Temos, só no Brasil, um grande contingente de pastores e obreiros que realizam um valioso trabalho na Obra do Senhor. Desempenham, com elogiável esmero, as mais diversas, nobres e espinhosas funções, com dedicação e idealismo. E os resultados dessa boa disposição, verificam-se na conquista de almas para o reino dos Céus.
No empenho de fazer com que a mensagem chegue ao maior número de pessoas, pregam-se vibrantes sermões. Primorosos discursos são pronunciados, empregadas as mais atualizadas técnicas de oratória, as quais fazem estremecer até mesmo os corações mais indiferentes. A cruz torna-se um irresistível apelo, pois que pintada em cores fascinantes. Verdadeiras cascatas de palavras, cheias “de graça e verdade” (João 1:14), convidam a uma mudança de vida e a um retomo ao Criador.
Há, até mesmo, uma espécie de competição sadia, por parte de muitos, com o propósito de levar ao batismo o maior número de almas em seu campo de trabalho, e isto é sempre motivo para se dar glórias ao Senhor. Aqueles que exercem a função de departamentais, por outro lado, empenham-se em suprir de materiais evangelísticos os vários setores do campo, a fim de que a pregação possa ir avante com sucesso. Além disso, viajam, fazem congressos e pregam nas igrejas. Tudo isso é saudável e benéfico ao progresso do evangelho.
Mas, enquanto se ouve o som da trombeta anunciando aos quatro ventos a mensagem de que Cristo logo vem, por uma “grande nuvem de testemunhas” (Heb. 12:1) que pregam, poucos são os pastores que se dedicam a escrever artigos para nossas revistas e mesmo livros. Só de longe em longe, toma alguém tempo para produzir algum trabalho escrito. Enquanto isso, vai continuando virgem ou praticamente inexplorado esse filão de recurso evangelístico, à espera de que alguém se atreva a garimpá-lo.
Alguns pastores com os quais tenho conversado, cujo sucesso no evangelismo é indiscutível, parecem estremecer ao pensamento de terem que produzir algum trabalho escrito. Peça-se-lhes que façam um sermão, e não terão a mínima dificuldade em assumir essa incumbência. Quando se trata de escrever, porém, as coisas mudam de figura.
Alguns, por não quererem expor-se. A insegurança no uso do vernáculo, impede-os de apresentar por escrito suas idéias. Quando falam do púlpito, não precisam preocupar-se tanto com a grafia das palavras, imaginam; muitas vezes, até com a concordância e outras exigências gramaticais. Ao escreverem, porém, temem revelar quanto deixaram de cultivar o seu idioma; em muitos casos, em benefício de uma língua estrangeira!
Mas, conforme temos aprendido, nunca é tarde para se começar a fazer alguma coisa. O que não falta são livros que ensinam como se deve dedicar a essa bela arte, a arte de escrever. É bom saber que, se o artigo for aproveitável, no que se refere ao seu conteúdo, o redator sempre colabora com o autor, corrigindo possíveis imperfeições. Mesmo entre pessoas acostumadas a escrever, raramente o que escrevem é publicado sem alguma alteração ou acomodação às normas de publicidade. Vale, portanto, a pena tentar.
Ser um bom orador é muito importante. Mas se o orador puder ser também escritor, vai sentir-se ainda melhor. Seu auditório será muito mais amplo, e certamente também o resultado do seu trabalho.
— O Redator.