Existem excelentes livros antigos que ainda têm valor inestimável para nossa vida hoje. Um desses livros tem como título Power Through Prayer [Poder Através da Oração], escrito por Edward McKendree Bounds e publicado em 1972. Esse autor nasceu em 15 de agosto de 1835, no município de Shelby, estado do Missouri, EUA.
Quando ainda era jovem, Bounds descobriu uma grande paixão por Deus, tendo sido fortemente influenciado pelos escritos de John Wesley. Embora formado em Direito, Edward Bounds decidiu se tornar pastor da Igreja Metodista. Durante os últimos vinte anos de seu ministério pastoral, ele escreveu extensivamente sobre o tema da oração. Também deixou uma indelével marca na igreja cristã, como poderoso guerreiro de oração.
Inspirado pelo exemplo do meu colega editor associado Willie Hucks, que costuma ler o livro de Bounds no fim de cada ano, também recentemente decidi ler esse livro mais uma vez. Seus pensamentos e conceitos parecem nos atingir como lâmina cortante: “A pouca estimativa que atribuímos à oração é vista no pouco tempo que a ela dedicamos” (Power Through Prayer, p. 36). Em absoluto contraste ao tipo de oração à qual chamo de “twitter” (que só admite no máximo 140 caracteres escritos), feita por muitos cristãos, Bounds orava secretamente das 4 às 7h, todas as manhãs.
“O pregador é comissionado a orar bem como pregar. Sua missão estará incompleta se ele não fizer as duas coisas”
Embora seja verdade que o tempo gasto na oração não represente garantia automática de que ela seja poderosa, é improvável que alguém que a pratique apressadamente tenha um impacto duradouro do reino de Deus. Bounds nos lembra de que “o pregador é comissionado a orar bem como pregar. Sua missão estará incompleta se ele não fizer as duas coisas” (Ibid., p. 37). Todo pastor que tiver paixão pela pregação bíblica poderosa deve atentar para este conselho: “O caráter de nossa oração determinará o caráter de nossa pregação. A oração iluminada tornará iluminada a pregação, ungindo-a e tornando-a penetrante. A oração fortalece a pregação. Em todo ministério significativo para o bem, a oração é levada a sério” (Ibid., p. 31).
Não apenas os pregadores necessitam ser devotados à oração, mas todo líder cristão (At 6:4) necessita ser envolvido por essa prática. Tendo encorajado os efésios a orar “em todo tempo no Espírito […] com toda perseverança e súplica”, Paulo faz este apelo: “e também por mim” (Ef 6:18, 19). Alguém poderia surpreender-se de que Paulo tenha pedido intercessão em seu favor, afinal, ele era um poderoso embaixador de Cristo. Acaso necessitava ele fazer esse apelo? A resposta é um enfático “sim!” De fato, as orações em seu favor, junto à sua própria devoção à oração impulsionaram seu ministério de alto impacto. Não é de surpreender que ele tenha apelado aos cristãos de Colossos: “Perseverai na oração, vigiando com ações de graças. Suplicai, ao mesmo tempo, também por nós” (Cl 4:2, 3).
A oração pessoal e corporativa é mais importante ainda, quando consideramos que estamos em meio ao conflito entre o bem e o mal. Não é coincidência que o apelo de Paulo, no sentido de orar no Espírito em toda ocasião, “com perseverança e súplica”, esteja imediatamente depois desta exortação: “Tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabaláveis” (Ef 6:13).
O grande conflito é uma realidade cuja origem é descrita pelo vidente de Patmos: “Houve peleja no Céu. Miguel e os Seus anjos pelejaram contra o dragão. Também pelejaram o dragão e seus anjos; todavia, não prevaleceram; nem mais se achou no céu o lugar deles. E foi expulso o grande dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Satanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a Terra, e, com ele, os seus anjos” (Ap 12:7-9).
À medida que nos aproximamos do fim de todas as coisas, esse conflito se intensificará. Por isso, mais do que nunca, necessitamos do poder obtido por meio da oração.