Disse o néscio no seu coração: Não há Deus. Têm-se corrompido, fazem-se abomináveis em suas obras, não há ninguém que faça o bem.” (Salmo 14:1).

No dia 26 de novembro de 1793, a França, por decreto de sua Assembléia Legislativa, declarou que Deus não existia, o que foi motivo de grande alegria para todos os seus habitantes, com excessão daqueles que escolheram permanecer fiéis a sua fé na existência de um Deus todo-poderoso e eterno.

Esse decreto vigorou até o dia 17 de junho de 1797, quando o governo francês o revogou, e outra vez se permitiu a prática da religião no país. Porém, durante o tempo de sua vigência, foram queimadas muitas Bíblias, e a Palavra de Deus foi oficialmente rejeitada.

A França estava tentando destruir a Palavra do Senhor, declarando guerra à religião, estabelecendo mais fortemente as sementes do ateísmo. Para isso, algumas medidas foram adotadas. Dentre elas citamos as principais: 1) Além de se proibir a adoração a Deus, foram fechados todos os templos; 2) decidiu-se que a semana teria dez dias; 3) abandonou-se o dia de descanso, consagrando-se, em seu lugar, um dia em cada dez para orgia e blasfêmia; 4) negou-se abertamente a existência de Deus; 5) nomeou-se uma mulher imoral como “deusa da razão”, e as pessoas foram convidadas a adorá-la; e 6) proibiu-se todo tipo de culto religioso, e cerimônias como o batismo e a comunhão.

Ao idolatrarem a razão humana, o povo francês e todos aqueles que apoiaram as medidas tomadas contra Deus, Sua Obra e Sua Palavra, acabaram cumprindo o que Paulo escrevera aos cristãos romanos: “Porquanto, tendo conhecimento de Deus, não O glorificaram como Deus, nem Lhe deram graças, antes se tornaram nulos em seus próprios raciocínios, obscurecendo-se-lhes o coração insensato. Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível…” (Rom. 1:21-23).

As conseqüências

Diante de tal atitude, poderia surgir uma pergunta: Seria o mundo pior ou melhor sem a Bíblia, religião, ou sem a crença na existência de Deus? Para respondê-la, é bastante uma averiguação do que Ellen White escreveu em O Grande Conflito, páginas 271 a 281, sobre a situação da França no período em que vigorou o famigerado decreto. Dali se depreende que durante os três anos e meio de ateísmo oficializado, a França experimentou um estado de revolta e anarquia. Diz Ellen White, “quando as restrições da Lei de Deus foram postas de lado, verificou-se que as leis dos homens eram impotentes para sustar a onda da paixão humana e a nação descambou para a revolta e anarquia”.

Houve uma intensa batalha contra a Bíblia e muitos exemplares foram queimados publicamente. A paz e a felicidade foram banidas dos lares e dos corações. Ninguém se achava seguro, uma vez que a violência e a cobiça exerciam incontestável domínio. Todos os considerados suspeitos de hostilizar a revolução foram ameaçados de morte. As prisões estavam repletas, abrigando algumas vezes mais de duzentos mil prisioneiros. Multiplicavam-se nas cidades as cenas de horror, sem a menor demonstração de misericórdia em relação a sexo ou idade. A França, enfim, tornou-se um vasto campo repleto de pessoas dominadas pela fúria das paixões.

“Tudo como Satanás queria”, afirma Ellen White, acrescentando que “durante séculos se empenhara por consegui-lo. Sua política é o engano desde o princípio até o fim, e seu propósito fixo é acarretar a desgraça e a miséria aos homens. Desfigurar e aviltar a obra de Deus, desvirtuar os propósitos divinos de benevolência e amor, ocasionando assim o pesar do Céu”.

As palavras de Paulo bem poderiam ser aplicadas àqueles dias: “Não há justo, nem sequer um, não há quem entenda, não há quem busque a Deus, todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há um sequer. A garganta deles é sepulcro aberto, com a língua urdem engano, veneno de víbora está nos seus lábios, a boca eles a têm cheia de maldição e amargura; são os seus pés velozes para derramar sangue, nos seus caminhos há destruição e miséria; desconhecem o caminho da paz. Não há temor de Deus diante dos seus olhos.” (Rom. 3:10-18).

A vitória de Deus

No ardor da incredulidade, Voltaire disse orgulhosamente: “Se foram necessários doze pescadores ignorantes para levar adiante o Evangelho de Jesus Cristo, eu mostrarei que basta um francês para destruí-lo. Daqui a 50 anos, ninguém se lembrará de Jesus Cristo.” Ironicamente, no entanto, 25 anos depois dessa orgulhosa declaração, as sociedades bíblicas adquiriram a casa que havia sido de Voltaire e a transformaram num depósito de exemplares da Bíblia.

O que Deus estabelece permanece eternamente. “As obras de Suas mãos são verdade e justiça; fiéis todos os Seus preceitos. Estáveis são eles para todo o sempre, instituídos em fidelidade e retidão.” (Salmo 111:7 e 8). O profeta Isaías, por sua vez, acrescenta: “Seca-se a erva, e cai a sua flor, mas a Palavra de nosso Deus permanece eternamente.” (Isa. 40:8).

Apesar da tentativa de destruição da Palavra do Senhor, a França foi obrigada a revogar seu decreto ateísta e admitir novamente a prática da religião e a leitura da Bíblia. Afinal, era o que estava predito pelo apóstolo João: “Mas, depois de três dias e meio, um espírito de vida, vindo da parte de Deus, neles penetrou e eles se ergueram sobre seus pés, e àqueles que os viram sobreveio um grande medo; e as duas testemunhas ouviram grande voz vinda do Deus, dizendo-lhes: subi para aqui. E subiram ao Céu na nuvem, e os seus inimigos as contemplaram.” (Apoc. 11:11 e 12). Como sabemos, as duas testemunhas representam as Escrituras do Velho e Novo Testamentos.

Assim, a Palavra de Deus que por três anos e meio foi vencida e morta (Apoc. 11:7), ressuscitara e estava subindo cada vez mais.

“Esta exaltação das testemunhas tem sido entendida como simbolizando a notável popularidade que as Escrituras têm desfrutado desde o início do século XIX. Logo após a Revolução Francesa, várias sociedades bíblicas nacionais foram estabelecidas. Particularmente notável entre elas, são a British and Foreign Bible Society, fundada em 1804, e a American Bible Society, organizada em 1816. Essas sociedades, juntamente com outras, têm feito circular as Escrituras pelo mundo em mais de mil línguas. Desta sorte, no último século e meio, a Bíblia ao invés de ser relegada ao esquecimento como guia espiritual, veio a desfrutar a sua mais ampla circulação.” (Comentários sobre Apocalipse, vol. 2, pág. 190).

Ateísmo hoje

A influência do ateísmo, que teve seu ponto culminante nos dias da primeira República da França (1789 a 1801), espalhou-se para o Norte e Oriente, estendendo-se até a Rússia. A Revolução Russa de 1917 constituiu-se, em parte, num ataque contra a religião, uma vez que favorecia o ateísmo. Esse vírus espalhou-se através de todo o mundo, ganhando adeptos, infiltrando-se inclusive nos currículos escolares, e sob um disfarce científico pretende hoje desafiar a auto-revelação de Deus nas Escrituras. O ateísmo já envolveu grande parte do mundo e continua crescendo. Por essa razão, a mis-são dos três anjos de Apocalipse 14 é reivindicar a honra de Deus como Soberano e Criador do universo (Apoc. 14:6-12).

Deus está sendo expulso de muitos corações atualmente. A filosofia ateísta está pre-sente nas escolas públicas e particulares, através do ensino evolucionista, inculcado na mente dos estudantes não como uma teoria, mas como a única fonte de verdade acerca das origens da raça humana.

Nas universidades, ser um ateu significa status, e muitos professores são exaltados por suas declarações ateístas, como se fossem donos da verdade. Professores e alunos se orgulham de sua descrença. Deus está sendo rejeitado, e as conseqüências estão sendo vistas e sentidas, através do caos moral, fruto das idéias anárquicas que minam as bases da sociedade. Milhares de jovens recorrem ao uso das drogas tentando encontrar a paz que a filosofia ateísta não pode oferecer.

Não há dúvida de que a única solução é o retorno a Deus, como bem o disse Santo Agostinho: “Tu nos criaste para Ti, e nosso coração estará ansioso enquanto não encontrar repouso em Ti.” Will Durant certa vez afirmou que “o grande problema de nossos dias não é o comunismo contra o individualismo, nem a Europa contra a América, nem ainda o Oriente contra o Ocidente… o problema é se o homem pode suportar viver sem Deus”.

Razão para crer

Creio na descrença! Essa é a afirmação básica do ateísmo. Porém, infelizmente, a maioria dos ateus jamais se preocupou em pesquisar as razões para sua descrença.

Após uma das minhas aulas, certo aluno procurou-me nos corredores e me disse: “não creio em Deus, professor.” Fitei-o bem. Era um aluno aparentemente bem interessado nas pesquisas bíblicas durante as aulas. Participava muito e demonstrava certo interesse. Então, perguntei-lhe a razão de se envolver tanto nas aulas de Bíblia, se não acreditava em Deus. “Se eu não participar, não recebo notas”, respondeu-me.

“Muito bem”, disse-lhe eu, “você não crê em Deus. Então apresente algumas evidências de que Ele não existe”. Vendo-o em silêncio e sem poder responder nada, acrescentei: “Posso apresentar-lhe muitas evidências de que Deus existe, começando com a perfeição e a complexidade dos órgãos do nosso corpo; a ordem que existe na Natureza, etc. Veja este relógio. Como acha que ele surgiu? Por acaso? As peças foram-se encaixando por si mesmas?” Sorrindo, o aluno continuou desafiando: “Prove-me que Ele existe.” Contestei-lhe sugerindo: “Prove-me que Ele não existe.”

A existência de Deus não é uma questão científica ou filosófica. É uma questão de fé.

Eis a questão. Desgraçadamente muitas pessoas jamais questionaram a própria descrença. Na verdade, a maioria das pessoas jamais se preocupou em pesquisar as razões para sua descrença. É fundamental estabelecer a fé e as implicações da descrença.

Se um crente não pode provar a existência de Deus, um descrente também não pode provar que Ele não existe. O elemento principal não é a prova de que Deus existe ou não existe, mas a fé.

Conclusão

Realmente, é mais sábio crer na existência de Deus. Filosoficamente falando, é mais razoável, mais condizente com a inteligência humana. Por isso Isaac Newton disse que “a ordem admirável do Sol, dos planetas e dos cometas não existe se não de um plano, e segundo a orientação de um ser onisciente e onipotente”. Arthur Thompson declarou: “A idéia de Deus é e deveria ser a expressão mais alta da mente humana.”

Certamente todos nós já ouvimos a história de um sábio incrédulo que caminhava pela praia, pensando em como poder compreender a Deus. De repente, viu uma criança que com um caracol tirava água do mar e o esvaziava num buraquinho cavado na areia. “O que estás fazendo filhinho?”, perguntou o homem. “Quero colocar toda a água do mar neste buraco”, respondeu a criança. O sábio então concluiu: “Ah! É justamente o que eu estou tentando fazer ante o oceano infinito. Querendo colocá-lo em minha mente finita.”

A existência de Deus não é uma questão científica, mas filosófica. Não é uma questão para se provar ou não, pois está além da compreensão humana. É um assunto no qual se crê ou não se crê. Uma questão de fé. “De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que Ele existe e que Se toma galardoador dos que O buscam.” (Heb. 11:6).