Aproximadamente 80 mil clé­rigos de várias denominações reli­giosas, em todo o mundo, recebem a revista Ministry. É o Projeto Preach, um plano da Associação Ministerial da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia para estabelecer uma ponte de diálogo com ministros de outras organiza­ções evangélicas. O desdobramento da sigla preach significa, em inglês, “projeto para alcançar cada clérigo ativo em seu lar”. O plano tem dado certo. Basta se verificar o elevado índice de participação e diálogo mantido com a revista, através da sua seção de cartas.

Com o avanço da tecnologia, o Preach também inovou e agora está se mostrando via satélite. A primeira investida nesse sentido teve lugar no dia 31 de março, com a realiza­ção do Seminário de Crescimento Profissional, na Universidade An­drews e transmitido para cerca de 450 diferentes lugares dos Estados Unidos, Canadá, América Central e Europa. Igrejas, instituições educacionais e de saúde, seminários de Teologia, adventistas e não-adventistas, sintonizaram a programação.

O evento foi organizado pelo Dr. Nikolaus Satelmajer, diretor de Crescimento Profissional, e contou com o apoio da própria Associação Ministerial, através do seu líder, Pastor James Cress; revista Ministry, com seu editor, Pastor Wimore Eva, além de outras instituições e empresas.

No centro de transmissão, estive­ram presentes 200 pessoas, entre es­tudantes da Universidade, professores, pastores adventistas e de outras denominações.A Divisão Sul-Americana marcou presença através do secretário ministerial associado, Pastor José M.Viana, e deste editor.

Tema e oradores

Levando-se em conta o colo­ rido secularista que alguns teólogos têm dado ao assunto, a Ressurreição de Cristo foi o tema colocado em discussão. Para isso foram convidados quatro oradores: Charles E. Bradford, que durante muitos anos foi ad- ministrador, professor, pastor, sendo conhecido como um dos maiores pregadores adventistas norte-americanos; Frank Har­rington, pastor presbiteriano, lí­der de 12 mil membros em Atlanta, Georgia, e escritor; Dwight Nelson, pastor da igreja da Universidade Andrews, professor de homilética e autor de três livros. Finalmente, Gardner Taylor, pastor emérito da Igreja Batista de Cristo, em Nova York, líder de nove mil fiéis e autor de quatro livros.

Todos eles enfatizaram a Ressurreição como indispensável à fé cristã. Para Bradford, o questionamento do te- ma não é novidade. Paulo já o enfrentara em seus dias. E a maneira pela qual combateu a descrença foi justamente o fa- to de ter experimentado, na própria vida, o impacto transformador da Ressurreição. Experiência que não foi diferente dos demais apóstolos.

“Essencial, confortadora e desafiadora” são as caracterís­ ticas da Ressurreição, segundo Frank Harrington. Essencial pela transformação que ope­ rou nos discípulos e aindapode operar hoje. Confortadora, por­ que sem ela, a vida resulta vazia e sem esperança. Desafiadora pelo aspecto missionário que a envolve. Era o tema dominante da pregação apostólica. “A mudança que a ressurreição opera na vida do crente, dá-lhe assunto para testemunhar”, diz Harrington.

Dwight Nelson associou a Ressurreição ao Juízo Pré-Advento. “O homem do terceiro dia é o mesmo homem do último dia”, afirmou, enfatizando que o mesmo Cristo ressurreto está julgando o mundo. Segundo ele, a geração atual precisa de um choque a fim de que creia na Ressurreição. “Es- se choque é a realidade do julgamento”, disse, acrescentando que “não po­demos ser fiéis ao relato do Novo Testamento dissociando a ressurreição do julgamento”.

Mais poético, Gardner Taylor falou da Ressurreição como alegria para a Igreja. “Cada pá­gina do Novo Testamento está plena de alegria pela Ressurreição. Uma alegria que representa vitória. Cristo triunfou sobre a morte, que não tem mais domínio sobre nós.” Essa vitória, de acordo com Taylor, teve seu prelúdio na entrega que Cristo fez de Si mesmo ao Pai, quando disse: “Pai, em Tuas mãos entrego o Meu espírito. O orador ainda acrescentou: “Se tomarmos tal atitude de entrega, não precisamos temer a morte”.

Interação

A programação foi marcada por um clima amistoso, alegre, di­nâmico e de confraternização, construído durante um almoço que reuniu todos os participantes. Logo depois, pontualmente às 13h00, o Dr. Satelmajer deu início ao seminário, que teve a participação do Coral do Seminário de Teologia. As palestras foram intercala­ das por homenagens aos patrocinadores e, especialmente, à irmã Marie Spangler, viúva do Pastor Robert Spangler, “pai” do Projeto Preach.

Cada orador dispôs de 30 minutos para fazer a ex­ posição do tema, seguida de uma reflexão de 15 minutos. Imediatamente franqueava-se a oportunidade para perguntas que, além das que surgiam no auditório, eram recebidas também por telefone e e-mail.

Após o en­cerramento, às 17h00, a equipe se reuniu para avaliar a iniciativa. De um modo geral, a impressão foi altamente positiva. As chamadas telefônicas e os contatos via internet foram superiores ao que o tempo permitiu atender. Por isso, até falou-se na necessidade de selecio­nar as perguntas, em futuras pro­gramações. Aliás, o Dr. Satelmajer anunciou o dia 30 de março do pró­ximo ano, como o da realização do próximo evento.

Entusiasmado com o que presen­ ciou, o Pastor José Viana já pensa em seguir a mesma técnica, no terceiro seminário para pastores evangélicos a ser realizado no Brasil, em 1999. Sem dúvida, um passo significativo no diálogo ministerial com outras denominações.

– Zinaldo A. Santos.