Com desagradável surpresa, recebi a notícia de que um jovem amigo meu, Concluinte do curso de medicina, filho de pastor, encontrava-se internado num hospital. A informação do diagnóstico de câncer deixou-me chocada. Senti a necessidade de visitá-lo, mas ao mesmo tempo fiquei apreensiva quanto ao que deveria falar naquela situação. Como deveria me comportar? Certamente seria um momento delicado e constrangedor.

Alguns ministros com os quais tenho conversado confessam que sentem o mesmo conflito. Diante da necessidade de realizar uma visita, hospitalar, preparam sua agenda, selecionam alguns versos bíblicos e se programam para uma visita extremamente rápida. Junto ao leito do enfermo, tecem alguns comentários, fazem uma oração e se despedem com a justificativa de que têm outros compromissos. Pronto. Agenda cumprida. E lá ficou o paciente, às vezes, com desejo de algo mais. Provavelmente, o de que ele mais precisava era alguém com quem pudesse desabafar suas necessidades mais prementes, falar de problemas existenciais como a ansiedade, o medo, culpa, insegurança, solidão, depressão, dúvidas quanto ao futuro.

Levando-se em conta que as doenças são psicossomáticas, é importante que tenhamos uma visão global de cada paciente, a fim de ministrar-lhe os cuidados que realmente produzam o efeito necessário. Segundo a capelã Eleny Vassão, “em cada doença existe um componente emocional, causado por um problema espiritual. Cada paciente é uma pessoa integral: bio-psíquico-social-espiritual, e todas essas facetas estão intimamente interligadas; quando uma é afetada, a outra também o é”.

Pensando em ajudar a tomar mais eficaz seu ministério de assistência a enfermos, enumeramos a seguir algumas sugestões destinadas a viabilizar esse objetivo.

Requisitos do visitador

É indispensável que o ministério da visitação hospitalar seja desempenhado por indivíduos realmente capazes de fazê-lo. Por isso, algumas características pessoais devem ser consideradas:

* Rica experiência pessoal de conversão a Cristo.

* Amor a Jesus e às pessoas.

* Vocação para o trabalho.

* Motivação correta.

* Personalidade agradável, amável, cativante.

* Paciência.

* Controle das próprias emoções.

* Boa saúde física e psicológica.

* Humor estável.

* Tato e profundo respeito às opiniões religiosas e divergentes.

* Perseverança.

* Confiabilidade, capacidade de guardar confidências.

* Boa aparência pessoal.

* Dar tempo e atenção ao paciente.

* Empatia (identificar-se com o paciente).

* Discrição e ética.

  • * Sensibilidade (à pessoa e ao ambiente).
  • * Evitar intimidades.
  • * Saber evangelizar.
  • * Saber ouvir.

A presença certa

Ao visitar um doente:

  • * Telefone antes.
  • * Não se assuste com o que você talvez tenha de encarar.
  • * Ouça com o coração.
  • * Não receie tocar na pessoa, se for o caso.
  • * Aceite os sentimentos do paciente.
  • * Ofereça ajuda prática.
  • * Seja breve.
  • * Dê seguimento à visita, através do telefone.

Arte de ouvir

Existe um poder terapêutico no ato de ouvir. Muitos pacientes precisam de alguém com quem possam compartilhar os sentimentos, aliviando suas tensões. Seja mais ouvinte do que falante, lembrando do conselho de Salomão: “Responder antes de ouvir é estultícia e vergonha.” (Prov. 18:13).

* Não interrompa a conversação.

* Não desvie o seu olhar.

* Valorize os sentimentos dos outros.

* Não procure competir com a história do paciente.

* Não critique.

* Faça perguntas apropriadas. Anime o paciente a continuar a conversa, se suas condições o permitem (“Que aconteceu depois?” ou “Como você se sentiu?”).

* Não discuta.

Cuidados

Há algumas precauções que devem ser tomadas durante uma visita a um paciente internado:

* Tenha as mãos sempre limpas antes de qualquer contato.

* Informe-se a respeito do estado do paciente.

* Respeite os avisos de proibição e horário de visitas.

* Antes de entrar, bata cuidadosamente à porta.

* Apresente-se ao paciente, evitando apertar-lhe a mão. Você está chegando da rua, trazendo, por certo, algumas impurezas.

  • * Coloque-se numa posição confortável para a visão do paciente. Não sente na cama.
  • * Evite fazer muitas perguntas.
  • * Não discuta assuntos médicos, nem dê notícias tristes.
  • * Não se mostre insultado ou irritado.
  • * Não fale de problemas pessoais.
  • * Não demonstre sentimentos negativos.
  • * Não dê água, alimento ou remédios.
  • * Não faça “sermões”.
  • * Dê atenção a todos na enfermaria, concentrando-se naquele com quem você deseja conversar.
  • * Não fique cochichando com outras pessoas no quarto.
  • * Fale em tom normal, durante a leitura do texto bíblico ou a oração.
  • * Mantenha os segredos profissionais.
  • * Respeite a prioridade do relacionamento paciente-médico.
  • * Respeite o horário de sono ou refeição.
  • * Quando a atitude a ser tomada for de competência exclusiva dos profissionais de saúde, tenha a permissão, de preferência, por escrito.
  • * Não catequize.
  • * Evite exemplos negativos envolvendo outros enfermos.
  • * Seja breve.

Tratamento intensivo

  • * Comunique-se por tocar ou apertar a mão de pacientes que estão no respirador artificial.
  • * Cuide com o que fala com outras pessoas no quarto. Mesmo pacientes em coma podem ouvir o que está sendo dito.
  • * Combine com o pessoal da enfermagem, antes de entrar para ver o paciente.
  • * Não se demore no quarto.

Lembre-se: “Visitar os enfermos, confortar os pobres e os tristes, por amor de Cristo, trará aos obreiros os brilhantes raios do Sol da Justiça, e até o semblante expressará a paz que vai no íntimo da alma.” (Medicina e Salvação, pág. 252). No dia final, “então dirá o Rei: … Vinde benditos … Estive enfermo e Me visitastes … Sempre que o fizestes a um destes Meus irmãos, mesmo dos mais pequeninos, a Mim o fizestes.” (Mat. 25:34 a 40)