Instituto Adventista de Ensino, campus de Santo Amaro, ao realizar a I Jornada Brasileira de Psicologia do Aconselhamento Cristão, nos dias 22 a 25 de janeiro, exerceu uma das funções legítimas do ideal universitário: tornar acessível o saber elaborado e refletido de mestres e doutores, para a comunidade. No planejamento e na promoção da Jornada, foi encontrado e declarado o público-alvo: psicólogos, pastores evangélicos, conselheiros, orientadores educacionais, preceptores, capelães, professores de ensino religioso e estudantes de áreas afins.
Em nome dos que ouviram os eminentes palestrantes convidados para o evento, registramos aqui nosso agradecimento ao IAE; agradecimento esse que vai acompanhado de felicitações pela realização de tão importante encontro. Aos ilustres oradores, nosso respeito e admiração.
Os manuais de administração eclesiástica procuram analisar a Igreja sob aspectos diversificados. Nesta oportunidade, mencionaremos apenas dois deles:
1. A Igreja é um grupo de cristãos. Trata-se de um organismo ao qual Jesus Cristo dá vida espiritual. É centralizada em Cristo, mas voltada para as pessoas. A Igreja não existe para seu próprio bem co-mo uma instituição, mas para o bem de seu povo. Cada doutrina deve ser defendi-da não somente com base em sua veracidade, mas também, tendo em vista sua contribuição para que as pessoas se tornem semelhantes a Jesus. A verdade e a doutrina são significativas para Deus, mas apenas quando ajudam as pessoas.
2. A Igreja é um lugar de cura para pessoas feridas. A enfermaria do pronto socorro de um hospital continha o seguinte cartaz afixado na parede: “A dor termina aqui.”
Que bênção seria se toda congregação, toda instituição pudesse honestmente colocar um cartaz com os dizeres “a dor termina aqui”! As pessoas iriam, aos milhares, a um lugar que detivesse ou lhes ajudasse a enfrentar sua dor espiritual, emocional, existencial. Ecoa num mundo enfermo um brado a pedir saúde.
Há uma infinidade de almas arranhadas pela dor da perda. Jovens perplexos diante das incertezas, dos enigmas e desafios da construção de si mesmos. O mundo está enfermo pela ansiedade daqueles que estão ou se sentem sós. Há mentes pressionadas pela ansiedade e torturadas pela depressão. Famílias ameaçadas pelos conflitos. Impasses e rompimentos carentes de reconciliação. Corações necessitados da terapia do perdão.
Mas há de se constatar, também, que uma imensa maioria está em busca de conselhos que lhe mostrem um caminho seguro e firme. É aqui que reside nosso grande desafio. Ao nosso redor, há uma demanda exaustiva por conselhos. Mas nos deparamos com a realidade de que não existem conselheiros suficientemente capacitados para atender de maneira eficaz a essa demanda.
Embora a essência do drama da humanidade permaneça a mesma desde o Éden – a luta contra o pecado e seus implacáveis efeitos -, a vida se tornou mais complexa, cheia de nuances e matizes, estruturas sociais fragmentadas, pressões e desafios massacrantes. Para lidar com esse novo contexto, são necessárias abordagens planejadas, conhecimentos acumulados, domínio da psicologia e das novas dinâmicas dos relacionamentos humanos. Essas disciplinas avançaram muito com o passar do tempo.
Nesta altura, fazemos uma justificada ponderação: “Bem-aventurado o homem que não anda no conselho dos ímpios.” (Sal. 1:1). ímpio significa sem Deus. Felizes são os que não andam segundo o conselho daqueles conselheiros que insistem em viver sem Deus. Para os quais Ele não tem importância, Seu poder é ilusório, e o certo e o errado se tornam relativos. Daí concluirmos que uma indispensável característica de um conselheiro cristão é estar com Deus, “Aquele que é grande em conselho”. (Isa. 32:19).
A verdadeira sabedoria para aconselhar vem do Senhor. Do verdadeiro e eficaz conselheiro cristão requer-se preparo específico e uma clara compreensão da vontade de Deus. Escrevendo aos romanos, Paulo propõe uma reflexão muito útil àqueles que desejam ser conselheiros cristãos: “Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o Seu conselheiro?” (Rom. 11:34); e ele mesmo responde: “Nós, porém, temos a mente de Cristo.” (I Cor. 2:16).
O conselheiro cristão deve ter a mente de Cristo, uma mente espiritual. Deve entender também que ele próprio carece de conselho e deve estar sempre em sua mente a oração do salmista: “Tu me guias com o Teu conselho, e depois me recebes na glória.” (Sal. 73:24).
Ao proceder a descrição da atividade do Salvador do mundo, Isaías O identifica, entre tantos títulos, como “Conselheiro” (Isa. 9:6). E a que cena constante assistimos nos Evangelhos? Ao Senhor Jesus envolvido diretamente em sessões de aconselhamento pessoal, atividade que não podia separar das metas principais de Seu ministério, como o modelo a ser imitado por Seus discípulos.
Eis, portanto, o desafio para os que desejam ser Seus discípulos efetivos: aconselhar como Ele aconselhou.
– José M. Viana.