Todas as questões com que nos defrontamos giram em torno da adoração: A quem devemos servir? A quem constituiremos soberano da nossa vida?
O certo sempre será certo, mesmo que ninguém o faça.” Essa foi a resposta de um aluno, quando propus que todos escrevessem sobre algo que sempre ouviram a mãe dizer. Isso pode ser muito claro para os adultos e, para quem é cristão, muito mais. Afinal, procuramos viver de acordo com os princípios bíblicos que sempre e em qualquer situação nos apontam o incontestável. O perigo se encontra nas filosofias alojadas na sociedade e que, às vezes, conseguem se infiltrar na igreja causando muitos males.
Por exemplo, filosofias como a da época do Iluminismo,1 segundo a qual somos responsáveis por criar nossos próprios modelos ou padrões de vida e estes, por sua vez, não são absolutos; tudo depende das exigências da vida. Desse modo, muito do que tem sido defendido durante anos perde paulatinamente seu valor. Em outros momentos, esses temas são tidos como questões polêmicas ou culturais, carecendo de avaliação criteriosa em determinadas circunstâncias. Um exemplo claro é a adoração.
O melhor para Deus
A palavra adoração se refere ao respeito e reverência ao que é digno. E quem poderia ser mais digno de honra do que Deus? De acordo com Rick Warren, adoração “é expressar o nosso amor por Deus, por quem Ele é, pelo que Ele disse e pelo que está fazendo”.2 Se observarmos a maneira de culto de nossos pais, podemos abstrair lições importantes. Apesar de aparecerem diferentes instâncias relacionadas à adoração na Bíblia, muitas vezes a ênfase recai sobre a adoração congregacional. Cada reunião era precedida por muito preparo, era de suprema importância que todos os participantes estivessem cônscios de suas responsabilidades. Por ocasião do Yom Kippur, por exemplo, algumas minúcias não podiam ser desconsideradas: a sensibilidade da nação ante o pecado, a roupa do sacerdote, o ritual sacrifical, a entrada no templo, o cântico final de júbilo pela certeza do perdão. Perceba que, para cada item, o próprio Deus deixou revelada a Sua vontade. Tudo era feito com perfeição para Aquele que é perfeito; nada era negligenciado. Isso nos diz muito sobre a maneira pela qual devemos reverenciar Deus, e quais são as características da genuína adoração.
“O modo de nos apresentarmos diante de Deus e dos homens deve revelar a veracidade bem como a ação do evangelho em nossa vida”
A Bíblia nos diz que somos templos do Espírito Santo: “Não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (1Co 3:16). A menção de um templo logo nos traz à mente a imagem de um lugar bem adornado, limpo, organizado, em que se ouvem cânticos e palavras vivas. É certo que existem templos que mais parecem sepulcros caiados: são frios, vazios e escuros. Porém, o texto bíblico se refere ao primeiro caso, onde Deus habita, e desse podemos considerar preciosas lições.
Santuários atraentes
Se somos templos do Espírito de Deus, independentemente do momento ou do lugar, estamos constantemente na presença do Deus vivo. E essa percepção nos leva a uma experiência de adoração sincera e constante. Não é apenas algo espasmódico ou inconstante, apenas no local de reuniões, como muitos parecem imaginar. Nossa vida se torna um cheiro suave que ascende ao Céu. A esse respeito, encontramos, no livro Mensagens aos Jovens, a seguinte afirmação: “A verdadeira reverência para com Deus é inspirada pela percepção de Sua infinita grandeza, e de Sua presença. Com essa percepção do Invisível, todo coração deve ser profundamente impressionado”.3 Assim, é necessário que avaliemos a cada instante nosso proceder, nosso falar e pensar. Afinal, o Espírito está em nós.
O modo de nos apresentarmos diante de Deus e dos homens deve revelar a veracidade bem como a ação do evangelho em nossa vida. Assim como, nos tempos bíblicos, acontecia com a vestimenta dos ministros de Deus, o que vestimos deve representar simbolicamente a Cristo. Deve haver modéstia e gosto apurado, levando sempre em consideração aquilo que agrada a Deus, pois é Ele quem deve estar em evidência.
Em nossos dias, a questão cultural é muito enfatizada, porém, esse é um ponto em que devemos ter muito cuidado. Deus não Se agrada das tradições humanas contrárias ao Seu querer. Sua Palavra nos alerta contra o perigo de seguirmos preceitos humanos em detrimento do “assim diz o Senhor”. A voz do povo longe está de ser a voz de Deus e, nesse sentido, o melhor caminho é seguir o conselho bíblico: “seja, porém, o homem interior do coração, unido ao incorruptível trajo de um espírito manso e tranquilo, que é de grande valor diante de Deus” (1 Pe 3:4).
“Os cristãos devem seguir a Cristo, e harmonizar seu traje com a Palavra de Deus. Devem evitar os extremos e seguir humildemente uma orientação coerente, independentemente de aplauso ou censura, e devem apegar-se ao que é correto justamente por ser correto.”4
O poder do louvor
O louvor é um dos meios mais eficazes para impressionar a mente com as verdades bíblicas. Onde quer que haja verdadeiro louvor, há paz e harmonia. Em quaisquer circunstâncias, o coração do cristão necessita estar sempre envolvido com música boa e agradável. Dessa forma, haverá renovação de pensamentos, bem como serão eliminadas da alma a tristeza e a amargura, dando lugar a ações de graças a Deus. Nossa vida será mais feliz, se for um louvor. É assim que comunicaremos a outros a quem pertencemos e seremos envolvidos numa atmosfera celestial. “Exultai, ó justos, no Senhor! Aos retos fica bem louvá-Lo!” (Sl 33:1). Quando o louvor é autêntico, a presença de Deus é certa, “o coração pode ascender para mais perto do Céu nas asas do louvor”.5
Em tempos tão perigosos como é o tempo em que vivemos, precisamos ser sóbrios e conhecedores de todas as coisas que tentam se alojar em nossa vida, a fim de minar a influência do Espírito Santo de Deus. Não podemos nos esquecer das armadilhas que o inimigo de Deus tece para nos atrair. Jamais devemos ceder aos princípios do mundo, cujo principal objetivo é desviar nossa atenção daquilo que é puro, agradável, virtuoso e bom. Não nos enganemos: todas as questões com que nos defrontamos giram em torno da adoração: A quem devemos servir? A quem constituiremos soberano da nossa vida?
Como líderes da causa de Deus, necessitamos estar conscientes de nosso papel como templos do Espírito Santo, bem adornados, emissores de louvor. Assim, todos os que se aproximarem de nós verão o poder de Deus atuando em nossa vida e serão influenciados por essa atmosfera bendita.
Referências:
- 1 Colin Brown, Filosofia e Fé Cristã (São Paulo, SP: Edições Vida Nova, 2001).
- 2 Rick Warren, Uma Igreja com Propósitos, (São Paulo, SP: Editora Vida, 2005), p. 235.
- 3 Ellen G. White, Mensagens aos Jovens, p. 251.
- 4 Ibid., p. 350.
- 5 Ellen G. White, Caminho a Cristo, p. 104