de um amoroso pastor. Oxalá nos conceda Deus a medida ampla do poder do Seu Espírito Santo e use o ministério dêste grande Movimento Adventista para pôr fim ao presente desapontamento causado pelo arrefecimento dos seus membros!