“Sendo sociáveis e aproximando-se bem do povo pode-se mudar-lhes a direção dos pensamentos muito mais facilmente do que pelos discursos mais bem preparados”
Durante as viagens que faço pelo mundo apresentando seminários sobre ministério pessoal, frequentemente pergunto qual é o melhor método para levar pessoas ao batismo na Igreja Adventista do Sétimo Dia. É muito interessante notar que a maioria das respostas é: “por meio de amigos”. As estatísticas demonstram que aproximadamente 90% das pessoas que se unem à família de Deus foram atraídos por meio de relacionamentos familiares ou com amigos. De fato, na prática da evangelização, necessitamos do binômio fundamento bíblico e amizade. Por preceito e exemplo, Jesus demonstrou a eficácia da amizade em Seu ministério.
Ellen G. White escreveu que “unicamente os métodos de Cristo trarão verdadeiro êxito no aproximar-se do povo. O Salvador misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem. Manifestava simpatia por eles, ministrava-lhes às necessidades e granjeava-lhes a confiança. Ordenava então: ‘Segue-Me’” (A Ciência do Bom Viver, p. 143).
Segredo do sucesso
Devemos estudar e aprender sobre o método de Jesus. Ele Se aproximava das pessoas, manifestava sincero desejo pelo bem-estar e atendia as necessidades delas. Isso é amizade. A prática desse método tornou possível para Ele a abertura de portas para o evangelismo. Neste artigo, vamos analisar como Jesus Cristo fez amigos, durante o tempo em que esteve na Terra.
“Misturava-Se com os homens como uma pessoa que lhes desejava o bem.” Em certa ocasião, Ele disse: “Vós sois o sal da Terra” (Mt 5:13). “O sal deve ser misturado com a substância em que é posto; é preciso que penetre a fim de conservar. Assim, é com o contato pessoal e a convivência que os homens são alcançados pelo poder salvador do evangelho” (Ellen G. White, O Maior Discurso de Cristo, p. 36).
O método de Cristo mostra a necessidade de nos aproximarmos das pessoas. Mas, Ele não fez isso apenas por fazer. “Misturava-Se como uma pessoa que lhes desejava o bem”.
Alcançou homens e mulheres tendo em vista o bem que eles deviam experimentar. Eles estavam ao redor dEle e representavam a prioridade máxima de Seu ministério. De que modo Ele fez isso? Buscou acesso ao coração deles “de maneira que os fazia sentir quão perfeita era Sua identificação com os interesses e a felicidade deles” (Ellen G. White, Evangelismo, p. 55).
Uma forma de Jesus Se envolver com as pessoas era visitando-as em casa (Mc 2:1). Foi à casa de Pedro (Lc 4:38) e também não hesitou em ir à casa de Zaqueu (Lc 19:5). Quando foi convidado a uma festa de casamento (Jo 2:1, 2), Ele Se misturou com as pessoas e satisfez uma necessidade geral, ao transformar água em vinho. Jesus Se associava com as pessoas porque as amava e tinha sincero interesse nelas. Se estamos buscando razões para alcançar as pessoas que estão ao nosso redor, não precisamos ir longe. É por isso que Jesus veio a este mundo. Somos o item mais importante de Seu programa, não por causa de nosso status nem de nossas capacidades, mas porque somos valiosos em nós mesmos.
“A sociabilidade cristã é na verdade bem pouco cultivada pelo povo de Deus… Especialmente, os que provaram o amor de Cristo devem desenvolver aptidões sociais, pois dessa maneira podem ganhar pessoas para o Salvador” (Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 172). “Sendo sociáveis e aproximando-se bem do povo, pode-se mudar-lhes a direção dos pensamentos muito mais facilmente do que pelos discursos mais bem preparados” (Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 193).
“Manifestava simpatia por eles.” Simpatia significa “sentir junto”. Webster a define como “entrar em”, ou “habilidade para entrar” nos sentimentos, emoções e estado mental de uma pessoa. Esse termo está intimamente associado à compaixão que, por sua vez, é um sentimento ligado intimamente ao ministério de Jesus. Sabemos que Ele é o Senhor de toda compaixão. Diante do leproso que Lhe suplicava cura, Ele ficou “profundamente compadecido” (Mc 1:41). Ao Se encontrar com a viúva de Naim, que pranteava o filho morto, “Se compadeceu dela” (Lc 7:13). Ao ver multidões atormentadas e desajudadas, “compadeceu-Se delas” (Mt 9:36). O simpático e compassivo coração de Cristo ansiava tornar homens e mulheres sadios e felizes.
“Ministrava-lhes às necessidades.” Dois discípulos de João Batista ouviram a respeito de Cristo e começaram a segui-Lo de longe. Voltando-Se para eles, o Mestre perguntou: “Que buscais?” (Jo 1:37, 38). Essa pergunta aparentemente simples é muito reveladora. Jesus começou a abordagem não com Sua agenda, mas com a deles. Começou o diálogo onde eles estavam e, gradualmente, os atraiu a Si.
Jesus Cristo sempre encontra as pessoas onde elas estão. Ministrava às necessidades delas. Empregava formas variadas de abordagem, ao encontrar os diferentes indivíduos no lugar em que eles estavam, com suas diversas necessidades: alimento físico (Mt 14:15-20), cura divina (Mt 14:14), sociabilização (Jo 2:1-5), segurança emocional (Jo 4:4-12) ou genuína espiritualidade (Jo 3:1, 2). “Durante Seu ministério, Jesus dedicou mais tempo a curar os enfermos do que a pregar. Seus milagres testificavam da veracidade de Suas palavras, de que não veio para destruir, mas para salvar” (A Ciência do Bom Viver, p. 19).
“Ordenava então: ‘segue-Me’.” Em primeiro lugar, Cristo ministrava às necessidades de cada pessoa; então, desafiava: “Segue-Me!” Nesse ponto, é proveitoso distinguir entre necessidade sentida e necessidade suprema. Necessidade sentida é aquele tipo em que alguém percebe sua necessidade de ajuda. É uma necessidade percebida. Por exemplo, muitos trabalhadores oprimidos têm necessidade de aliviar o estresse. A necessidade sentida de um fumante é vencer o hábito de fumar.
Necessidade suprema é a necessidade máxima que temos, com o passar do tempo. Cremos que a necessidade máxima de toda pessoa deste planeta é ter Deus na vida. A reconciliação com Deus é a suprema necessidade do homem. Diz Ellen G. White: “Muitos não têm fé em Deus e perderam a confiança no homem. Mas apreciam ver atos de simpatia e prestatividade. Ao verem alguém sem qualquer incentivo de louvor terrestre ou compensação aproximar-se de seus lares, ajudando os enfermos, alimentando os famintos, vestindo os nus, confortando os tristes e ternamente chamando a atenção para Aquele de cujo amor e piedade o obreiro humano é apenas mensageiro – ao verem isto, seu coração é tocado. Brota a gratidão, e fé é inspirada. Veem que Deus cuida deles, e ao ser Sua Palavra aberta, estão preparados para ouvi-la” (Medicina e Salvação, p. 247).
Devemos encontrar as pessoas onde elas estão. Esta é a estratégia divina: homens e mulheres com o senso de que são embaixadores de Cristo, motivados por Seu amor, para satisfazer as necessidades físicas, emocionais, mentais e espirituais das pessoas. Através de tudo isso, temos um grande objetivo; afinal, os objetivos de Cristo vão além do aspecto temporal. Ele não está interessado em apenas mitigar a fome de multidões com uma boa refeição. Deseja lhes dar o Pão da Vida. Como cristãos, tudo o que fazemos tem um supremo propósito: levar pessoas a Jesus Cristo.
Como levar amigos a Cristo
Seguindo o exemplo de Jesus.
Nosso Mestre amou as pessoas e jamais deixou de ajudá-las. Ao ver uma grande multidão, Ele “compadeceu-Se dela e curou os seus enfermos” (Mt 14:14) e lhe proveu alimento (v. 16-20). Jesus era amistoso com todas as pessoas, inclusive as socialmente rejeitadas (Mc 2:15). Mostrou interesse em todos a quem encontrava e lhes oferecia ajuda espiritual. Podiam ser indivíduos de classe superior, como Nicodemos (Jo 3:1, 2), ou rejeitados, como a mulher samaritana (Jo 4:7). É-nos dito queEle “ia de lugar a lugar, para que os que se achavam nos caminhos e atalhos pudessem ouvir as palavras da verdade. Na praia, nas encostas das montanhas, nas ruas da cidade, nas sinagogas, Sua voz se fazia ouvir explicando as Escrituras” (Obreiros Evangélicos, p. 43).
Sendo amável com todos. Embora todos necessitem de amigos, poucos compreendem as qualidades básicas formadoras de amizade. Um verdadeiro amigo é alguém com quem partilhamos afeição, respeito e interesses mútuos. Os melhores amigos são aqueles que nos ajudam em tempos de dificuldades. Esse é o tipo de amigo que Cristo é; pronto para confortar qualquer pessoa em ocasiões de sofrimento. A amizade de Cristo nos privilegia com amor eterno, direção e revelação de Sua vontade para nossa vida. Ele deu a vida por nós. De fato, não existe no mundo maior expressão de amizade para conosco.
Se queremos conquistar pessoas para Cristo, devemos ser amáveis com elas. Sempre que você encontrar pessoas no ônibus, supermercado, na cidade, em qualquer lugar, seja amável: sorria para elas, cumprimenta-as, ofereça ajuda quando for necessário.
O princípio do amor é vital na amizade. Disse Jesus: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. O segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22:37-39).
Crie oportunidades para ajudar. “Não permitam que passe oportunidade alguma sem ser aproveitada. Visitem os doentes e sofredores, e manifestem-lhes bondoso interesse. Se possível, façam alguma coisa para os cercar de mais conforto. Poderão assim conquistar-lhes o coração, e dizer uma palavra em favor de Cristo. Somente a eternidade poderá revelar todo o alcance dessa atividade. Outros ramos de utilidade se abrirão perante os que estão dispostos a cumprir o dever que lhes fica mais perto” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9. p. 36).
“Palavras bondosas, proferidas com simplicidade, pequenas atenções dispensadas sem ostentação, hão de afugentar as nuvens da tentação e dúvida que se adensam por sobre a pessoa. A verdadeira e sincera expressão de simpatia cristã transmitida com simplicidade tem poder para abrir a porta de corações que necessitam do simples e delicado toque do Espírito de Cristo” (Ibid., p. 30).
As oportunidades para ajudar outros a ir a Jesus estão sempre ao nosso redor. Tudo o que devemos fazer é nos manter atentos e orar, a fim de que possamos percebê-las e aproveitá-las.
Não espere; vá. “Não devemos esperar que as pessoas venham a nós; precisamos procurá-las onde estiverem. Quando a Palavra é pregada do púlpito, o trabalho apenas começou. Há multidões que nunca serão alcançadas pelo evangelho se ele não lhes for levado” (Ellen G. White, Serviço Cristão, p. 121).
“Há muitos que não irão à igreja para ouvir a verdade sendo anunciada. Por meio de esforço pessoal em simplicidade e sabedoria, esses poderíam ser persuadidos a se dirigir à casa de Deus” (Review and Herald, junho de 1880).
Partilhe sua amizade. Comentando o exemplo de amizade que nos foi deixado por Jesus, Ellen G. White diz: “Vão a seus vizinhos e se aproximem deles, até que o coração deles seja aquecido por seu interesse e amor altruísta. Simpatizem com eles, orem por eles, fiquem atentos às oportunidades para lhes fazer o bem, sempre que seja possível, abram a Palavra de Deus a essas mentes escurecidas. Sejam vigilantes, como quem tem que prestar contas a Deus pelos seres humanos. Aproveitem ao máximo o privilégio que Deus lhes dá de trabalhar lado a lado com Ele em Sua vinha. Não deixem de falar a seus vizinhos e lhes mostrar toda bondade que esteja ao seu alcance, a fim de que por todos os meios possam salvar alguns” (Review and Herald, 13/03/1888).
Ela diz mais: “Devemos aproximar-nos das pessoas individualmente com simpatia semelhante à de Cristo e procurar despertar-lhes o interesse nas coisas da vida eterna. Os corações podem ser tão duros quanto o caminho batido e pode parecer uma tentativa inútil apresentar-lhes o Salvador; mas embora a lógica possa falhar em mover, e o argumento seja impotente para convencer, o amor de Cristo, revelado no ministério pessoal, pode abrandar o coração empedernido, de modo que a semente da verdade possa enraizar-se” (Parábolas de Jesus, p. 57).
“Cristo deve ser o seu texto. Não precisam insistir em assuntos doutrinários; falem da obra e sacrifício de Cristo. Exaltem Sua justiça, revelando na vida a Sua pureza” (Testemunhos Para a Igreja, v. 7, p. 227).
“Sendo sociáveis e aproximando-nos bem do povo, poderemos mudar-lhes a direção dos pensamentos muito mais facilmente do que pelos discursos mais bem preparados. A apresentação de Cristo em família, no lar e em pequenas reuniões em casas particulares, é muitas vezes mais bem-sucedida em atrair pessoas para Jesus, do que sermões feitos ao ar livre, às multidões em movimento, ou mesmo em salões e igrejas” (Obreiros Evangélicos, p. 193).
“A obra de Cristo deve ser nosso exemplo. Ele andava continuamente fazendo o bem. No templo e nas sinagogas, nas ruas das cidades, nas praças e nas oficinas, na praia e na encosta dos montes, pregava o evangelho e curava os doentes. Sua vida foi de serviço desinteressado, e deve servir de modelo para nós. Seu terno e compassivo amor se constitui em uma censura ao egoísmo e à falta de sensibilidade” (Testemunhos Para a Igreja, v. 9, p. 31).
Cristo fez amizade com muitas pessoas, em todos os lugares por onde passou, realizando boas coisas para elas. À medida que fizermos amizade com as pessoas, muitas delas aprenderão a confiar em nós; então, podemos conduzi-las a Cristo.