A Bíblia relata inumeráveis histórias e Urias. Histórias de amor entre humanos, dos mais variados matizes. Histórias que descrevem os mais diferentes sentimentos que se assentam na alma humana. Algumas pintando tão grande crueldade, que dificilmente encontram paralelo na literatura secular, como é o caso de Davi e por outro lado, jamais podem ser comparáveis à de Cristo. Nessa linha de pensamento, poderiamos sustentar com exemplos bíblicos todos os tipos de literatura que o homem conhece. Então, perguntariam alguns, onde reside a diferença entre a Bíblia e a literatura secular?

Embora pareça surpreendente, a verdade é que a Bíblia não se interessa em contar simplesmente as histórias de José, Abraão, Daniel ou Ester. As Escrituras Sagradas reconhecem apenas uma história: “Houve peleja no Céu. Miguel e Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos.” (Apoc. 12:7).

Procurar na Bíblia apenas a história de um homem, significa algo muito superficial. É satisfatório somente quando é possível ver a história de Deus nesse homem. O que deve ser destacado e ressaltado são os princípios do caráter de Deus, não a passageira glória humana. A história é a história de Deus na frágil massa humana. A Bíblia não idolatra seus personagens. Ela faz ressaltar os resultados de toda e qualquer atitude tomada.

História pela história

O maior herói da Bíblia é Cristo. Dos homens, é dito, a glória é curta, secando-se como a erva. É muito frágil qualquer plano que descreva a história em glorificação do homem, considerando sua extrema debilidade. O motivo da história é a “Deus é revelado na Natureza; Deus é revelado em Sua Palavra. A Bíblia é a mais admirável de todas as histórias, pois é a produção de Deus, e não da mente finita. Faz-nos remontar através dos séculos ao início de todas as coisas, apresentando a história de tempos e cenas que de outro modo jamais teriam sido conhecidos. Revela a glória de Deus na operação de Sua providência para salvar o mundo caído. … A luz resplandece das páginas sagradas em raios claros e gloriosos, mostrando-nos a Deus, o Deus vivo, segundo é representado nas leis de Seu governo, na criação do mundo, nos Céus adornados por Ele”.1

glória de Deus. Segundo diz Ellen White “Deus é revelado na Natureza; Deus é re­velado em Sua Palavra. A Bíblia é a mais admirável de todas as histórias, pois é a produção de Deus, e não da mente finita. Faz-nos remontar através dos séculos ao início de todas as coisas, apresentando a história de tempos e cenas que de outro modo jamais teriam sido conhecidos. Re­ vela a glória de Deus na operação de Sua providência para salvar o mundo caído. … A luz resplandece das páginas sagradas em raios claros e gloriosos, mostrando-nos a Deus, o Deus vivo, segundo é representado nas leis de Seu tudo o que não tem a Deus como seu fundamento. Apenas o que se liga ao Seu pro­pósito e exprime Seu caráter, permanece­rá. Seus princípios são as únicas coisas firmes que o mundo conhece. São estas grandes verdades que velhos e jovens necessitam aprender. Precisamos estudar a realização dos propósitos de Deus na história das nações.”2

Deus é o grande “Eu Sou”, o Alfa e o Ômega de toda e qualquer história. NEle começa e termina a história. Em todos os seus lances é encontrado o caráter de governo, na criação do mundo, nos Céus adorna­ dos por Ele”.1

O absoluto

Quem fez e executou tudo isso?

Aquele que desde o princípio tem chamado as gerações à existência, Eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos Eu mesmo.” (Isaías 41:4).

Não existe aqui o menor sinal de relatividade. Esse texto é absoluto. Em Deus tudo começa, e nEle tudo deve culminar. Isso é tão verídico quanto a história. A história de qualquer homem começa em Deus e deve terminar em Deus. Só Ele é. “Assim [como Babilônia pereceu] perece tudo o que não tem a Deus como seu fundamento. Apenas o que se liga ao Seu propósito e exprime Seu caráter, permanecerá. Seus princípios são as únicas coisas firmes que o mundo conhece. São estas grandes verdades que velhos e jovens necessitam aprender. Precisamos estudar a realização dos propósitos de Deus na história das nações.”2

A história de qualquer homem começa em Deus e deve terminar em Deus. Só Ele é.

Não existe aqui o menor sinal de relatividade. Deus é absoluto.

Deus é o grande “Eu Sou”, o Alfa e o Ômega de toda e qualquer história. NEle começa e termina a história. Em todos os seus lances é encontrado o caráter de Deus, quer incentivando e fortalecendo o homem para uma boa ação, quer concedendo vida e saúde mesmo ao maldoso, permitindo-lhe desenvolver seu caráter pervertido. Não há história senão a que está relacionada com a história de Deus.

“A profecia revela a gloriosa verdade que a história do mundo não é outra senão a história da redenção do mundo. … Quando a Rocha da História é ferida pela vara da profecia, jorra água viva. Tal é sempre necessária e refrescante. Sempre brilha na mente instruída a sagrada verdade – Deus está em Cristo reconciliando o mundo; e Cristo é, na História, seu Alfa e Ômega, seu começo, centro e fim.”3

No grande absoluto está a realidade da história humana. NEle a história humana se toma real. “Por entre contendas e tumultos das nações, Aquele que Se assenta acima dos querubins ainda dirige os negócios da Terra. … A cada nação, a cada indivíduo de hoje, Deus tem destinado um lugar no Seu grande plano.”4

Despertando interesse

Uma história para ser interessante precisa ter algo mais que lances empolgantes. Ela deve estar relacionada com a pessoa. E quanto mais relacionada com o indivíduo, mais interessante é para ele. A notícia de 20 mil mortes em um país estranho não sensibiliza tanto uma pessoa quanto a morte de sua tia. E, por vezes, uma forte dor de dente causa ainda maiores reações no indivíduo. Quanto maior a sua relação com a história, maior seu interesse nela. A descrição cuidadosa que faz um alfaiate sobre as dificuldades que teve para pregar a manga de um paletó, não causa a menor sensação em quem não tem o mínimo conhecimento dessa arte. É empolgante, no entanto, para quem conhece a profissão.

Esse mesmo fenômeno ocorre com a história. Ela é como uma pequena engrenagem que trabalha em função de uma grande maquinaria. Enquanto a vida de alguém gira, está impulsionando outras. A história de uma pessoa não existe separada dos semelhantes. Direta ou indiretamente, em grande ou pequena intensidade, a vida de qualquer um está influenciando a vida de todos os demais. Deus é o grande Alfa, a força motriz que dá o impulso para qualquer atitude. Ninguém gira nesta grande maquinaria por si só.

A história é registrada com o objetivo de mostrar nessa relação homem-homem, a grande dependência que têm todos os homens de Deus. Todo o complexo move-se pela energia que vem de fora e trabalha por um objetivo superior. Assim todo homem se move pela força que existe em Deus, e tem por objetivo exaltar o Seu caráter. A história do mecanismo humano deve interessar a cada ser, porque ela está relacionada com ele, e o grande elo de ligação é Deus. Assim, a história de Abraão é importante para você, porque lhe afeta, uma vez que revela o caráter de Deus. A sua história é importante porque revela a história do seu Deus. Sua história está intimamente relacionada com a do seu irmão, mas não tanto quanto está ligada com Deus.

A história é história porque está dentro da história de Deus. Sem a história de Deus não há história. A história de alguém é retratada não por causa deste alguém, mas por causa de Deus. O caráter de Deus é a grande revelação de toda e qualquer história.

A história é história porque está dentro da história de Deus. Sem a história de Deus, não há história. O caráter de Deus é a grande revelação de toda e qualquer história.

A realidade única

A realidade da história do homem na história de Deus não minimiza a personalidade humana, antes a fortalece. “Sem Mim nada podeis fazer”, disse Jesus. Essa é outra passagem que deve receber mais atenção de todos os estudiosos das Escrituras Sagradas e que tem aplicação absoluta.

Na vida comum, freqüentemente alguém recebe autoridade de outrem para cumprir alguma tarefa. Se, quando o servo está cumprindo alguma ordem, é interpelado por que o faz, responderá fazendo menção do senhor que lhe deu autoridade. Às vezes, nesse momento, quem interrogou, começa a julgar o direito da autoridade mencionada. Se o senhor real-mente possui autoridade, o servo também a terá; mas se o senhor não a possui, o servo tampouco a terá. A autoridade do servo é aquela que lhe foi legada pelo senhor.

Semelhantemente, enquanto Deus tem história, o homem também possui. A história do homem está em Deus, assim como a vida humana está em Deus. História é vida, vida é Deus. Na história, há o encontro de Deus, você e seu irmão. Se na história que alguém faz, escreve lê ou ensina esses três não se encontram, faz-se história sem receber seus benefícios.

No Universo só há uma história – a história de um Deus de amor. Essa é a história que está atrás de cada história. Há uma história atrás de cada conquista humana, na vida econômica, familiar, profissional, social, política e religiosa. É a história da luta entre Deus e Satanás, na qual se destaca o amor salvador do Pai celeste. Ele é nossa vida e nossa história.

Referências:

  • 1. Ellen White, Fundamentos da Educação Cristã, pág. 109.
  • 2. ________, Educação, pág. 183.
  • 3. H. Grattan Guinness, The Divine Program of the World’ s History, Londres, 1989; págs. 3 e4.
  • 4. Ellen White, Educação, págs. 237 e 238.