Sra. R. I. KEATE
Instrutora Bíblica Aposentada, Madison, Tennessee
Nota da Redação. — Convém, de quando em quando, examinar os planos e métodos dos instrutores bíblicos que deram contribuição apreciável para a obra. Um artigo valioso dos “primeiros dias” me chamou a atenção, e por ser bem definido e oportuno, partilhamo-lo com os nossos obreiros. É um conselho acertado em tempo em que corremos o perigo de perder a perícia na obra bíblica, que noutro tempo caracterizou a nossa mensagem. — L. C. K.
PARA dar um estudo com êxito, é em primeiro lugar necessário ter um esbôço definido. Êste poderá estar escrito ou confiado à memória. Uma vez escolhido o assunto a ser apresen tado, convém fazer uma conferência completa de todos os passos referentes ao assunto, esco lhendo para o esbôço os que com maior clareza exponham os pontos da verdade a ser apresen tada. A quantidade de versículos necessária para completar o esbôço, variará, naturalmente, de conformidade com o assunto e o método do ensino, mas em geral são necessários dez a dezesseis versículos. O ponto principal a ser observado na feitura dum esbôço é a ordem coe rente dos versículos, de maneira tal que um aspecto da verdade se encadeie com outro em ordem lógica. Cada texto deve expor o ponto tratado com clareza tal que não haja dúvida alguma quanto à sua significação.
O passo introdutório é muito importante. Deve êle dar ênfase ao assunto que esteja sendo tratado. Por exemplo, no esbôço sôbre a “Segunda Vinda de Jesus”, usar-se-á para primeiro passo S. João 14:1-3: “Virei outra vez”, ou Heb. 9:28: “Aparecerá segunda vez… aos que O esperam para salvação”. Com ponto de partida nessas declarações definidas, prossegui no esbôço, apresentando como e quando se dará a segunda vinda de Jesus, de maneira tal que os textos tenham seqüência lógica e formem uma apresentação completa do assunto.
Cavar Fundo e Preparar Bem
O preparo para dar um estudo bíblico não somente compreende estudo suficiente para produzir um esbôço satisfatório, mas também estudo extensivo e informação geral. Devemos estar preparados para fornecer mais informação do que pretendemos apresentar em relação com o estudo. É o suprimento de reserva de conhecimento sôbre qualquer assunto que nos faculta falar com confiança e ênfase convincentes. Notai a seguinte declaração: “Se tomais sôbre vós a sagrada responsabilidade de ensinar outros, tendes o dever de ir ao âmago do assunto, que procurais ensinar.” — Test. Sôbre a Escola Sabatina, pág. 58. A fim de tornar interessantes os nossos estudos bíblicos, e evitar que nos tornemos rotineiros precisamos estudar continuamente, bem como pôr em nosso ensino variação e individualidade.
Outro elemento essencial de preparo é a es colha da matéria auxiliar apropriada para dar clareza à verdade, tais como cartazes, diagra mas e ilustrações. De tôda maneira possível devemos buscar apelar tanto à vista como ao ouvido, se quisermos fazer impressão duradoura. Devemos ter certeza, porém, de que com preendemos o nosso cartaz, diagrama ou ilus tração e dêles podemos fazer uso proveitoso. Nossos acessórios devem ser tais que levemos os pontos da verdade às profundezas da mente; deverão êles servir como pregos em lugar certo, e não simples material interessante para agra dar as pessoas.
Fazer os Alunos Sentirem-se à Vontade
Ao entrarmos por primeira vez numa casa para dar um estudo bíblico, acontece em geral notarmos uma atitude vacilante da parte das pessoas. Não sabem elas qual seja exatamente o nosso propósito, nem o que delas esperamos; e essa circunstância exige muito tato da parte do instrutor bíblico para fazer todos se senti rem perfeitamente à vontade e apresentar o estudo de maneira bem natural.
Em primeiro lugar, buscar-se-á saber quantas Bíblias há disponíveis. Se o estudo é apresen tado a uma só pessoa, naturalmente uma única Bíblia é necessária; mas no caso de um grupo de várias pessoas, cada uma delas deverá ler na sua própria Bíblia o texto apresentado, len do cada uma delas, a seu turno, em voz alta. A menos que êste plano seja seguido, perder-se-á o verdadeiro estímulo do estudo bíblico. Visto que requer paciência e tato para auxiliar as pessoas a encontrarem os textos, alguns ins trutores bíblicos preferem citar o passo e lerem-no êles próprios. Com êsse sistema, porém, o estudo bíblico em realidade fica reduzido a um pequeno sermão ou preleção, e muitos pon tos importantes ficam perdidos, ao passo que, se a própria pessoa ler o passo, mais profunda impressão lhe é feita na mente.
Sistema, Apesar das Variações no Ensino
Deve haver um sistema na apresentação dos textos. A experiência no trato com as mentes não acostumadas ao estudo da Bíblia recomenda o plano de anunciar primeiramente o nome do livro em que se encontra o texto, em seguida o capítulo do livro e, por fim, o versículo dêsse capítulo. Ao darem estudos bíblicos alguns obreiros costumam, antes de citarem o versículo, fazer uma pergunta que será por êle respondida, e outros fazem uma declaração daquilo que o texto irá revelar. Aprecio ambos êsses métodos e uso-os em quase cada estudo que dou. A variação é permissível e, algumas vêzes uma declaração esclarece mais do que uma pergunta. Certificai-vos de que, depois de lido o versículo, o aluno veja nêle a resposta à vossa pergunta, ou reconheça que a vossa declaração foi confirmada.
Não raro acontece que uma pessoa lê um texto bíblico sem perceber claramente a idéia que contém. Tem o instrutor bíblico o dever de, com tacto, reler o versículo e obter do aluno uma declaração que demonstre haver êle compreendido a verdade contida no texto. Não é muito animador o darem-se estudos bíblicos a uma pessoa, semana após semana, sem pos suir uma indicação do que pensa a respeito da verdade apresentada. No fim de cada estudo, é bom plano recapitular com poucas palavras os fatos apresentados e conseguir a aprovação do aluno para a verdade contida nêsse estudo.
Dominar a Situação
Algumas vêzes enfrentamos pessoas que querem falar demais, com o conseqüente perigo de deixarmos de encaminhar o estudo de maneira concatenada e eficaz. Há nisso uma prova de tacto e paciência. O deixar-se pôr de parte por meio de perguntas despropositadas ou de conversas sôbre temas gerais, degenera em confusão. Se não retiverdes firmemente as rédeas do assunto, logo vos encontrareis debatendovos como um afogado, tacteando ora numa coisa ora noutra, num esfôrço desesperado para tomar fé em terreno firme. Ao serem feitas perguntas sem relação direta com o assunto tratado, e que se forem respondidas desviarão o assunto ou o farão fracassar, convém dominar a situação com dizer que em devido tempo os estudos tratarão dêsse ponto e que, se quem apresenta a pergunta tiver a oportunidade, o assunto será compreendido com mais facilidade.
Quanto ao tempo requerido para o estudo, bíblico, verificou-se que, em média trinta e cinco a quarenta e cinco minutos são tempo suficiente para a apresentação de qualquer assunto.
Minha experiência me levou à conclusão de que é melhor orar no fim que no comêço do estudo. Minhas razões são as seguintes: Coopera para impressionar na mente com a importância do estudo, e faz a lição parecer mais importante e solene, por havermos para ela pedido a bênção divina. Prepara, também, o caminho para sairmos da casa imediatamente em silêncio — sempre o melhor plano a ser seguido. Com umas poucas palavras de despedida e de combinação para o estudo seguinte, deixai o aluno sob a impressão de que tendes um trabalho muito importante para fazer e precisais apressar-vos para atender a outro compromisso.
Convém lembrar que o instrutor bíblico não deverá apresentar um estudo bíblico de assunto em que não tem interêsse ou não compreende. Se o assunto é, pelos instrutores experimenta dos, considerado importante, deverá o instrutor bíblico encher-se de entusiasmo por êle. Trapaçear um estudo difícil não é a maneira correta de livrar-se dêle; estudai suficientemente o assunto para dominá-lo. O resultado será que um tal estudo virá a ser uma das nossas melhores apresentações.