Quando você adentra o saguão do escritório central da Associação Geral, em Silver Spring, Maryland, logo perceberá um imenso globo que gira suavemente, exibindo a topografia da Terra. Sua atenção é logo atraída para várias placas ao redor da base do globo, nas quais estão escritos os nomes das Uniões e Divisões. Aparentemente não existe qualquer conexão entre elas e o globo. Spots ocultos lançam um raio de luz sobre cada lugar do globo on-de existe um escritório da Associação Geral. Entretanto, a última vez que essas luzes funcionaram, foi há seis meses atrás. Fui informado da dificuldade que existe para manter as luzes sempre acesas, pois as fibras incandescentes não resistem e queimam constantemente.
Acontece que sem as luzes, o globo não passa de uma obra-de-arte. Eu o vejo todos os dias, quando me dirijo ao meu escritório. Vê-lo girando sem as luzes, faz-me vol-tar a atenção para a Igreja. Estaria a nossa Igreja mundial constantemente em movi-mento, mas com pouca luz? Será que nosso progresso no cumprimento da Missão evangélica é inferior ao que achamos que é?
Temos ouvido excitantes notícias a respeito do sucesso da Igreja ao redor do Mundo. Alegramo-nos pelas pessoas que aceitam a Cristo, e olhamos felizes para o futuro, à cada vitória obtida na Missão Global. Mas é possível que a despeito do otimismo, euforia, movimentação e poder não sejamos como gostaríamos de ser. Será que estamos progredindo sem luz suficiente? Será que o crescimento da Igreja é unilateral? Dar-se-á o caso de que nossas estatísticas não sejam tão exatas como deveriam ser?
Eu creio no crescimento da Igreja e no evangelismo. Estou fazendo preparativos para dirigir uma grande série evangelística em Durban, África do Sul, e tenho me questionado quanto ao que acontecerá nestas reuniões. Não quero que sejam semelhantes a outras reuniões sobre as quais já ouvi falar. Os batismos são importantes, mas existe algo ainda mais importante. Desejo fazer discípulos para Jesus Cristo.
Problemas no evangelismo
Está nosso mundo vivendo sem luz?
Um grande amigo, secretário ministerial de uma União, falou-me a respeito de uma campanha que resultou em mil batismos. Um ano após, ele viajou para aquela localidade a fim de fazer uma avaliação de longo prazo, dos resultados. Ele encontrou apenas 57 das 1.000 pessoas que haviam sido batizadas. As 943 restantes continuavam com seus nomes no livro da igreja, e provavelmente continuarão ali nos anos por vir.
Durante a Colheita 90 muitos administradores sentiram-se fortemente pressionados a alcançar seus alvos. Um presidente de Campo teve dificuldades para atingir a meta proposta. Então ele chamou o responsável pela campanha, e ofereceu-lhe sete fardos de roupas em troca dos mil batismos. Ao findar o ano ele apresentou 953 pessoas, número suficiente para poder receber as roupas. Entretanto, aquelas pessoas pouco sabiam a respeito do adventismo, e muito menos sobre o evangelho.
Recentemente, William Johnson, editor da Adventist Review, entrevistou o Pastor David Lin, secretário da Divisão chinesa. O Pastor Lin referiu-se a semelhantes pressões para alcançar resultados na Divisão da China. Ele contou de vá-rios pastores que convidavam amigos e parentes para as reuniões, e então apelavam para que se deixassem batizar. Eles aceitavam a proposta não porque amassem a Jesus ou aceitassem a Sua salvação, mas devido à consideração que tinham por aqueles pastores.
Os registros de membros da igreja es-tão inchados em algumas áreas. Há oito anos, uma Associação decidiu tomar alguma providência, com respeito a 14.155 pessoas, perdidas em um ano. Conseqüentemente deixou de ser o maior Campo da União e passou a ocupar o terceiro lugar em número de membros.
Eu concordo que os exemplos citados são incidentes isolados, pequenas interferências no grande plano evangelístico da igreja. (Escreva-me caso saiba de algum episódio semelhante em sua área de trabalho). É incômodo identificar fatos desagradáveis com respeito à nossa obra. Quem gosta de ser agente de más notícias? E mais encorajador e agradável orar a Deus pelos milagres que têm acontecido em algumas áreas, como por exemplo, na ex-União Soviética, do que tratar com problemas. Mas a não ser que sejamos honestos e humildes, acharemos que estamos bem, progredindo, a despeito da pouca luz.
Igreja laodiceana
Admitimos que somos a Igreja de Laodicéia. Mas não gostamos de ser identificados com o “infeliz, miserável, pobre, cego e nu” (Apoc. 3:17). Preferimos achar que somos ricos e bem-sucedidos.
Ellen White foi extremamente positiva a respeito da Igreja. Sem seus conselhos nossa organização não teria chegado a ser o que é hoje. Contudo, devemos cuidar para não cair na mesma cilada que os judeus, quando declararam, “Nós somos descendência de Abraão”, e então crucificaram o Messias. Podemos nos vangloriar de ser a igreja remanescente, e ao mesmo tempo ser falsas testemunhas do evangelho.
Ellen White profetizou a respeito de nossa igreja, dizendo que “a Igreja Adventista do Sétimo Dia será pesada no juízo do santuário. Ela será julgada com base nos privilégios e vantagens que recebeu. Se a sua experiência espiritual não corresponder às vantagens que Cristo com infinito custo lhe concedeu, se as bênçãos que lhe foram conferidas não a qualificaram para fazer a obra confiada, então sobre ela será pronunciada a sentença: ‘achada em falta’. Pela luz recebida e oportunidades dadas, será ela julgada”4
— Ao mencionarmos a tríplice mensagem angélica, o que é colocado em evidência? A marca da besta? O sábado? O santuário? Ou a cruz de Cristo? Ellen White nos lembra que a “justificação pela fé… é em verdade, a terceira mensagem angélica”. Mas quantos de nossos membros reconhecem isso?
Mas você pode dizer: “Não estamos nós como povo sendo bem-sucedidos? Isto significa que estamos fazendo a vontade de Deus”. Pense um pouco. Não estariam, por acaso, alguns de nosso povo, e alguns de nossos pastores e evangelistas sendo motivados por razões outras, alheias à cruz de Cristo? As Testemunhas de Jeová são uma das religiões que mais crescem no mundo, apesar de sua religião estar repleta da justiça pelas obras. Eles nada sabem a respeito da cruz e da justiça imputada de Cristo, entretanto, seus membros estão batendo de porta em porta, e muitas vezes humilhando os membros de nossa igreja. Os Mórmons são também uma das religiões que mais crescem. Muitos deles sacrificam dois anos de vida para testemunhar de sua fé, e provavelmente se referem a si mesmos como uma prova das bênçãos de Deus.
As pessoas unem-se aos grupos religiosos por vários motivos. Muitas sentem a necessidade de uma vida estruturada. Elas carecem de um objetivo, e se impressionam com um grupo que possui crenças tão sólidas. As pessoas prefeririam antes unir-se a uma igreja conservadora, do que a uma igreja liberal — mas será que elas o fariam por motivos corretos?
Os judeus do Velho Testamento eram o povo de Deus. Deus lhes concedera muita luz. Entretanto, Jesus denunciou sua motivação nos seguintes termos: “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e, uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós” (Mat. 23:15). O crescimento estatístico não é em si mesmo garantia da verdade. Na verdade, isso pode levar-nos a uma falsa segurança.
Quando menciono a tríplice mensagem angélica, qual é a primeira coisa que vem à sua mente? A marca da besta? O sábado? O santuário? ou é a cruz de Cristo? É a justificação pela fé? Ellen White nos lembra que a “justificação pela fé… é em verdade, a terceira mensagem angélica”.5 Mas quantos de nossos membros reconhecem isto? Eles vêem a cruz na essência do adventismo?
A cruz em foco
— O testemunho da igreja primitiva foi poderoso porque ela pregava a Jesus Cristo, e Ele crucificado, como a única solução para o mundo. Esta é uma teologia básica para toda igreja cuja tendência tem sido um crescimento rápido: Jesus e a cruz.
Paulo escreveu aos Coríntios dizendo:
“Porque não me enviou Cristo para batizar, mas para pregar o evangelho; não com sabedoria de palavra, para que se não anule a cruz de Cristo. Certa-mente a palavra da cruz é loucura para os que se perdem, mas para nós, que somos salvos, poder de Deus. … Mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios; mas para os que foram chama-dos, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus’’ (I Cor. 1:17 e 18, 23 e 24).
Então ele conclui a introdução de sua carta com estas poderosas palavras: “Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado’’ (I Cor. 2:2). Jesus disse: “E Eu, quando for levantado da Terra, todos atrairei a Mim mesmo’’ (João 12:32). Pedro declarou: “E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do Céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos salvos’’ (Atos 4:12).
Há algum tempo conversei com uma jovem, membro de nossa igreja. Os médicos descobriram um tumor em seu abdômen e decidiram que ela deveria ser internada num hospital. É natural que ela estivesse curiosa quanto a saber se era um tumor cancerígeno. Ela me disse que estava aterrorizada, ante a possibilidade de morrer e deixar duas pequenas crianças sem mãe. “Posso orar e pedir que Deus mostre minha condição? Será a vontade de Deus que meus filhos sejam deixados sem mãe’’? Ela disse.
Como você responderia a essas perguntas? Que aspectos teológicos poderia você usar? Qual das 27 doutrinas poderia ajudá-lo? Tudo o que eu podia fazer era apontar para ela o Calvário. Eu disse: “Não posso responder sua pergunta, mas posso dizer-lhe que Deus ama você. A cruz prova isso. Deus nos ama tanto que veio a esta Terra como uma de Suas criaturas. Ele morreu de modo horrível e cruel. Se Deus não nos amasse, teria evitado o Calvário. Confie em Jesus. Olhe para além de você mesma. Olhe para a cruz, e Deus lhe responderá”.
Isto aconteceu entre o intervalo da Es-cola Sabatina e o sermão do sábado. Decidi visitá-la na noite que antecedería o dia da cirurgia. Infelizmente, uma emergência levou-me a fazer uma viagem e só retornei bem tarde naquela noite. Quando falei para ela que estivera envolvido numa reunião, ela disse:
“Está tudo bem pastor; Eu agora estou em paz. Eu fiz o que você disse. Eu me dirigi à cruz e agora estou feliz; Eu tenho certeza de que Deus deseja o melhor para mim e minha família.”
Eu a visitei num sábado, um dia antes de viajar para as reuniões do Concilio Anual na Austrália. Um largo sorriso transparecia em seu rosto. O tumor não era maligno, e juntos nos rejubilamos.
O que faz a diferença?
A igreja da celebração iniciou seu movimento em Washington D.C. A primeira reunião aconteceu no sábado 26 de setembro. Doze famílias distribuíram 300 convites entre amigos e parentes, e o resultado é que 3.025 adultos e crianças reuniram-se ali para a primeira experiência de culto. O plano inicial era reunir-se uma vez por mês, durante quatro meses. Certamente os evangelistas ficariam felizes com tal resposta como fruto de tão poucos convites.
O que fez a diferença? Eles fizeram de Jesus Cristo, e Ele crucificado, o motivo de sua missão. As pessoas foram atraídas para a cruz, e em conseqüência buscaram uma igreja onde Jesus Cristo era o centro da pregação e dos cânticos. Enquanto a nova igreja cresce num ritmo acelerado, as igrejas adventistas mais próximas apre-sentam um baixo índice de crescimento, em função, é claro, de que os seus membros não convidam seus amigos e vizinhos para os cultos sabáticos.
Por que não? A resposta tem graves implicações para nossa igreja. Aquelas pessoas estão buscando reviver a igreja do Novo Testamento. Elas estão em busca do mesmo fogo e entusiasmo que abalou as autoridades judaicas e o mundo romano, e que também nos assusta hoje. Estão apaixonadas por Jesus Cristo e ansiando por Seu breve retorno.
Mas existe um perigo, e por isso, quero esclarecer o que declarei quanto à igreja da celebração. Atualmente muitas igrejas tidas como celebração estão apenas inovando através do uso de música contemporânea e outras coisas. A maior parte dessas igrejas adotaram o programa da celebração influenciadas pelo movimento em outros lugares. Existe (e eu percebo isso) uma teologia que é básica para algumas igrejas cuja tendência tem sido um crescimento rápido. Jesus e a cruz é o ponto básico para a interpretação dessa teologia, ao passo que nós nos apoiamos no modelo das doutrinas tradicionais adventistas. Essas igrejas estão reagindo contra o legalismo e a rigidez doutrinária em nossa igreja.
Um jovem de 22 anos de idade com o qual tenho conversado longamente, disse-me há duas semanas: “Eu cresci na Igreja Adventista. Meus pais acreditam nas doutrinas e estudam a Bíblia diariamente. Mas tudo de que me lembro de ter ouvido na igreja tem que ver com ‘não faças’ e ‘deves’. Você não deve fazer isto no sábado; você não deve comer isto ou vestir aquilo; você não deve ir ali, ou, tome cuidado com isto. Você deve viver uma vida correta, a fim de que seu nome não seja apagado dos registros do santuário celestial; você precisa devolver os dízimos; você deve estudar a lição da Escola Sabatina; você deve ir às reuniões. Você deve… Não faça. …’’
Ele continuou dizendo: “Você crê que é possível fazer com que a Igreja Adventista centralize suas doutrinas em Cristo. Eu e outras pessoas que fazem parte da nova igreja, acreditamos que isto é uma impossibilidade. O navio adventista está tão impregnado com este mal, que é im-possível limpá-lo. Nós preferimos construir um novo navio — um navio livre de alguns distintivos”.
Se esta é a base dos que buscam a verdadeira “celebração” (a qual não tem sido até agora bem compreendida), chegamos então à conclusão de que algumas dessas igrejas deixarão a denominação. O Sábado é o único elo de ligação que ainda existe, e que dificulta a independência dessas igrejas.
Justificação pela fé
Neste aspecto, nossa igreja enfrenta um dilema. Devemos à semelhança de Paulo fazer de Cristo e Ele crucificado, a nossa mensagem — a mensagem que galvanizou a igreja primitiva e que trouxe milhares de pessoas para suas fileiras? Ou pregaremos qualquer outra mensagem?
Alguns temem que a ênfase sobre a mensagem da cruz minimize a questão da vitória sobre o pecado. Entretanto, a vitória só é possível quando nos lançamos sobre a cruz. Justificação pela fé é algo que Deus providenciou por intermédio de Cristo, dois mil anos atrás. Não é o que Deus faz em nós e sim o que Ele fez por nós. Ellen White mostrou-se preocupada com essa questão, quando afirmou: “Alguns de nossos ir-mãos têm expressado temores de que nos demoremos demasiado no assunto da justificação pela fé, mas espero que ninguém fique desnecessariamente alarmado, e oro nesse sentido; pois não há perigo em apresentar essa doutrina co-mo é exposta nas Escrituras. Se não tivesse havido, no passado, negligência em instruir adequadamente o povo de Deus, não haveria agora necessidade de para isso chamar a atenção especial. … As grandíssimas e preciosas promessas que nos são dadas nas Escrituras têm sido perdidas de vista em extensão demasiado grande, exatamente como o inimigo de toda a injustiça pretendia que fosse. Lançou ele sua sombra negra entre nós e nosso Deus, para que não vejamos o verdadeiro caráter divino. O Senhor proclamou-Se a Si mesmo como sendo ‘misericordioso e piedoso, tardio em iras e grande em beneficência e verdade’.”6
Comparo o evangelho a uma gravura, e as doutrinas da Igreja Adventista, a uma moldura. Você não precisa de uma moldura para mostrar a gravura, mas, uma bem escolhida moldura certamente atrairá a atenção para o quadro e mostrará sua beleza.
O problema ocorre quando a moldura torna-se tão dominante que chega a suprimir a gravura. Atualmente as pessoas falam mais da moldura, do que da gravura. Qualquer que seja a intenção, tal ênfase somente obscurece a verdade.
Nossas 27 doutrinas fundamentais são um exemplo disso. A salvação é apresentada como uma das 27, mas ela é mais do que uma das 27. Exclua a salvação das 27 doutrinas, e ainda que observe as 26 restantes, você não entrará no Céu. Mas se você mantiver a salvação e eliminar as 26, ainda assim você poderá entrar no Céu (Eu não estou com isto dizendo que uma pessoa que deliberadamente rejeita as 26 doutrinas fundamentais, ainda assim entrará no Céu. Jesus disse: “Se você me ama, guardará os Meus mandamentos”. Na verdade, as 26 doutrinas não são a base da salvação). Tenho dito algumas vezes, que é mais difícil entrar na Igreja Adventista do que entrar no Céu, pois apenas uma coisa é necessária para entrar no Céu — fé — ao passo que 27 são exigidas para entrar em nossa igreja.
A gravura e a moldura
Se desejamos que nosso povo faça da Missão Global a sua missão, devemos então fazer com que Jesus seja o tema proeminente. Devemos tornar claro como cristal, o fato de que nossa salvação não depende de alguma coisa que fazemos, ou de alguma mudança que ocorra em nós, mas daquilo que Deus fez em Cristo no calvário. Somos salvos em função do que Cristo fez e não pelo que nós podemos fazer. Sempre que olhamos para nossos próprios méritos; sempre que enfatizamos nossa participação, nossa justiça própria, acima da justiça imputada de Cristo, obscurecemos a gravura. Supervalorizamos a moldura. A solução para os problemas da humanidade não é a reforma de saúde, ou o sábado, etc., mas Jesus.
“Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e este crucificado” (I Cor. 2:2). Isso não significa que Paulo não tenha tratado de outros assuntos em sua carta aos Coríntios. Mas é surpreendente o fato de quão pouco o Novo Testamento diz a respeito da guarda do sábado, dízimos, alimentos imundos, adornos e outros itens. Todos os princípios podem ser encontrados ali, mas a ênfase sobre detalhes é pequena, a não ser quando se refere a uma situação específica. Nossa tendência é exaltar a aplicação e minimizar o princípio.
Como faremos para ajudar nossos irmãos a recuperarem o mesmo espírito que existia no Pentecostes — o mesmo entusiasmo, a mesma alegria, a mesma paz? Creio que precisamos reconsiderar a redação de nossas 27 doutrinas fundamentais. Eu gostaria de ver a cruz e o plano da salvação situados em primeiro lugar, no plano das 27, e torná-los o fundamento de nossas doutrinas. Então, sob sua clara ênfase, mostrar como as seguintes 26 doutrinas emolduram o evangelho, sem obscurecê-lo.
Substituindo a analogia, as 26 doutrinas são o engaste no qual o diamante, o evangelho, é colocado. Todo joalheiro sabe que o valor está na gema, e que a beleza e a cor podem ser valorizadas ou prejudicadas, dependendo do tipo de engaste que for utilizado. Nenhuma pessoa se enganaria no momento de fazer a diferença entre a gravura e a moldura. Pois é exatamente isto que está acontecendo com nossa igreja.
Eu gostaria de ver isto votado em nossa próxima sessão da Associação Geral, além da ênfase na Missão Global sendo feita por causa de uma pessoa, Jesus Cristo (se você concorda, entre em contato comigo). As pessoas viriam para a nossa igreja porque elas amam a Jesus, e não por terem sido impressionadas por uma lógica apresentação doutrinária. Se desejamos ajudar o mundo a sair da completa desordem em que se encontra, devemos deixar que o mundo saiba que pregamos a Cristo e Ele crucificado. Quando as pessoas ouvirem o nome Adventista do Sétimo Dia, uma imagem da cruz surgirá em suas mentes, em lugar de uma de nossas doutrinas peculiares.
Deus comissionou nossa igreja para realizar a mesma obra que João Batista realizou, quando anunciava a primeira vinda de Jesus. Devemos viver o estilo de vida de João, o qual credenciou a sua mensagem.. Viver piedosamente é importante. Infelizmente nossa mensagem relativa ao estilo de vida tem degenerado numa ênfase a meia dúzia de aspectos, que nos torna diferentes — e além disso, pensamos que podemos viver como nos agrada. Isso tem gerado todo tipo de contradições, e tem levado muitos do nosso povo a pensar em desistir, mesmo desses poucos padrões, pois eles se perguntam o motivo porque tais padrões são mais importantes do que uma dezena de outros sobre os quais a Igreja não se pronuncia.
Necessitamos relembrar a nós mesmos, o que significa ser um discípulo de Cristo. A comissão evangélica é muito mais do que batismos; é fazer discípulos que reflitam o caráter de Jesus.
Ao retornar para a Associação Geral, desejo ver os spots iluminando o globo. Também desejo que ao fazer planos no Concilio Anual, a Igreja tenha outros interesses além de números, estatísticas, crescimento, movimento, etc. É possível ter todas essas coisas, sem Jesus Cristo. Desejo que passemos a olhar constantemente para a cruz. Enquanto olhamos para o futuro, para a Sua segunda vinda, devemos constantemente olhar dois mil anos atrás, para a Sua primeira vinda.
Quando fizermos isso, Deus nos capacitará para realizar a obra, de uma maneira que não imaginamos. Sua glória iluminará a Terra. Todas as pessoas deverão fazer sua decisão, contra ou a favor de Jesus. Ele virá, e nossa Missão Global terá sido completada. Nós viveremos eternamente com Ele.
E. White nos faz relembrar que: “Cristo crucificado — em palavra, em oração, e cânticos é quem abranda e cativa corações. Este é o poder e sabedoria de Deus para ganhar almas para Cristo”.7
“Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cristo, e Este crucificado” (I Cor. 2:2).