Esta é a última parte de nossa análise dos Sete Sinais Vitais das igrejas que crescem, segundo Wagner. Tendo já comentado os primeiros sinais, veremos agora os três últimos.
Quinto sinal vital: Unidades homogêneas.
O quinto sinal vital das igrejas que crescem, diz: “Uma congregação saída principalmente de uma unidade homogênea”. Em-bora seja certo que este aspecto tenha sido o mais questionado do Movimento de Igre-crescimento com sede no Seminário Teológico Fuller, não entrarei nessa grande discussão. Como já disse antes, acho que esses princípios são ferramentas práticas que podem fazer crescer a Igreja Adventista e qual-quer outra em qualquer lugar da Terra.
Um bom início me parece ser a clássica declaração sobre este assunto, de Donald McGavran: “As pessoas querem tornar-se cristãs sem transpor barreiras raciais, lingüísticas ou de classes.” George G. Hunter III, professor de Crescimento de Igreja e Evangelismo na Escola da Missão Mundial E. Stanley Jones do Seminário Teológico Asbury, mostra como este princípio das unidades homogêneas funciona muito bem, ao relatar o caso de um jovem convertido, chamado Ditt, e como por seu intermédio toda a sua parentela se converteu. Essa casta dos Chuhras, Índia, até aquele momento havia sido muito resistente ao evangelho. Depois, ao ser o evangelismo feito em seu estilo e por um “dos seus” a situação mudou radicalmente.
Schaller, especialista em crescimento de igreja e grande escritor sobre o tema, diz que o princípio das unidades homogêneas foi usado com êxito durante mais de 200 anos nos Estados Unidos e Canadá. Muitas igrejas, nesses países, desenvolveram-se, em grande parte, em grupos homogêneos (raciais, lingüísticos, classe, etc.). Como exemplo, temos a Igreja Metodista Suíça, a Igreja Metodista Italiana, a Igreja Presbiteriana Húngara, etc.
Quando ouvi pela primeira vez que os irmãos de cor tinham suas igrejas separadas dos irmãos brancos e também de outros grupos étnicos, considerei isso um claro racismo anticristão. Pouco a pouco, porém, fui entendendo que não pode-mos aplicar o cristianismo retroativamente aos que ainda não estão convertidos e se estão aproximando da igreja. Este é um princípio de crescimento de igreja voltado para os não cristãos e que se aproximam de Cristo. Quando se aproximam de Cristo, estas pessoas preferem não precisar transpor outras barreiras.
Se você tiver uma igreja composta de membros brancos e pretos, é bem possível que as visitas em potencial não se aproximem, porque há brancos, e vice-versa. Dessa forma, ambos os grupos são prejudicados. Mais comum ainda é o caso de irmãos ricos e pobres. Muitas vezes temos ouvido dizer: “Não, não posso ir a essa igreja, não tenho roupa, essa é uma igreja de ricos.” Só que os ricos não vão dizer que não vão porque é uma igreja de pobres, mas a prova de que pensam dessa maneira é que é muito difícil um rico se converter por meio de uma igreja pobre. Agora entendo por que a congregação judaica de Basabilvaso, Entre Rios, Argentina, tinha nesse povoado elegante uma sinagoga para os pobres e outra para os ricos. Dessa forma, ambos os grupos se sentiam bem e sem pressões de espécie alguma.
Não estou dizendo que seja bom fazer distinção; estou dizendo que se deve facilitar às pessoas não convertidas o caminho para Cristo, e não dificultá-lo com outras barreiras desnecessárias. Uma congregação homogênea com estilo de adoração (pregação, música, ordem, etc.) de acordo com cada grupo social e/ou étnico, constituirá um apelo aos membros desse grupo homogêneo e as conversões serão em maior número.
Os teólogos sul-americanos têm sido os mais críticos dos princípios de crescimento de igreja do MCI, e especialmente do princípio das unidades homogêneas. René Padilla, por exemplo, argumentou que o princípio das unidades homogêneas não tem base bíblica. Contudo, na Consulta de Pasadena, sobre Unidades Homogêneas (L.C.W.E. 1978), declarou-se simplesmente que os fatos indicam que “a igreja cresce melhor quando é estabelecida entre grupos sociais étnica e socialmente homogêneos”. E isso é o que importa. Se esse princípio é um instrumento útil, deve-se usar sempre e quando não houver princípios bíblicos contrários. E não creio que o princípio das unidades homogêneas, entendido e visto da maneira correta, vá contra a Bíblia.
A Igreja Adventista tem conseguido ver maior progresso em suas igrejas, quando se levou em conta os grupos étnicos. Exemplo disso é a igreja de irmãos de cor Éfeso, em Los Angeles, Califórnia. Sob a direção de seu fundador Craig Dossman, essa igreja começou em 1980 com 50 membros, e em fins de 1989 havia atingido 735 membros. Após 10 anos de existência, ainda continua crescendo ao ritmo assustador de 31% ao ano, o mais alto da União do Pacífico. A título de comparação, o crescimento da Igreja Adventista mundial nesse mesmo período foi de 6,8% ao ano.
Depois de uma análise desse assunto, Dudley e Cumings, especialistas em crescimento da igreja adventista, aconselham a que a igreja continue focalizando uma evangelização especializada, levando em conta os pontos fracos e os fortes, e as peculiaridades de cada grupo étnico. Dessa forma, a igreja continuará crescendo cada vez mais.
Quando promovia o desenvolvimento adventista nas Repúblicas do Rio da Prata, o Pastor Vieira notou que este princípio das unidades homogêneas havia sido um fator importante na expansão da fé. Ele analisa de maneira apropriada os erros cometidos contra esse princípio e o retrocesso que trouxe ao crescimento da igreja. Por exemplo, muitas vezes perdemos bons irmãos dos bairros pobres da cidade, pedindo-lhes que freqüentem a igreja central da cidade com uma perspectiva totalmente diferente. Depois talvez nos lamentemos e encontremos “algumas razões” para essa apostasia. Mas, eram essas as causas?
Talvez tenhamos que aprender com nos-sos irmãos pentecostais não só sobre o uso de uma música mais de acordo com o contexto de cada grupo social, como também sobre a situação de seus templos. Eles têm a peculiaridade de colocar os seus centros de reuniões em locais onde as pessoas se encontram e com um estilo apropriado ao contexto. Por que pedir às pessoas que transponham outras barreiras culturais e sociais, quando já têm que lutar com a barreira que existe entre o mundo cristão e o não cristão? Facilitemos-lhes a aceitação do evangelho, e teremos não só um acréscimo em o número de conversões, como também um maior crescimento estável, porque as conversões serão mais duradouras. “As pessoas preferem tornar-se cristãs sem precisar transpor barreiras raciais, lingüísticas ou de outra espécie.”
Sexto sinal vital: métodos eficientes
O sexto sinal vital diz que as igrejas que crescem possuem “métodos evangelísticos que foram aprovados como eficazes em fazer discípulos”. Não importa o método, deve, naturalmente, ser cristão e eficiente em trazer pessoas a Cristo. McGavran relata a experiência de uma congregação em crescimento, cujo método era simples. Os membros só precisavam decorar textos bíblicos, saber o seu significado e explicá-los. Assim que a série bíblica era terminada, seus nomes eram anotados no mural da igreja, o que constituía certo status. Essa espécie de competição se tornou um símbolo dessa igreja. Os membros estimulavam seus parentes a participarem e a se juntarem à congregação. Depois de seis meses, duplicaram o número de membros; e no ano seguinte, tornaram a duplicar.
O importante, nesse ponto, não foi a sofisticação de algum método especial. O método era simples, mas eficaz, e estava unido a dois fatores muito fortes: o companheirismo de uma igreja amável e pastores com-prometidos com o crescimento. Todos estes elementos — simples, mas poderosos — juntos trouxeram aquele notável êxito.
Variedade de métodos. Muitas vezes temos pretendido colocar todos na mesma espécie de algum método que se tornou aceito ou no modelo de “meu método”, por várias razões.
Uma Associação adventista na Argentina ia tratar da transferência de um eficiente obreiro para outro Campo. A alegação para a transferência era que esse pastor simples-mente não trabalhava de acordo com o método do Diretor dos Ministérios da Igreja daquele lugar. O método daquele consagrado pastor era simples, mas eficiente em fazer discípulos. Contudo, alguns chegaram a achar que não servia; que era um obstáculo aos planos da Associação simplesmente porque não coincidia com suas estratégias. Os frutos apresentados por aquele pastor eram abundantes, e o seu plano indicava ser o melhor. Esse argumento foi pouco a pouco sendo percebido, até se chegar à conclusão de que “Fulano de Tal” continuava sendo de grande valor para o crescimento da igreja naquele Campo.
Em contraposição à mentalidade daqueles dirigentes, Oosterwal já havia descoberto em 1976 que a variedade de métodos da Igreja Adventista é um dos pontos fortes de seu crescimento contínuo dentro de uma amplidão de grupos sociais, culturais e educacionais. O mesmo fato foi comprovado em 1989, por Dudley e Gruesbeck, no estudo feito entre 219 igrejas da DNA. As igrejas adventistas que mais crescem naquela Divisão foram as que promoveram uma variedade de métodos.
Estabelecimento de novas igrejas.
Wagner acredita na variedade de métodos e no realce sobre os fatores que fazem a igreja crescer. Ao mesmo tempo, porém, tem repetido seguidamente: “A fundação de novas congregações é a melhor ferramenta para o crescimento eclesiástico.” Jim Montgomery, do programa “Dawn 2000: 7.000.000 de Igrejas”, acha que um dos métodos poderosos para fazer a igreja crescer é estabelecer novas congregações; por isso, seu objetivo de ter 7.000.000 de igrejas no ano 2000.
Um aspecto importante ao se estabelecerem igrejas é sua localização em relação com a densidade populacional. Já foi mencionado o caso do pouco crescimento da DNA, apesar de haver estabelecido muitas novas igrejas; seu problema, porém, foi não terem sido estabelecidas em zonas rurais, vilas e cidades pequenas. Verificou-se, por exemplo, que a igreja adventista a leste da DNA que tem menos igrejas urbanas e suburbanas cresce menos do que a igreja do oeste, onde há mais igrejas nas grandes cidades e subúrbios. Geralmente as igrejas adventistas crescem on-de é intensa a classe trabalhadora, e onde as pessoas se mudam e a cidade cresce.
Por conseguinte, o realce em estabelecer igrejas nesses centros responsivos e grandes concentrações de pessoas, trará um aumento de membros. Eis a proposta dos pesquisadores do crescimento adventista na DNA. Eles dizem expressamente que há necessidade de se estabelecerem mais igrejas nos grandes centros urbanos e suburbanos, onde a população está crescendo de forma vertiginosa.
Durante o programa “Mil Dias de Colheita” (1982-1985), na DSA (Divisão Sul-Americana), foi posto em andamento o “Plano Pioneiro”, que sugeria fundar novas igrejas a partir da unidade da Escola Sabatina que se separavam da igreja matriz. O resultado foi a conquista do objetivo de 1000 novas congregações, com um notável crescimento de novas igrejas. Segundo o Pastor Vieira, o estabelecimento de novas igrejas é um dos três grandes requisitos para o crescimento adventista na União Austral (Argentina, Uruguai e Paraguai); e ele continua propondo esse método como elemento-chave em seu futuro desenvolvimento.
O crescimento da igreja não é obra do acaso. É preciso ter bem claras as prioridades e fazer do crescimento um assunto no qual são focalizadas todas as atividades.
Concluímos, dizendo que os fatores que levam a igreja a crescer são mais importantes do que algum método “panacéia” que possa aparecer. Segundo, não importa o método, o importante é que seja eficaz em cada contexto em fazer discípulos para Cristo. Terceiro, os métodos devem ser variados, para que possam atingir um mundo diversificado no qual temos que viver. Finalmente, se devemos realçar especialmente um método, o estabelecimento de novas congregações parece ser o mais indicado, segundo o comprovam as viagens do apóstolo Paulo, a história do crescimento eclesiástico e os estudos modernos do crescimento da igreja.
Sétimo sinal vital: as prioridades da ordem bíblica
O sétimo e último sinal vital das igrejas que crescem, segundo Wagner, diz que as prioridades devem ser dispostas na ordem bíblica. Que significa isso? As prioridades são as seguintes:
Prioridade Um = Compromisso com Cristo.
Prioridade Dois = Compromisso com a Igreja de Cristo.
a. Primeiro: a família, a pequena igreja
b. Segundo: a igreja em geral
Prioridade Três – Compromisso com a obra de Cristo no mundo.
a. Primeiro: a evangelização
b. Segundo: o serviço social.
O crescimento da igreja não é algo que ocorre por casualidade. As igrejas que têm prioridades claras e fazem do crescimento um assunto no qual são focalizadas as atividades, são as igrejas que crescem. Por exemplo, Wagner diz que na medida em que as igrejas estão mais envolvidas na Ação Social (o que inclui aspectos políticos), ao invés de no Serviço Social, elas estarão sujeitas a controvérsias políticas, e seu crescimento diminuirá. Naturalmente, toda regra tem sua exceção, e este é o caso das igrejas de negros nos Estados Unidos.
O conselho de Wagner é escolher um ministério de Serviço Social e deixar a Ação Social para outras organizações. Tem sido esta a posição da Igreja Adventista. Acredito que pelo fato de ter a Igreja Adventista suas prioridades bem organizadas e claras, isso a tem ajudado e continuará ajudando a concentrar-se na missão e num elevado índice de crescimento.
É inútil alcançar o alvo de batismo, enquanto muitos membros não estão se integrando à missão e estão abandonando a igreja, como resultado de um desequilíbrio ou baixo nível nos sinais vitais.
Nesse ponto, a chave é o centro de atenção. As igrejas que dão prioridade à parte do serviço social sobre o evangelismo, não são as que mais crescem. Wagner diz que as igrejas que crescem “querem crescer e estão dispostas a pagar o preço para crescer”. Há muitos preços para crescer, e um deles é ter as prioridades de acordo com o modelo bíblico, sem permitir que eles se invertam. A Igreja Adventista não deve esquecer a história. Momento houve em que a obra médica, com o Dr. Kellog à frente, quis ficar em primeiro lugar. Ellen G. White foi o instrumento usado por Deus para orientar a igreja, fazendo ver aos dirigentes que nunca o braço direito (obra médica), por mais importante que fosse, devia ocupar o lugar de todo o corpo. Kelly, autor do livro Por Que as Igrejas Conservadoras Crescem, estabelece seis características de uma igreja conservadora: 1) Compromisso com os alvos do grupo. 2) Disciplina – disposição para obedecer. 3) Zelo missionário. 4) Absolutismo – crença em que “nós temos a verdade e todos os outros estão no erro”. 5) Conformidade – intolerância para com o que se desvia ou dissidente, e 6) Fanatismo – interesse especial em pregar sua mensagem em lugar de ouvir o que o mundo lhes diz.
De acordo com este parâmetro, descobriu-se que as igrejas mais radicais eram: 1) As Assembléias de Deus e 2) A Igreja Adventista. É interessante saber que, nesse período, a que mais cresceu foi a Assembléia de Deus, com 37%; e, em segundo lugar, a Igreja Adventista, com 36%. Também ficou demonstrado que, quando os membros notam que suas igrejas mantêm elevados padrões religiosos, quase não há apostasias. Se, como igreja, notamos que a centralização na prioridade do evangelismo nos traz mais conversões, e o senso de elevadas normas ajuda a diminuir a apostasia, na verdade teremos como resultado um aumento no crescimento líquido da igreja.
A igreja deve vigiar constantemente, para verificar em que direção vão as maiores quantidades de esforço, dinheiro e recursos humanos, para não permitir que as prioridades sejam apenas teóricas, enquanto na prática são totalmente ao contrário. Em relação com este assunto, creio que existe um perigo em alguns setores da obra adventista na DSA. Em alguns casos o evangelismo e a construção de igrejas es-tão recebendo exíguos meios, enquanto grandes somas são absorvidas por instituições que prestam serviço social.
Conclusão
Assim como o corpo humano tem quatro sinais vitais (respiração, pulso, pressão e temperatura), a igreja, segundo Wagner, também tem seus sinais vitais (o pastor, os membros leigos e seus dons, os serviços, celebração + congregação + célula = Igreja, as unidades homogêneas, os métodos e as prioridades). O corpo humano precisa ser checado de quando em vez em seus sinais vitais, para assegurar-se de seu bom funcionamento; embora aparentemente esteja crescendo, recebendo a correta alimentação e funcionando aparentemente bem. Da mesma forma, creio que os líderes de-vem examinar periodicamente o nível destes sinais vitais.
Nada vale ter um grande número de batismos, enquanto muitos irmãos não se estão integrando à missão e estão abandonando a igreja pela porta dos fundos, como resultado de um desequilíbrio ou baixo nível nos sinais vitais. Esse exame pode ser feito pela simples observação ou mediante uma pesquisa entre os membros da igreja e a comunidade que a cerca. Dessa forma, o resultado será um elevado nível de batismos, mas também um sólido e constante crescimento da igreja. Deus abençoe Sua obra em todo o mundo, para que ela chegue a todas as extremidades da Terra e Jesus possa vir logo.