Acomplicação da vida moderna leva muitos indivíduos e empresas a pensar no retorno à simplicidade, a promover a desburocratização de processos administrativos e produtivos para que, de maneira simples, as coisas funcionem e as pessoas vivam melhor. Há uma sobrecarga de trabalho e informações tão grande que as pessoas anseiam por simplicidade.

Já existem movimentos como o Slow Food, contrários à vida agitada, cujos adeptos afirmam: “é inútil forçar os ritmos da vida. A arte de viver consiste em aprender a dar o devido tempo às coisas”.1 Tom Rainer, em seu livro Simple Church, fala desse processo na vida da igreja. Como pastores, podemos experimentar a eficácia da simplicidade em nosso dia-a-dia.

Simplicidade no viver. Diz Ellen G. White: “Se os homens de hoje fossem de hábitos simples, vivendo em harmonia com as leis da natureza, como viviam Adão e Eva, no princípio, haveria abundante provisão para as necessidades da família humana”.2 “Quão encantadora, quão interessante é a simplicidade no vestir, a qual na graça se pode comparar às flores do campo!”3

Simplicidade na pregação. “Milhares podem ser atingidos do modo mais simples e humilde. Os mais intelectuais, aqueles considerados os homens e mulheres mais dotados do mundo, são muitas vezes refrigerados pelas simples palavras de alguém que ama a Deus e que pode falar desse amor tão naturalmente como o mundano fala das coisas que mais profundamente o interessam.”4

Simplicidade no planejamento. “Modalidades mais simples de trabalho devem ser idealizadas e adotadas nas igrejas. Se os membros aceitarem unanimemente esses planos e perseverantemente os executarem, recolherão recompensa farta; porque sua experiência se irá enriquecendo, a habilidade aumentando e, por seus esforços, pessoas serão salvas.”5

“Modalidades mais simples de trabalho devem ser idealizadas e adotadas”

Estudos em crescimento de igreja mostram que a simplificação torna a igreja mais relevante em seu círculo de ação. Porém, ser simples não significa ser superficial, sem conteúdo ou evasivo. De Cristo aprendemos que “Suas lições eram impressivas, belas e repletas de importância, e todavia tão simples, que uma criança as compreendia. A verdade apresentada por Ele era tão profunda que o mais sábio e consumado mestre jamais a poderia esgotar”.6 Simplicidade também não implica necessariamente facilidade. A determinação de fazer como Jesus fazia exige muito esforço e dedicação.

Segundo Atos 2:46, 47, a igreja primitiva era simples em sua metodologia de pregação e adoração. De acordo com o texto, os cristãos reuniam-se “no templo” e “de casa em casa”. Foi essa a minha experiência de conversão, quando aceitei o convite de uma jovem adventista para ir a um pequeno grupo. Tudo aconteceu muito simples: “Vamos à casa de uma amiga, ouvir a Palavra de Deus e conhecer alguns amigos. Você vai gostar”. Fui e me deixei envolver por aquele ambiente de confraternização, oração, estudo bíblico e testemunho, tudo de modo tão informal que abriu meu coração àquelas pessoas e à mensagem que tinham. Voltei para casa desejoso de ser igual a elas.

Certo dia, naquela atmosfera de fraternidade, tendo estudado a Bíblia e cantado o hino “Mais perto quero estar”, entreguei minha vida a Jesus. Posteriormente, enfrentando rejeição por causa da minha fé, encontrei naqueles irmãos e amigos o apoio espiritual necessário para crescer e vencer. Tudo como fruto da beleza e simplicidade de um pequeno grupo.

Referências:

  • 1 Cario Petrini, http://www.slowfoodbrasil.com/content/view/12/28 25/05/2009.
  • 2 Ellen G. White, A Ciência do Bom Viver, p. 47.
  • 3 _____________, Review and Herald, 17/11/1904.
  • 4 _______________, O Colportor-Evangelista, p. 39.
  • 5 _______________, Testemunhos Seletos, v. 3, p. 66.
  • 6 _______________, Filhos e Filhas de Deus, p. 266.