O que vossa congregação crê a vosso respeito determinará, até certo ponto, quão bem sucedidos sereis em comunicar algo para eles. Neste artigo são apresentadas quatro maneiras pelas quais podeis realçar a percepção de vossa congregação.
Kenneth R. Prather — Pastor da Community Bible Church, Colfax, Washington.
Phillips Brooks definiu a pregação como “transmitir a verdade por meio da personalidade”. Como outras autoridades em homilética e comunicação, Brooks compreendia que num sermão, para que ele seja persuasivo, não somente a mensagem é importante, mas também a percepção que a congregação tem do mensageiro.
Aristóteles, que foi um dos mais importantes pesquisadores da persuasão, asseverou que o caráter pessoal de um orador é o meio de persuasão mais eficaz que ele possui. Roger Nebergall, ex-presidente do Departamento de Comunicação da Universidade de Illinois, afirma que numa situação retórica o discurso é de menor importância; a pessoa que profere o discurso e a atitude do auditório para com ela são fatores mais significativos na persuasão.1 Mais de cem estudos científicos confirmam a teoria de que a imagem do orador tem considerável efeito sobre a comunicação.
Por conseguinte, se nós, como pregadores, queremos persuadir as pessoas a aceitarem a Cristo e a doutrina cristã, é sumamente importante que tenhamos uma boa imagem. Naturalmente, não temos completo controle sobre o que nossa congregação crê a nosso respeito; não obstante, quatro elementos intensificarão sua percepção a nosso respeito, aumentando assim nosso poder de persuasão. Ei-los: fidedignidade, competência, boa vontade e poder.
Se um não confia no outro, não pode haver genuína comunhão. Muitos personagens políticos estão tendo dificuldade para levar as pessoas a acreditarem neles porque a atitude do público para com os políticos faz com que tudo que eles dizem seja encarado com suspeita. A pessoa em quem não se confia não pode ser uma testemunha fidedigna. A importância da fidedignidade pode ser vista na recomendação de Paulo para que Timóteo manejasse corretamente a Palavra de Deus e em sua declaração de que o centro de sua própria pregação era “Jesus Cristo, e Este crucificado”, ao contrário dos oradores e sofistas cujo principal interesse era a produção de palavras (ver II Tim. 2:15 e I Cor. 2:1-5).
Para o pregador a fidedignidade também abrange crer e viver o que ele proclama. O conselho de Paulo ao jovem pastor, Timóteo, novamente é apropriado: “Ordena e ensina estas coisas. … Torna-te padrão dos fiéis, na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza.” I Tim. 4:11 e 12. W. M. Mac-Gregor nos traz à lembrança que um homem não é um pregador devido a alguma forma exterior, pois, como diz o ditado latino: “O hábito não faz o monge”.2
O segundo elemento para conseguir uma boa imagem é a competência. A congregação logo perde o respeito e o interesse quando percebe que o pregador não conhece aquilo sobre que está falando porque não examinou profundamente o assunto, não tem experiência ou não revela integridade intelectual e bom senso.
No âmbito da competência, podem ser apresentadas duas razões para a falta de interesse nos sermões hoje em dia. Primeira: em vez de explicar e aplicar a Palavra de Deus, numerosos pregadores gastam muito tempo em política, sociologia e psicologia — setores em que seus auditórios não os consideram peritos (nem esperam que o sejam). Segunda: o pregador talvez não dedique suficiente tempo e erudição a seu sermão.
Boa vontade é o terceiro elemento que realça a imagem do indivíduo. Ocorre quando o orador se identifica com sua congregação e partilha com ela interesses, sentimentos e crenças comuns, bem como genuíno amor e respeito. Indelicadeza, aspecto empertigado, ou intimidar um auditório, prejudicam grandemente o poder de persuasão de um orador.
O pastor local, embora não seja um gênio no púlpito ou grande orador, pode, por meio de sua solicitude pastoral, desenvolver boa vontade entre ele e sua congregação, de modo que seu povo o escute de bom grado. O coração fala ao coração.
Enquanto freqüentava o seminário em Illinois e pregava numa cidadezinha dessa região, presenciei um incidente que me mostrou a necessidade de boa vontade para que haja persuasão. Um pastor local a quem coube pregar o sermão de formatura da escola secundária, não quis permitir a presença de nenhum outro ministro da comunidade na plataforma junto com ele. Se esse pregador mais tarde quisesse persuadir-me a aceitar a doutrina de sua igreja, seus esforços teriam sido inúteis. Porque ele se afastou de mim.
O quarto elemento que realça a imagem do orador é o poder. Tiago A. Winans, o qual por quarenta e quatro anos lecionou oratória em tais faculdades como Cornell, Darmouth e a Universidade de Missuri, disse: “Por mais que o orador careça de bondade, raramente será considerado fraco. O orador é um líder, e pessoas fracas não dirigem.”
O apóstolo Paulo foi um poderoso pregador. Ele sabia que Deus o chamara para pregar (ver Gál. 1:15 e 16) e esse senso do chamado revestiu seu ministério de dignidade. Dignidade pessoal e da função exercida tem poderosa influência sobre o auditório. Ele também sabia o que acreditava e por quê. O poder se baseia na entrega e na convicção. A necessidade de poder na pregação pode ter sido a razão por que Paulo recomendou que Timóteo não fosse tímido e que Tito não deixasse que alguém o desprezasse (ver II Tim. 1:7; Tito 2:15).
Na próxima vez que estiverdes perante a vossa congregação lembrai-vos da definição de pregação feita por Phillips Brooks: “Transmitir a verdade por meio da personalidade.” Falareis tanto pelo que sois como pelo que dizeis.
1. James L. Golden, Goodwin F. Berquist e William E. Coleman, The Retoric of Western Thought, 2? edição (Dubuque: Kendall/Hunt Publishing Co., 1978), pág. 219.
2. W. M. MacGregor, The Making of a Preacher (Londres: S. C. M. Press Ltd. 1954), págs. 33-46.
3. James Albert Winans, Public Speaking, ed. revista (Nova Iorque: The Century Co., 1921) pág. 124.