Um século atrás, aqueles que aceitaram a mensagem da justificação pela fé experimentaram um reavivamento. Como pode sua igreja experimentar um reavivamento?
Por definição, reavivamento “significa uma renovação da vida espiritual, uma reanimação dos poderes da mente e do espírito, uma ressurreição da morte espiritual.”1
Como pode a Igreja Adventista experimentar o reavivamento? Que medidas práticas podeis tomar como pastor adventista para iniciar o reavivamento em vossa igreja?
Periodistas viajaram de Londres até Gales para dar notícia de primeira mão sobre os maravilhosos acontecimentos do grande reavivamento galés na passagem do século. Sobre esse reavivamento de Gales um deles perguntou a um policial onde estava localizado o Reavivamento Galés. Empertigando-se todo, o policial colocou a mão sobre o coração e disse orgulhosamente: “Senhor, o reavivamento galés está neste uniforme.”
Caso a minha igreja deva ser reavivada, devo sê-lo eu mesmo. A menos que algo aconteça comigo, não acontecerá muita coisa feita por meu intermédio! A não ser que Deus faça alguma coisa em meu favor, Ele fará pouco comigo. O reavivamento começará em nossas igrejas quando, como pregadores, clamarmos: “Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito reto” (Salmo 51:10). Enquanto nossos corações estiverem contaminados pelo pecado, não estaremos preparados para tomar parte no derramamento do Espírito Santo que Deus deseja enviar-nos.
Nos tempos bíblicos, quando Israel se desviava do ideal de Deus, Ele enviava profetas com mensagens diretas e candentes, que apelavam ao reavivamento. Num tempo de piedade exterior, mas de rebelião interna, o profeta Isaías clamou: “Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos Meus olhos; cessai de fazer mal. Aprendei a fazer bem; praticai o que é reto, ajudai o oprimido, fazei justiça ao órfão, tratai da causa das viúvas” (Isaías 1:16 e 17).
Cada apelo do profeta ao arrependimento, encerrava elementos semelhantes. Continha um chamado urgente para um retorno a Deus, combinado com um apelo prático ao arrependimento de pecados específicos que haviam interrompido aquele relacionamento. Oseias apelou bondosamente: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque Ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e a ligará” (Oseias 6:1).
O profeta Joel apelou insistentemente a seu povo por uma revolução espiritual interior que levasse a uma feliz obediência exterior à vontade de Deus. “Ainda assim, agora mesmo diz o Senhor: Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. Rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se, e grande em beneficência, e Se arrepende do mal” (Joel 2:12 e 13).
O apelo de Joel foi em favor de um serviço sincero, não fingido ou feito com o coração dividido. Em contraste com uma forma externa, Joel apela para que o seu povo se volte para Deus de toda a sua alma, e deposite nEle todas as suas afeições. Como disse o velho Gregory: “Qualquer que seja o grau em que nossas afeições estejam dispersas entre as coisas criadas, aí está também enfraquecida a conversão do coração.”
Uma vez mais, nos últimos dias, o povo de Deus permitiu que a casca da religião substituísse o âmago da fé viva. Durante os anos que antecederam a conferência de Mineápolis de outubro de 1888, Deus chamou poderosamente Seu povo ao arrependimento. Uma vez mais, usou Deus a influência do dom de profecia. Por intermédio de Ellen White, este chamado para arrependimento foi dirigido de maneira apropriada à necessidade da Igreja. A voz de Deus falou ao povo de Deus. Notai estas declarações expressas, escritas em 1887, aqui apresentadas em ordem cronológica:
“A observância de formas externas jamais satisfará o grande desejo da alma humana. Uma mera profissão de Cristo não é suficiente para preparar o indivíduo para ficar de pé na prova do juízo.”2
“Há muita formalidade em nossa igreja…. Aqueles que professam ser guiados pela Palavra de Deus, podem estar familiarizados com a evidência de sua fé e, contudo, ser como a pretensiosa figueira que ostentava sua folhagem perante o mundo, mas quando pesquisada pelo Mestre estava destituída de fruto.”5
“Necessitamos de fé viva para apoderar-nos da promessa, e dizer: Deus disse que a bênção me pertence; devo obtê-la, e creio que a obterei; e conservar a mente em Cristo, apegando-nos firmemente a Ele e, ao mesmo tempo, a Ele nos entregando; e verificaremos que Cristo surgirá. Teremos a habitar conosco a Sua presença.”4
Um dos mais fortes apelos de Ellen White em favor do reavivamento e reforma foi publicado na Review and Herald, de 22 de março de 1887, com o título de “A Grande Necessidade de Cristo”. Esse artigo foi publicado novamente em Mensagens Escolhidas, Livro 1, págs. 121-127. “Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a maior e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, deve ser a nossa primeira ocupação” (pág. 121). “Temos muito mais a temer de dentro do que de fora. Os obstáculos à força e ao êxito são muito maiores da parte da própria igreja do que do mundo” (pág. 122). “Divisões, e até amargas dissensões que infelicitariam qualquer comunidade mundana, são comuns nas igrejas, porque há tão pouco esforço para controlar os sentimentos errôneos, e reprimir toda palavra de que Satanás se possa aproveitar” (pág. 123). “Não há coisa alguma que Satanás tema tanto como que o povo de Deus desimpeça o caminho mediante a remoção de todo impedimento, de modo que o Senhor possa derramar Seu Espírito sobre uma languescente igreja e uma congregação impenitente. Se Satanás pudesse fazer o que ele queria, nunca haveria outro despertamento, grande ou pequeno, até ao fim do tempo” (pág. 124). “Levante-se a igreja e arrependa-se de suas prevaricações diante de Deus…. Não temos a mínima razão para congratulação e exaltação própria” (Pág. 126).
Reconhecendo a impotência espiritual decorrente do não dissimulado orgulho, formalidade e amor ao mundo, Ellen White apelou à igreja para voltar a uma experiência viva com Cristo. Ela apelou de modo especial ao ministério. Havia falta de poder para conduzir o povo de Deus às fontes de água viva, quando seus próprios corações estavam como um deserto ressequido. Se seus próprios cestos espirituais estavam vazios, como poderiam eles eventualmente repartir o pão da vida com um mundo faminto? Muitos dos nossos ministros eram argumentadores. Eram hábeis defensores da fé, mas faltava profundeza espiritual.
A igreja necessitava de reavivamento. Um mês antes do concilio outonal de outubro em Mineápolis, Ellen White escreveu: “Os [ministros] não podem confiar em apresentar velhos sermões a suas congregações; pois esta série de palestras pode não ser apropriada para o momento, nem para satisfazer as necessidades das pessoas. Há assuntos lamentavelmente negligenciados, sobre os quais se deveria insistir.”5
Quais eram esses assuntos lamentavelmente negligenciados? “Mostrai a vossos ouvintes a Jesus em Sua condescendência para salvar o homem caído. Mostrai-lhes que Aquele que foi o seu penhor teve que tomar a natureza humana, e levá-la por entre o temor da maldição de Seu Pai, por causa da transgressão pelo homem de Sua lei; pois o Salvador Se fez homem.”6 Jesus devia ser o ponto focal de todo reavivamento. Sem uma visão clara do Cristo vivo, não seria possível o reavivamento. Disse Jesus: “E Eu, quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (São João 12:32). Nem todos os que estavam presentes em Mineápolis naquele outono experimentaram o reavivamento. Muitos estavam contentes por apegar-se às formas externas do cristianismo. Houve, porém, os que se dispuseram a ouvir a mensagem da justificação em Cristo, que foi proclamada. Quando Jesus foi levantado, eles foram atraídos para Ele. Seus corações foram tocados. Pecados foram renunciados. Vidas mudadas. Arrependimento, confissão e a oração fervorosa prepararam o caminho para o reavivamento. O Espírito foi derramado, e os sussurros daquele reavivamento são sentidos ainda hoje!
Prescrição para o reavivamento
A prescrição para o reavivamento é claramente esboçada em II Crôn. 7:14: “Se o Meu povo, que se chama pelo Meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a Minha face e se converter dos seus maus caminhos, então Eu ouvirei dos Céus, e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra.” Quando, de joelhos, contemplo a perfeita e imaculada justiça de Jesus, verifico que pecador eu sou. “Que é justificação pela fé? É a obra de Deus em lançar no pó a glória do homem, e fazer por este o que ele não pode fazer por si mesmo.”7 A luz de Sua perfeição, minha falta de comprometimento, meu amor ao mundo, meu apego às coisas terrenas, minha maneira humana de ver as circunstâncias tudo se torna mais patente. Em profundo arrependimento, eu exclamo: “Cobre, Jesus, a minha deformidade com a Tua imaculada justiça. Faze por mim o que jamais poderia fazer por mim mesmo. Transforma-me! Ergue minha mente acima daquilo que é terreno! Desvia-me os pensamentos para as correntes celestiais!”
O genuíno reavivamento não se baseia nos impulsos do momento. Ele não se ancora em um emocionalismo sensacional de curta duração. O genuíno reavivamento fundamenta-se na oração sincera e no dedicado estudo da Bíblia. Em 1887 Ellen White escreveu: “Nosso Pai celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, mediante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos Sua bênção. Só podemos esperar um reavivamento em resposta à oração.”2 quando nossos corações são mais voltados para os programas de televisão do que para a oração. Não podemos esperar reavivamento enquanto estivermos mais interessados na página matinal de esportes do que nas devoções matinais. Não podemos esperar reavivamento enquanto nossa violação da mensagem da reforma da saúde nos estiver obstruindo o cérebro, de maneira que não possamos discernir a voz do Espírito. Não podemos esperar reavivamento enquanto nossas mentes estiverem cheias de preocupações com a moda, em lugar de o estarem com pensamentos sobre a imaculada veste da justiça de Cristo.
Podemos esperar o reavivamento, enquanto as reuniões sociais da igreja, acompanhadas de bolos açucarados, enchem as casas, ao passo que as reuniões de oração atraem dois ou três fiéis? Quando as reuniões de mesa de nossa Igreja se degeneram em lutas pelo poder entre facções opostas, em lugar de sessões estratégicas para conquistar os perdidos para Cristo? Podemos esperar o reavivamento quando nossos sermões exigem pouco estudo da Bíblia e oração, e são preparados entre chamados telefônicos na sexta-feira à noite?
Não podemos esperar o reavivamento enquanto não encararmos honestamente o fato de que há contradição entre o ensinamento da Igreja e suas práticas. Não poderemos ter o reavivamento a menos que reconheçamos que tanto a Bíblia como o Espírito de Profecia apelam para uma entrega ao Cristo vivo que revolucionará totalmente as nossas vidas.
Não podemos esperar o reavivamento se, como indivíduos ou como um corpo organizado, seguirmos práticas obviamente contrárias ao que Deus revelou por intermédio de Seus inspirados profetas.
Há um preço a pagar pelo reavivamento — não porque Deus não esteja disposto a no-lo conceder de graça, mas pelo fato de não estarmos preparados para recebê-lo. O preço do reavivamento é hoje o mesmo de todas as épocas: arrependimento! Oração fervorosa! Confissão de pecado conhecido! Um realce sobre o estudo da Bíblia. Tempo na presença do Senhor. Não há nenhum atalho. Nenhuma solução fácil. O preço do reavivamento é relacionamento íntimo, vivo e diário com Jesus. Em passando tempo em Sua presença, alegrar-nos-emos em fazer Sua vontade.
O reavivamento virá! Todo o Céu está pronto para fazer grandes coisas em benefício da Igreja, a fim de que ouça o último apelo de misericórdia de Deus a um mundo enfermo. “Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, haverá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espírito e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.”9
Quando Deus tiver um povo inteiramente dedicado, Ele derramará o ilimitado poder. O Espírito descerá. A chuva serôdia cairá! O alto clamor do terceiro anjo, que começou na revelação de Cristo, nosso Redentor que perdoa o pecado, iluminará a Terra com a glória de Deus.
Ponde novamente em ordem vossas prioridades! Aquilo que não é essencial pode esperar. Sem mais demora, dedicai uma parte do vosso tempo cada dia ao relacionamento com Cristo. Pedi que revele as atitudes de vossa vida que não estão em harmonia com Sua vontade. Pedi que o Espírito Santo vos impressione com setores específicos nos quais estais violando Seu conselho. Com genuíno arrependimento, entregai essas áreas. Suplicai, pela fé, o Seu perdão. Crede que Ele vos aceita agora! Recebei o Seu poder para a vitória. Implorai a Deus o poder da chuva serôdia para testemunho eficaz, convincente e afetuoso.
Se desejais que vossa igreja experimente o reavivamento, organizai grupos de oração de cinco a sete pessoas. Juntos, pedi a Deus renovação espiritual. Lede juntos a seção de Mensagens Escolhidas, Livro 1, intitulada “Reavivamento e Reforma” (págs. 120-152). Convidai todos os membros do grupo de oração a passar tempo ajoelhados, só meditando nas cenas finais da vida de Cristo. Há seis capítulos da Bíblia especialmente sobre a morte de nosso Senhor: Isaías 53, Salmo 22, São Mateus 27, São Marcos 15, São Lucas 23 e São João 19. Combinai esta profunda meditação com estudos dos últimos 28 capítulos de O Desejado de Todas as Nações, começando com o capítulo intitulado “A Lei do Novo Reino”.
Mediante uma vital ligação com o Cristo vivo, vós e vossa igreja podereis experimentar o reavivamento. Jesus foi o Caminho em 1888. Ele é o Caminho hoje. Não há outro.
Perguntas para discussão
1. Necessita minha igreja do reavivamento?
2. Que sintomas me indicariam que minha igreja estaria experimentando um reavivamento?
3. Qual o papel do pastor em trazer o reavivamento à igreja?
4. Estaria eu disposto a suportar a perseguição, como o fizeram os profetas, se soubesse que meu sofrimento traria o reavivamento a minha igreja?
5. Que pensais serem os “aspectos externos da religião”?
6. Como podemos “controlar os maus sentimentos” para com os outros na igreja?
7. Qual a base do genuíno reavivamento?
8. Que parte desempenha a reforma da saúde em assegurar a realização do reavivamento?
9. Dar-se-ia o caso de uma parte de um pequeno grupo de oração ajudar-me a experimentar reavivamento individual?
Referências
1. Mensagens Escolhidas, Livro 1, pág. 128.
2. Review and Herald, 25 de janeiro de 1887, pág. 491.
3. Idem, de 15 de fev. de 1887, pág. 97.
4. Idem, 12 de julho de 1887, pág. 433.
5. Idem, 11 de set. de 1888.
6. Ibidem.
7. Special Testimonies, Série A, pág. 321.
8. Mensagens Escolhidas, Livro 1, pág. 121.
9. O Grande Conflito, pág. 466.
MARK FINLEY — Secretário Ministerial da Divisão Trans-Européia