A ancianidade tem tido grande importância na formação e origem das sociedades antigas. Durante a primeira etapa do desenvolvimento dos israelitas, tinham eles vida nômade, habitando em tendas (Gên. 12:8), e caminhavam com seus rebanhos. Estavam organizados segundo o sistema tribal, em que eram guiados por um chefe a quem respeitavam e obedeciam. No caso de Abraão, Isaque e Jacó, esses chefes eram chamados patriarcas. Com o crescimento das famílias israelitas, foram surgindo novos líderes patriarcas, chefes de família (Gên. 45:18; Lev. 20:5; Jos. 22:14).

Durante o cativeiro egípcio tal sistema patriarcal não deixou de existir. Aos poucos, esses chefes de família foram se tomando anciãos. Quando Moisés foi ao Egito para libertar o povo de Israel, ele reuniu os anciãos (Êxo. 3:16). No deserto, por vontade divina, Moisés elegeu setenta anciãos para ajudarem administrar e julgar o povo (Êxo. 18:21-26). Posteriormente, Deus derramou Seu Espírito Santo sobre eles, confirmando-os no trabalho (Núm. 11:24 e 25).

Após o período no deserto, parece que cada cidade tinha o seu próprio corpo governamental de anciãos (Deut. 22:15-18; Juí. 8:14). A nação também passou a ter seu corpo de anciãos (I Sam. 8:4). Nos dias de Jesus, os anciãos ainda tinham forte influência (Mat. 27:1).

Eram prerrogativas dos anciãos, nos tempos do Antigo Testamento, julgar o povo (Êxo. 18:21 e 22), representar a comunidade (Êxo. 19:7 e 8), administrar o povo (Núm. 11:16, 17, 24 e 25), proteger a Lei e o testemunho (Deut. 31:9), preservar a tradição (Deut. 11:5 e 6), guiar o povo (Isa. 9:15 e 16).

No Novo Testamento

No Novo Testamento, o ancião é designado com o termo grego presbiteroi (presbítero). Tem a ver com pes-soas dignas que governam as cidades, julgam e dão conselhos. Quando a expressão aparece no Novo Testa-mento, já está relacionada com liderança eclesiástica (Atos 11:29 e 30).

Em Mileto, o apóstolo referiu-se aos anciãos como bispos constituídos por Deus (Atos 20:17 e 18). A palavra bispo é traduzida do termo grego episkopos, que significa vigilante e inspetor. Como tais, deveriam atuar como pastores (I Ped. 5:1 e 2), administradores (I Tim. 3:4 e 5), mestres (I Tim. 3:2; II Tim. 2:2), pregadores (I Tim. 5:17), 

guardiães da doutrina (Tito 1:9) e evangelistas (II Tim. 4:5).

Qualificações

Dos escritos do Antigo e Novo Testamentos, podemos enumerar as principais características dos anciãos. Eles devem ser homens capazes, tementes a Deus, que falem a verdade, não avarentos (Êxo. 18:21). Igualmente devem ser irrepreensíveis, maridos de uma só mulher, sóbrios, honestos, hospitaleiros, aptos a ensinar, temperantes, mansos, generosos, equilibrados, pacíficos e pacificadores, experientes. Também devem ter bom testemunho dos de fora e ser bons chefes de família, caso sejam casados (I Tim. 3:1-7; Tito 1:6-9).

Como líderes da Igreja, devem ser tratados com honra (Lev. 19:32) e respeito (Isa. 9:15; I Tim. 5:17). Não devem ser aceitas acusações frívolas contra seu caráter ou procedi-mento, a menos que possam ser confirmadas pelo menos por duas ou três testemunhas (I Tim. 5:19). Os que pecarem publicamente devem ser repreendidos publicamente para exemplo dos demais, entretanto sem parcialidades negativas ou positivas (I Tim. 5:20 e 21).

Hoje, o ancião deve ser alguém com todas as características descritas nos textos bíblicos referidos até aqui. Escolhido por uma igreja organizada deve desempenhar essa função com amor e santidade, reconhecendo a responsabilidade sagrada que lhe foi conferida através da imposição das mãos.