As implicações da difícil tarefa de punir a transgressão de um clérigo e ao mesmo tempo salvá-lo
A tempestade está passando. O prejuízo está sendo avaliado e as duas famílias feridas estão agora dando os primeiros passos em direção à recuperação. Sobreviverão esses dois casais? Estão os culpados arrependidos? Estão dispostos ou serão capazes de renunciar ao desejo que sentem um pelo outro? Compreenderão que não se necessitam mutuamente; que a pior coisa que pode acontecer agora é uma recaída?
Em alguns casos, tais decisões são tomadas facilmente. Em outros, os movimentos são mais vagarosos e sofridos. Só a demonstração de amizade sincera e o aconselhamento especializado podem ajudar, porque as feridas devem ser bem examinadas e limpas, antes de iniciar-se o processo de cura.
Em tudo isso, porém, surge uma questão mais embaraçosa. E o trato com ela exige sabedoria quase sobre-humana. Eis a questão: Quais são as perspectivas profissionais do pastor que caiu? Deveria ele ser reintegrado ao ministério? Serão as feridas suficientemente curadas, de modo que as famílias ofendidas, a igreja local e a comunidade voltem a confiar plenamente nele?
Como podemos nós, seres humanos falíveis, discernir essas coisas? Podemos calçar os sapatos das vítimas? O que sabemos sobre os sentimentos de uma mulher, quando ela, como uma ovelha confiante, abre o coração ao seu pastor e ele se comporta como um mercenário, explorando-a em nome do amor e em proveito próprio? Por outro lado, podemos nós nos identificar com um pastor verdadeiramente arrependido que luta para reconquistar a confiança da família, da igreja e da comunidade, e a quem nada mais resta senão procurar outro trabalho? Não temos uma resposta satisfatória para essas questões. Mas precisamos decidir e agir. Se errarmos, que seja por misericórdia, priorizando as vítimas.
Início da restauração
O aspecto mais doloroso no ministério da restauração é quando o amor precisa disciplinar. E há duas ocasiões em que isso acontece para o pastor errante. A primeira é quando sua igreja precisa discipliná-lo. A remoção do seu nome do rol de membros é algo para o que ele deve estar preparado. A mesma comissão que ele dirigiu, agora, deve confrontar o comportamento dele. Mas a remoção não deve se tornar um atestado de rejeição. A remoção de qualquer membro imediatamente o coloca sob cuidado intensivo da igreja. Um metódico, intencional e zeloso processo de cura deve ter início. Esse é o ensinamento de Jesus.
Não é o transgressor, mas seu pecado, que deve ser extirpado. Pode ser paradoxal, mas nosso Salvador deu atenção especial aos “pecadores”, associando-Se com eles, para levá-los a um padrão mais elevado de pureza moral.1 O corpo de Cristo deve ser um canal de graça perdoadora e transformadora, ajudando o caído a vencer seu pecado. Ministrando ao pecador, a igreja cura suas próprias feridas. Seu alvo é salvar o perdido (Mat. 18:15), reconciliar as partes litigantes, de modo que o abraço da fraternidade seja estendido a todos.
Mas há outro momento crítico, e esse é quando a queda do pastor é enfrentada no âmbito institucional. Essa é uma situação particularmente sofrida para sua organização empregadora e seus colegas. É um ponto agonizante. Somente um legalista insensível não sente a empatia que enche o coração quando se chega a esse ponto. O receio de estar sendo legalista e a angústia de ver um irmão ser afastado tor-nam-se quase insuportáveis. Se o tempo pudesse voltar apenas uns poucos meses; se soubéssemos antes o que sabemos agora, talvez tivéssemos feito algo para evitar o adultério e salvar nosso irmão.
Por que o amor tem esse lado mais difícil?2 E que razões poderiamos achar para trazê-lo de volta algum dia?
Pensemos em Davi, sua queda, seu arrependimento e o perdão obtido.3 Davi obteve sabedoria do trato de Deus com ele, e submeteu-se humildemente à disciplina do Altíssimo. A fiel descrição de seu estado, pelo profeta Natan, o colocou frente a frente com seus pecados e o levou a confessá-los, humilhando-se diante do Senhor.4 Depois de ser confrontado por Natan, Davi pôde ver o que não foi capaz de entender antes, na cegueira de sua paixão.
Ele avalia quão caro é o adultério. Um caso sexual não pode subsistir por si mesmo; necessita de impulsores e panos de fundo providenciados por outros erros tais como duplicidade, injustiça, violência e arbitrariedade. Engaja espectadores inocentes como cúmplices (II Sam. 11:2-6, 14-17). Davi compreende agora que não há poder, dignidade, nem autoridade sobre a Terra que esse pecado não possa reduzir a pó. Entende que qualquer um pode se tornar escravo desse tipo de comportamento.
Essa experiência expõe a insensatez de Davi (Prov. 6:32) e sua honestidade, e também é uma forma de revelar sua coragem. Ele ouve em silêncio enquanto um dos seus servos o confronta diretamente. Olha no espelho e vê nitidamente o seu pecado. Enquanto Saul rasgou o manto de Samuel num esforço para disfarçar que estava tudo bem (1 Sam. 15:24-31), Davi rasgou seu coração diante de Deus e do profeta, assumindo as conseqüências do seu ato (Sal. 51). E não foi removido do seu trono.
Talvez devêssemos também pensar em Moisés (Núm. 20:10-13) e Pedro5 (Mat. 26:69-75), que, a despeito de seus erros, foram mantidos em seus postos de trabalho. Permaneceram onde estavam, servindo como líderes espirituais, e os resultados de seu trabalho, depois de serem perdoados, testificam do poder da graça restauradora de Deus. “Apascenta os Meus cordeiros”, “Pastoreia as Minhas ovelhas”, “Apascenta as Minhas ovelhas” (João 21:15-17). Essas foram as palavras de que Pedro mais necessitava.
Depois de tudo, a quem realmente interessa o afastamento de um pastor? Pode a igreja dar-se ao luxo de recusar seu talento e experiência? Adultério não é um pecado imperdoável; por que então não perdoar e virar a página?
Cuidados necessários
Mas poderíamos nós usar o exemplo de Davi para defender a readmissão de um pastor errante? Acho que não. Deus parece estabelecer diferença entre um rei e um sacerdote ou profeta. Sua reação à usurpação dos deveres sacerdotais de Samuel por Saul indica Seu interesse em conservar essa distinção (I Sam. 15:22 e 23). As identidades de um rei e de um sacerdote não são intercambiáveis, de modo que a maneira de tratar o adultério de um rei não é um exemplo para o tratamento do adultério de um sacerdote.
Davi era um monarca investido de poder executivo (II Sam. 8:15). Mesmo com sua autoridade reduzida após o caso com Bate-Seba,6 ele ainda podia liderar, amparado nas prerrogativas do seu ofício. Mas o pastor não tem esse tipo de poder. Ainda que cobice “poderes reais”,7 depara-se com o conselho de Jesus: “Não é assim entre vós” (Mat. 20:26). O poder do pastor é derivado de uma fonte diferente da que gera a liderança política. Assim, desprovido da hegemonia real, o pastor caído enfrenta um desafio à sua restauração, devido à perda de confiança em sua liderança.
Pecado é pecado, indistintamente, para todos os crentes. A única diferença é que Deus leva mais estritamente em conta um sacerdote do que um líder como Davi (Tia. 3:1).8 Por isso, dois sacerdotes, filhos de Eli, morreram (1 Sam. 4:14-18), e sacerdotes adúlteros mencionados por Malaquias foram rejeitados (Mal. 2:14 e 14). Ellen White, escrevendo a um pastor que caiu em pecado, disse: “Sua culpa é maior que a de um pecador comum, porque sua vantagem em termos de luz e influência é maior.”9
Quando um leigo sucumbe à tentação do adultério, ele automaticamente quebra o concerto feito com Deus e com a esposa. Mas quando o pastor trilha esse mesmo caminho, ele nega essas mesmas alianças, além do concerto da ordenação para um sagrado ofício e o compromisso de responsabilidade pelo rebanho e pela comunidade onde vive. Decide calar as advertências de sua consciência cristã, mas também barateia seu chamado divino. Ao negar, dessa forma, sua identidade pastoral, é naturalmente levado ao afastamento do seu trabalho. Num sentido real, o pastor destitui-se. A Igreja apenas age com base na escolha que ele fez. O adultério alterou sua identidade e ele não é mais quem era antes. Isso é trágico.
Nos casos de Moisés e Pedro, a questão é a natureza dos pecados cometidos. Moisés tinha um grande problema com a ira (Êxo. 2:11-15; Núm. 20:9-11), e Pedro negou publicamente seu Mestre (Mat. 26:69-75). Na verdade, foram pecados graves mas não pecados de infidelidade sexual. Segundo o apóstolo Paulo, a infidelidade sexual é diferente de outro pecado, porque afeta a totalidade do ser. Nenhum outro pecado produz esse tipo de impacto e conseqüências (1 Cor. 6:18).
A ira de Moisés e a negação de Pedro não afetaram outras pessoas, pelo menos não tão íntima e profundamente como o ato sexual. Jesus disse que o adultério pode acontecer mesmo em nossa mente (Mat. 5:28). A obsessão pornográfica e os olhares lascivos são formas isoladas de adultério que ofendem a Deus, rebaixam-me e debilitam minhas resistências ao envolvimento sexual com outra mulher. Também inibem a unicidade em “uma só carne” com minha esposa.
No entanto, enquanto os pensamentos se limitam à privacidade mental, a outra mulher está segura. Apenas eu sou o perpetrador e a vítima de minha fantasia. Uma vez que eles envolvam outra pessoa que confia em mim por causa de minha liderança, meu pecado se torna particularmente destrutivo. Vulgariza a identidade do ministério cristão, deteriora minha autoestima, a da outra mulher e a dos nossos familiares.
O exemplo de Pedro também não deve ser tomado como um padrão de tratamento a pastores que adulteraram. Sua experiência nos revela a chance de arrependimento, perdão e as bênçãos inestimáveis da compaixão divina e de uma comunidade perdoadora. Mas ele pecou abertamente, o que nem sempre é o caso do adúltero, que normalmente esconde seu pecado e só o admite quando ele é exposto. Nestes dias de frouxidão moral, é muito importante mantermos a visão do pecado sexual como algo sério, especialmente quando envolve um pastor e uma paroquiana. Quanto mais ampla a visibilidade do pastor, maior é sua responsabilidade. Isso deve ser levado em conta no tratamento do caso.
A voz da experiência
Em minha opinião, o pastor que perde sua credencial por adultério será um ex-pastor pelo resto da vida. Digo isso respaldado no relato de ex-pastores que viveram a experiência e no pensamento de líderes e estudiosos do assunto.
A função pastoral não é um direito, mas um privilégio. A descoberta do adultério, o afastamento do trabalho e a provável recomendação a um tratamento para seus problemas sexuais despertam o pastor para o fato de que ele não é intocável. Nome, anos de trabalho, talentos e títulos acadêmicos não representam garantia de readmissão.
Alguém pode questionar a necessidade de tratamento, mas foi durante dois anos de terapia, longe da família, que um ex-pastor luterano entendeu claramente o problema: “Finalmente pude identificar o abuso sexual como algo que eu queria desculpar como ‘erros de julgamento’ ou ‘incompreensão de inocentes gestos de amor e atenção’. Fui forçado a examinar meus motivos, até que pude ver meu comportamento como cheio de atos deliberados de violência, motivados pelo egoísmo e o desejo de controlar todos os que tinham me ferido.”10
Chamado pastoral e função pastoral são coisas diferentes. Durante algum tempo, a vergonha e a culpa podem limitar o desejo de envolvimento na vida da igreja. Mas depois que o processo de cura tiver reavivado o senso de missão, nada deve impedir um ex-pastor de assistir e servir àqueles que necessitam de cuidados, mesmo que ele não esteja investido da função pastoral.
Poucos de nós apreciamos a extensão do crédito, confiança e autoridade que recebemos quando assumimos uma congregação. Infelizmente, é somente quando perdemos tudo isso que observamos a verdadeira dimensão da perda. Mas a confrontação, o julgamento, a confissão, o arrependimento, a terapia, a tensão conjugal e a perda do emprego, por mais excruciantes que sejam, são a única via pela qual chegamos à cura.
Um caso sexual é mais a “ponta de um iceberg de profundas questões de ira, solidão, pressões por desempenho e fome de poder que não foram resolvidas”.11 No caso do adultério de um clérigo, nunca tratamos apenas com o ato em si, mas com as conseqüências e causas. Há muita coisa por trás do ato, e não devemos deixar qualquer chance de recaída.
As questões interpessoais e emocionais do ex-pastor devem ser plenamente restauradas antes que ele seja engajado em qualquer tipo de serviço ajudador. “A isso deveriam ser adicionadas uma renovação da genuína espiritualidade, evidência irrefutável de um relacionamento conjugal crescente (se a esposa concorda em ficar com ele), a construção da reputação e de um sistema de apoio.”12
O Guia Para Ministros, da Igreja Adventista do Sétimo Dia distingue claramente o perdão do pecado e a readmissão no trabalho pastoral: “Embora a violação do sétimo mandamento torne os pastores inelegíveis para emprego no ministério pastoral, eles necessitam e podem experimentar o amor e a graça perdoadora de Deus. A Igreja deveria buscar restaurar e nutrir seus relacionamentos familiar e espiritual.”13
Na ocasião em que o pastor tem a sua credencial suspensa e é afastado do trabalho, não é sábio fazer qualquer insinuação sobre um suposto retorno a qualquer trabalho da Igreja. Há razões para isso:
1. Ninguém pode ter certeza de quanto dano foi ou será feito, nem quão longa e completa será a recuperação.
2. Deus deseja que Seus líderes influenciem não pelo poder executivo, métodos inteligentes ou carisma impressivo, mas pelo exemplo “na palavra, no procedimento, no amor, na fé, na pureza” (I Tim. 4:12).
3. Nenhum outro motivo deve levar o ex-pastor a investir todo esforço em favor da recuperação e cura, senão o senso de justiça que requer restituição de danos, reparo de relacionamentos e reabilitação de reputações. Não raro, promessas e a ansiedade para virar a página criam pressões e encorajam uma impaciência que em nada estimulam a jornada e o cuidado consciente, tão necessários ao tratamento das feridas e restauração de identidades prejudicadas.
Lições da árvore
É importante prestarmos atenção às lições que nos são ensinadas pela árvore da ciência do bem e do mal. A primeira é sobre o pecado. Desde que entrou na história humana, o pecado sempre usou uma máscara de bondade, que esconde um chamariz demoníaco. Porém, continuamos sendo enganados por suas promessas a ponto de sentirmos que ele é parte natural do nosso ser, e continuamos agindo como se fosse normal pecar. E lhe damos não apenas um visto de permanência em nós e nosso comportamento, mas também cidadania. Não deveria ser assim. O pecado é um intruso, um parasita da vida. A pecaminosidade não é nossa verdadeira identidade, mas uma caricatura trágica da imagem de Deus em nós.
Em Sua morte, Cristo tomou o nosso pecado e o deixou na sepultura, na manhã da ressurreição. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Rom. 6:12). Na verdade, o pecado nada pode oferecer. Nele não há paz quando repousamos, nem sabedoria quando precisamos de conselho, nem ânimo quando estamos desencorajados. O adultério não é solução para os problemas quando o casamento não responde às nossas necessidades.
Outra lição é sobre o demônio. Algum tempo atrás li que o demônio tem 99 cobertores. Ele o tenta, você resiste, mas ele não o deixa, até convencê-lo de que cobrirá seu pecado tão hermeticamente que ninguém o descobrirá. Tudo ficará só entre ele (o pai da mentira) e você. E assim você cai. Depois volta para casa e encontra a esposa amorosa e carinhosa. Prega com o máximo de eloqüência; tudo parece continuar como sempre. Sente que está coberto, mas sua resistência é mais fraca diante da próxima tentação. Depois de 40 cobertores, você sente o peso; mas, a esta altura, o hábito conquistou sua vontade. Depois de 80 ou 90 cobertores, você procura a tentação. Então acontece o 100º pecado.
Neste ponto, o demônio vem e diz que não apenas não tem mais cobertores, mas vai levar os seus porque necessita ir ao distrito vizinho “ajudar” seu colega. Em um instante, você se encontra descoberto, nu, sob holofotes, totalmente exposto diante de sua esposa, filhos, igreja, colegas e comunidade. Sem folha de figueira para cobri-lo; mas o Pai ordena: “Trazei depressa a melhor roupa, vesti-o…” (Luc. 15:22).
Deus tem apenas o manto da Sua justiça, sob o qual pecado e hábitos pecaminosos são revelados e extirpados, por mais doloroso que seja o processo. Às vezes parece mesmo como uma amputação sem anestesia. Mas os benefícios são eternos. E aí está você. Sem direitos, sem perspectivas, somente por graça – no início do processo de cura, de volta ao lar.
Referências:
1 Marlin Jeshke, Discipling in the Church (Scottsdale, Pa.: Herald Press, 1988), págs. 74-89.
2 Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 5, pág. 683.
3 Tim LaHaye, lf Ministers Fall, Can They Be Restored? (Grand Rapids: Zondervan, 1990), págs. 107, 116-118.
4 Ellen G. White, Op. Cit., pág. 683.
5 Tim LaHaye, Op.. Cit., págs. 115 e 119.
6 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas, págs. 727-745.
7 _____________, Life Sketches (Nampa: Idaho: Pacific
Press, 1915), pág. 386.
8 Dr. Jimmy Draper, ditado por Tim LaHaye, Op. Cit., pág. 128.
9 Ellen G. White, carta escrita em 1886.
10 Pastoral Psychology Journal, 39, nº 4 (1991), págs. 259-264.
11 Judith Karman, Fuller Focus, 11 (1993), pág. 23.
12 Stanley J. Grenz e Roy D. Bell, Betrayal of Trust (Downers Grove: InterVarsity Press, 1995), pág. 172.
13 Guia Para Ministros, pág. 56.
Prevenção
“Se pudesse, gostaria de alarmar meus irmãos. Com eles insistiria pela pena e pela voz: Vivei no Senhor, andai com Deus se no Senhor quiserdes morrer, e entrai pouco a pouco onde o Senhor habita para sempre. Não sejais desobedientes às advertências celestiais; pegai os apelos negligenciados, as súplicas, as advertências, as censuras, as ameaças de Deus, e deixai que elas vos corrijam o coração obstinado e pecaminoso. Deixai que a graça transformadora de Cristo vos torne puros, verdadeiros, santos e formosos como o puro lírio branco que desabrocha no coração do lago. Transferi vosso amor e afeições para Aquele que por vós morreu na cruz do Calvário.”
Tratamento
“Há almas em trevas, cheias de remorso, dor e angústia, que ainda sentem que Deus é justo e bom. O Senhor lhes conserva viva no coração a centelha da esperança. A pobre e obscurecida alma pensa: Se eu tão-somente me pudesse apresentar diante de Deus, e pleitear meu caso, Ele apiedar-Se-ia por amor de Cristo, e esse terrível temor e agonia seriam aliviados. … Algumas vezes as reprovações amontoadas sobre a sua cabeça quase têm destruído a última centelha de esperança. A alma cônscia de sinceras e honestas intenções verifica que tem menos a temer de Deus do que dos homens que têm coração de aço. … Volta-se para Aquele que não tem uma sombra de mal-entendimento, Aquele que conhece todos os impulsos do coração, que está familiarizado com todas as circunstâncias de tentação.”
Cura
“Mas ainda que Jesus veja a culpa do passado, Ele fala de perdão; e nós não O devemos desonrar duvidando de Seu amor. Deve o sentimento de culpa ser depositado ao pé da cruz, ou envenenará ele as fontes da vida. … “Hão deve ser difícil lembrar que o Senhor deseja que deponhais vossas lutas e dificuldades a Seus pés, e que as deixeis ali. Ide a Ele, dizendo: ‘Senhor, meus fardos são pesados demais para eu os levar. Queres Tu levá-los em meu lugar?’ E Ele responderá: ‘Eu os tomarei. Com eterna bondade compadecer-Me-ei de vós. Tomarei os vossos pecados e vos darei a paz. Não mais afugenteis o vosso respeito próprio, pois Eu vos comprei pelo preço do Meu próprio sangue. Sois Meus. Vossa vontade enfraquecida, Eu fortalecerei. Removerei vosso remorso pelo pecado.’”
Miroslav Kis, Ph.D., professor de ética no Seminário Teológico da Universidade Andrews, Estados Unidos