Houve um tempo em que a expressão “Por Seu Espírito” serviu de slogan motivador do trabalho do pastorado adventista. O significado é óbvio. Devemos empregar o melhor do nosso esforço em busca dos alvos e objetivos propostos, sem olvidar o fato de que o que realmente conta é a dependência absoluta do poder do Espírito Santo de Deus. Por Ele, as conquistas serão materializadas.
Slogans, no entanto, passam, ficam esquecidos e são substituídos por outros. A realidade que eles transmitem, porém, e especialmente nesse caso específico, permanece inalterada. Nada se- remos, nada faremos sem o Espírito Santo. Zorobabel entendeu isso. Governador encarregado de completar o projeto de reconstrução do templo de Jerusalém, ele enfrentava muitas dificuldades: a apatia da própria comunidade judia, já que a nova geração não demonstrava interesse no plano, e a antiga imaginava já ter feito o que deveria fazer, além da oposição externa.
Foi em meio a tudo isso que Zorobabel recebeu a orientação divina através do profeta Zacarias: “Esta é a palavra do Senhor a Zorobabel: Não por força nem por poder, mas pelo Meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos.” (Zac. 4:6). Os termos “força” e “poder”, nesse versículo, referem-se à maneira humana de enfrentar os problemas relacionados com o avanço da Causa de Deus. É o ato de confiarmos demasiadamente nos métodos e méritos humanos, esquecidos de que eles não terão a menor eficácia, a menos que sejam submetidos ao Espírito e vitalizados pelo Seu poder. Como afirmou Theodore Laetsch: “A obra do Senhor, a construção do Seu Templo, o crescimento interno, a expansão da Sua Igreja não podem ser executadas mediante simples meios externos. A força e sabedoria humanas por si só irão falhar. Cabe ao Meu Espírito a tarefa!”
Essa verdade, embora pareça lugar comum, deve ser renovada em nossa experiência diária. Mas, especialmente, nesta época, quando o ano vai chegando a seu termo e a corrida para o êxito final toma-se mais intensa. Os alvos devem ser alcançados, os problemas precisam estar solucionados, as pressões aumentam, nossa imagem diante dos administradores e líderes pre- cisa ser positiva. E, então, somos tentados a empregar a “força” e o “poder” para que o saldo seja favorável. Corremos o risco de usar estratégias discutíveis, manipular consciências, motivar os irmãos fazendo brotar neles o sentimento de culpa, em lugar da verdade preciosa de que o “amor de Cristo nos constrange”, ou ainda impondo o nosso carisma pessoal.
Tudo isso pode até produzir algum resultado. Mas não será duradouro, nem pessoalmente realizador. Só o que for motivado pelo amor de Cristo e feito no poder do Espírito traz resultados perenes e plenamente satisfatórios.
Inicialmente, pode até ser difícil estabelecer-se alguma diferença entre o trabalho realiza do pela força e pelo poder do homem, e aquele realizado na força e no poder do Espírito. Os resultados, olhados apenas exteriormente, podem ser confundidos na sua origem. Até porque nossos critérios de avaliar o êxito humano não perscrutam o interior, os verdadeiros motivos do coração. Mas a verdadeira natureza deles será revelada, um dia. Depois de tudo, é pouco provável que a glória conferida ao pastor, nesse caso, o tome feliz.
Vivemos e trabalhamos para glorificar a Deus, antes e acima de tudo. Ele não olha apenas o exterior, mas avalia nosso interior, nossos motivos. Isso é o mais importante. Sejamos dili gentes em tudo o que fizermos, como pastores e filhos Seus, salvos por Sua graça e vocacio nados por Sua vontade. Ao findar-se mais um ano, alegremo-nos na certeza de termos feito o nosso melhor, e que as conquistas experimentadas traduzam o resultado da atuação poderosa do Seu Espírito em nós.
— Zinaldo A. Santos.