Desde o início, no trato de Deus com a humanidade caída, a Bíblia apresenta um modelo de julgamento que inclui uma fase investigativa seguindo-se o anúncio da sentença
Dentre as doutrinas da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a do juízo pré-advento, iniciado no Céu em 1844, é a mais questionada. Um erudito não adventista, Walter R. Martin, em seu livro The Kingdon of the Cults [O Reino das Seitas], escreve: “Os adventistas, na opinião de eruditos bíblicos conservadores, para não mencionar o grupo liberal do protestantismo, são apenas especuladores com suas doutrinas do santuário e juízo investigativo. Realmente, a maioria concorda que eles criaram doutrinas para compensar erros de interpretação profética.”1
Nos arraiais da denominação, Desmond Ford, nos anos 70, contestou a mencionada doutrina. Em 1980, ele apresentou um documento de 991 páginas a mais de 100 teólogos e líderes da Igreja reunidos em Glacier View. Suas conclusões foram as seguintes: O juízo de Daniel 7 não é um juízo pré-advento; a profecia apocalíptica é condicional; uma profecia pode ter múltiplos cumprimentos, segundo o princípio apotelesmático; e o antitípico dia da expiação começou em 31 a. D., e não em 1844.2
Em Glacier View, a visão de Ford foi rejeitada. Entretanto, as questões por ele levantadas mereceram, em 1981, uma resposta da Comissão Executiva da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, que solicitou ao seu Instituto de Pesquisa Bíblica a formação de um grupo para reestudar os livros de Daniel e Apocalipse.
Durante onze anos, essa Comissão de Daniel e Apocalipse produziu sete volumes que abordam muitos dos assuntos discutidos durante as reuniões de Glacier View. Em seu relatório final, a comissão estabeleceu que “longe de ser uma peça de museu da teologia dos pioneiros, o ensinamento bíblico do juízo pré-advento, fase investigativa do julgamento final, é de vital importância para o cristão hoje. É uma porção concludente de todo o processo de salvação e um componente das três mensagens angélicas”?
Profecia e historicismo
É geralmente aceito que existe uma diferença entre a profecia clássica, na qual o profeta era um porta-voz de Deus a Seu povo nos dias do Antigo e do Novo Testamento, e a profecia apocalíptica com seu foco sobre o fim do mundo e a vinda do reino de Deus. O cumprimento das promessas na profecia clássica dependia da resposta do povo (Jer. 18:7-10). “Os profetas clássicos ligavam as atividades de Deus a eventos na história humana.”4
Por sua vez, a profecia apocalíptica apresenta a hora cósmica de Deus para o estabelecimento do Seu reino. Portanto não é condicional; ou seja, não depende da resposta humana, da mesma forma como a primeira vinda de Cristo não dependeu da obediência de Israel ou Judá. Na “plenitude do tempo [apontado em Dan. 9:24-27], Deus enviou Seu Filho” (Gál. 4:4), embora os judeus não estivessem preparados para recebê-Lo.
Igualmente, as profecias de tempo em Daniel e Apocalipse que apontam para o tempo do fim e a segunda vinda de Cristo são independentes de qualquer resposta humana. Na profecia apocalíptica, nós nos tornamos “espectadores dos eventos no palco do mundo; estamos vendo a presciência divina descortinando o futuro”?
As profecias apocalípticas explicam o que Deus tem previsto e o que, de acordo com Sua determinação, deve acontecer. As 2.300 tardes e manhãs e os três anos e meio de Daniel 7 e 8, portanto, não são condicionais. Não podem ser aplicados a diferentes épocas, conforme o gosto do intérprete. No transcurso da História, eles só podem ter um cumprimento, tal como a profecia das setenta semanas de Daniel 9 teve apenas um cumprimento.
Durante a maior parte da história da Igreja, essas profecias apocalípticas de tempo foram interpretadas de acordo com o método historicista de interpretação. Somente nos últimos 200 anos foi que apareceram outros sistemas alternativos, como o preterismo e o futurismo. E, como todo estudante de profecia sabe, a espinha dorsal do historicismo é o princípio dia-ano.
O princípio dia-ano
Ironicamente, um dos melhores resumos sobre o princípio dia-ano, baseado nas obras de Thomas R. Birks6 e H. G. Guinness,7 é encontrado no primeiro comentário de Ford sobre Daniel.8 Na verdade, Ford o rejeitou, 18 anos depois, argumentando que a questão não pode ser justificada biblicamente.9 Mas os adventistas crêem que o princípio dia-ano é um princípio fundamentado na Bíblia. Os principais pontos em seu apoio podem ser resumidos conforme segue:10
1. Desde que as visões de Daniel 7 e 8 são simbólicas, com muitas e diferentes bestas representando importantes impérios universais (7:3-7; 8:3-5, 20 e 21), os períodos de tempo (7:25; 8:14) também devem ser simbólicos.
2. O fato de que as visões tratam com o surgimento e queda de conhecidos impérios da História, que existiram por centenas de anos, indica que os períodos de tempo profético também devem cobrir longos períodos.
3. A maneira peculiar, e até metafórica, pela qual os períodos de tempo são expressos indica que não devem ser tomados literalmente. Se “um tempo, dois tempos e metade dum tempo” em Daniel 7: 25 representam três anos e meio literais, por que Deus não disse “três anos e seis meses”? Em Lucas 4:25 e Tiago 5:17, que fazem referência a três anos e meio, cada frase é “três anos e seis meses”. Da mesma forma, Paulo permaneceu em Corinto “um ano e seis meses” (Atos 18:11), e Davi reinou em Hebrom “sete anos e seis meses” (II Sam. 2:11).
4. Em Daniel 7, os quatro animais que juntos formam um reino de pelo menos mil anos são seguidos pelo poder representado no chifre pequeno. O reino do quarto animal é o foco da visão, já que ele está em oposição mais direta a Deus. Três anos e meio de luta entre o chifre pequeno e o Altíssimo poderiam ser desproporcionais à compreensão do escopo da história da salvação, pinta da nessa visão. O mesmo se aplica a Apocalipse 12:6 e 14, onde os 1.260 dias ou três anos e meio cobrem boa parte da História entre o primeiro e o segundo advento.
5. De acordo com o contexto, as expressões “um tempo, dois tempos e metade dum tempo” (Dan. 7:25; 12:7; Apoc. 12:14), “quarenta e dois meses” (Apoc. 11:2; 13:5) e “mil duzentos e sessenta dias” (Apoc. 11:3; 12:6) são aplicadas ao mesmo período de tempo. Mas a expressão natural “três anos e seis meses” não é usada uma vez sequer.
“O Espírito Santo parece, de certa forma, exaurir todas as frases pelas quais este período pode ser mencionado. Mas exclui sempre aquela forma que poderia ser usada em escritos ordinários, e é usada nas Escrituras em outras ocasiões, para denotar um período literal. Essa variação é muito significativa, se nós aceitamos o princípio dia-ano, mas, por outro lado, inexplicável.”11
6. As profecias de Daniel 7, 8, 10 e 12 levam ao “tempo do fim” (8:17; 11:35 e 40; 12:4 e 9), que é seguido pela ressurreição (12:2) e o estabelecimento do eterno reino de Deus (7:27).
“No transcurso da História descrito nessas profecias, do sexto século antes de Cristo até nossos dias e além, períodos de tempo literais de apenas 32 a 62 anos não são capazes de alcançar qualquer época próxima ao tempo do fim. Portanto, esses períodos proféticos de tempo deveriam ser vistos como simbólicos aplicáveis a grandes períodos históricos reais de tempo, extensivos ao tempo do fim.”12
7. A única medida de tempo que não é usada nas profecias de Daniel e Apocalipse é ano. São feitas referências a dias, semanas e meses, mas não à unidade de tempo chamada “ano”. A explicação mais óbvia é que “ano” é a unidade empregada para cumprir o simbolismo dessas profecias.
8. Há numerosos textos nas narrativas históricas do Antigo Testamento nos quais “dias” significam “anos” (Êxo. 13:10; I Sam. 2:19; 20:2; Juizes 11:40, por exemplo). Igualmente nas porções poéticas do Antigo Testamento, a expressão dias, às vezes, aparece como um paralelo à palavra ano (Jó 10:5; 32:7; 36:11; Sal. 77:5; 90:9 e 10, etc.).
9. Em Números 14:34 Deus usa o princípio dia-ano como uma figura de ensino. Numa parábola referente ao cerco de Jerusalém, ao profeta Ezequiel foi ordenado deitar-se 390 dias sobre seu lado esquerdo e quarenta dias sobre o lado direito. E lhe foi explicado: “Quarenta dias te dei, cada dia por um ano…” (Ezeq. 4:4-7).
10. Em Daniel 9:24-27, o tempo profético das 70 semanas teve seu cumprimento na ocasião exata, se usarmos o princípio dia-ano para interpretá-la. E há muitos intérpretes que em outros textos apocalípticos não usam o princípio dia-ano, mas reconhecem que as 70 semanas são, de fato, “semanas de anos”, abrangendo desde o período persa até o tempo de Cristo. Desse modo o teste pragmático em Daniel 9 confirma a validade do princípio dia-ano.
Referências ao mesmo princípio podem ser encontradas nos tempos inter-testamentais, em Qumran, bem como em outros escritos judaicos daquele período.13 Assim, o método historicista de interpretação não é um recurso tardio no cenário teológico, mas repousa sobre uma sólida base bíblica e histórica. Não é um método ultrapassado, mas um princípio bíblico de interpretação das profecias apocalípticas, válido ainda hoje. Quando é aplicado na interpretação das profecias de Daniel 7 e 8, o juízo pré-advento iniciado em 1844 emerge do próprio texto.
Os adventistas do sétimo dia creem que o evento descrito em Daniel 7 é um juízo investigativo pré-advento. Tem esse conceito alguma base escriturística, ou não passa de uma ficção adventista antibíblica?
O testemunho bíblico
Desde o princípio, no trato de Deus com a humanidade caída em Gênesis 3, podemos observar um modelo de procedimento judicial. Primeiramente, em sua fase investigativa: “Onde estás?” “Quem te fez saber que estavas nu? Comeste da árvore?” “Que é isso que fizeste?” (Gên. 3:9-13). Na seqüência dessa investigação, Deus anuncia o veredicto nos versos 14-19. Semelhante abordagem também é vista no trato de Deus com Caim (Gên. 4:9-12) e no incidente envolvendo as cidades de Sodoma e Gomorra. É significativo que o Novo Testamento projeta o juízo sobre Sodoma e Gomorra como um “exemplo” ou tipo do juízo final de Deus (II Ped. 2:9; Judas 7). A maior parte dos capítulos 18 e 19 de Gênesis descreve atos investigativos e deliberativos de Deus antes de uma ação punitiva de Sua parte.
Nos escritos proféticos, Israel ou outras nações aparecem às vezes diante do tribunal divino. Realiza-se uma investigação, os fatos são estabelecidos, testemunhas arroladas e, finalmente, uma sentença é pronunciada (Isa. 5:1-7; 43:8-13, 22-28). A seqüência é sempre a mesma: pecado, investigação e julgamento.14
O conceito de um juízo investigativo pré-advento também aparece no Novo Testamento. A parábola das bodas, em Mateus 22, é um exemplo. “Entrando, porém, o rei para ver os que estavam à mesa, notou ali um homem que não trazia veste nupcial” (v. 11). Essa inspeção por parte do rei representa um processo de investigação, cujo resultado determinou quem dentre os convidados deveria permanecer ou não na festa. É um quadro do juízo pré-advento que está ocorrendo no Céu.
Outros textos do Novo Testamento que pressupõem um juízo pré-advento são João 5:28 e 29, onde são mencionadas a ressurreição para a vida e a ressurreição para a condenação, e Apocalipse 20:4-6. A maioria dos exegetas concorda que Apocalipse 20 ensina duas ressurreições literais separadas por mil anos. Visto que somente o “bem-aventurado e santo” tomará parte na primeira ressurreição, um julgamento prévio deve ser feito, a fim de determinar quem comporá esse grupo.
O teólogo luterano Joseph A. Seiss reconheceu isso e escreveu: “A ressurreição e as mudanças que acontecem num abrir e fechar de olhos sobre os vivos são os frutos e a corporificação do juízo antecedente. São as conseqüências do juízo já realizado em relação a eles. Estritamente falando, os homens não são ressuscitados nem trasladados para que venha o juízo. A ressurreição e a trasladação são produtos do juízo previamente efetuado. Os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro porque eles já foram julgados aptos para estar com Cristo, e os santos vivos serão reunidos com eles nas nuvens, porque já foram julgados santos e vencedores sobre o mundo.”15
Em Apocalipse 14, a colheita da Terra é precedida pela mensagem do primeiro anjo: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Se juízo” (v. 7). A seqüência de eventos descritos nesse capítulo indica claramente que o juízo mencionado no verso 7 precede a execução do juízo na segunda vinda de Cristo, conforme descrito nos versos 14-20.16
Assim, a Escritura apresenta o conceito de um juízo investigativo antes do segundo advento.
O julgamento em Daniel 7
Daniel 7 consiste essencialmente de uma visão, sua interpretação e a reação do profeta a essa visão. O capítulo é formado por um prólogo (vs. 1 e 2) e um epílogo (v. 28).
A visão descreve quatro animais, com o foco sobre o quarto animal que possui dez chifres dos quais surge um outro chifre pequeno. Esse chifre pequeno torna-se a principal oposição ao Altíssimo e aos santos, no restante do capítulo.
Enquanto as atividades do chifre pequeno têm continuidade na Terra, a atenção de Daniel é dirigida à cena do julgamento celestial (vs. 9-14) na qual o chifre pequeno é condenado, os santos são vindicados e recebem de “um como o Filho do homem” o domínio, a glória e o reino.17 A passagem do juízo em Daniel 7:9-14 contém três cenas: um julgamento no Céu (vs. 9 e 10); o fim do quarto animal, isto é, o resultado do julgamento (vs. 11 e 12); e a recepção do reino pelo Filho do homem (vs. 13 e 14).
É importante lembrar que esse julgamento está em andamento enquanto o chifre pequeno age na Terra. No fim do verso 8, Daniel ouve palavras insolentes desse chifre. Então sua atenção é direcionada à cena do julgamento celestial (vs. 9 e 10). Mas após descrever a cena do juízo, Daniel tem sua atenção novamente captada pelas “insolentes palavras” do chifre pequeno. Tendo tratado com o chifre pequeno e os animais, cujo domínio foi lançado fora embora sua vida tenha sido prolongada aqui na Terra (vs. 11 e 12), a visão retoma ao reino celestial e à vitória final do plano de Deus (vs. 13 e 14).
O tempo do julgamento
Três passagens em Daniel 7 se referem especificamente ao juízo. Elas são encontradas nos versos 9, 14, 21, 22 e 26. Em virtude de que as ações do chifre pequeno cruzam-se e, pelo menos por algum tempo, coincidem com o julgamento celestial, esse julgamento não pode ser o juízo final de Apocalipse 20. Ao contrário, deve ser um juízo preliminar em andamento no Céu, antes do segundo advento, como os adventistas do sétimo dia sempre creram. Aliás, isso tem sido reconhecido também por muitos eruditos não adventistas. O autor católico romano, F. Düsterwald, por exemplo, escreveu: “Inquestinavelmente, o profeta Daniel descreve aqui o juízo de Deus concernente a poderes hostis. Esse julgamento termina com a condenação total dos impérios mundiais e o triunfo da causa de Deus. Entretanto, o que é descrito aqui não é, como muitos antigos intérpretes imaginam, o julgamento do mundo, não é o juízo de Deus sobre a Terra, mas a informação de que o lugar do juízo é o Céu. O contexto indica, este é um julgamento preliminar, o qual é depois confirmado no julgamento geral do mundo.”18
O erudito protestante T. Robinson viu esse juízo sendo estabelecido durante o século 19, quando ele escreveu seu comentário sobre Daniel. Diz ele: “Como já foi observado, esse não é o julgamento geral na finalização do reino de Cristo sobre a Terra, ou, como a frase é comumente entendida, o fim do mundo. Parece ser um julgamento invisível, conduzido sob um véu e revelado por seus efeitos e pela execução de sua sentença. Ocasionado pelas palavras insolentes do chifre pequeno e seguido pela tomada do seu domínio, parece já ter começado. Entretanto, como a sentença ainda não foi de qualquer modo completamente executada, pode estar em andamento agora.”19
Quem está sendo julgado
Na cena desse juízo os livros são abertos e analisados (Dan. 7:10). No Antigo Testamento há referências ao “livro dos vivos” (Sal. 69:28), a um “memorial escrito” (Mal. 3:16) e aos livros de Deus (Êxo. 32:32; Sal. 56:8). O mesmo pensamento ocorre na literatura judaica posterior (I Enoque 47:3) e no Novo Testamento (Filip. 4:3; Apoc. 3:5; 20:12; 21:27). Mas a grande questão é: Quem está sendo julgado com base nos relatos desses livros? Do contexto, concluímos que esse julgamento inclui:
1. O povo de Deus. Considerando que o juízo “fez justiça aos santos do Altíssimo” (Dan. 7:22), de alguma forma o povo de Deus deve ser objeto desse juízo. Tal fato não é reconhecido fora dos círculos adventistas do sétimo dia. Sendo que muitos cristãos não adventistas aceitam a imortalidade da alma, eles acreditam que o estado futuro de um indivíduo é decidido no momento em que ele morre. Um juízo pré-advento, portanto, no qual é tomada uma decisão final quanto à salvação de uma pessoa, não faz sentido para esses cristãos. Eles entendem que o morto já está no Céu ou no inferno. No caso da compreensão católica romana, também há o purgatório.
2. O chifre pequeno. O contexto da cena do juízo faz repetidas referências ao chifre pequeno (vs. 8 e 11). Portanto, o julgamento também deve envolvê-lo. “A evidência contextual interna sugere que os santos e o chifre pequeno igualmente partilham do veredicto do juízo pré-advento.”20 Os santos, no sentido de que eles recebem o reino (v. 27). Já o chifre pequeno tem retirado de si o domínio. Desse modo, a vindicação dos santos (v. 22) implica a condenação do chifre pequeno.
Propósito do julgamento
O objetivo primário do juízo pré-advento é a confirmação final da salvação e vindicação do povo de Deus (v. 22). “Por diversas vezes alguns desses santos foram julgados culpados de vários crimes, pelos tribunais terrestres, quando eles realmente estavam fielmente servindo a Deus e aos homens. No juízo pré-advento, tal injustiça será revertida pelo tribunal celeste. Dessa maneira Deus vindicará Seus santos.”21
Além da vindicação dos santos e da condenação do chifre pequeno, esse juízo também vindica a justiça de Deus em Seu trato com a humanidade. Quando os seres não caídos do Universo examinam os relatórios referentes aos santos, durante esse juízo, concluem que Deus é justo e misericordioso em cada caso. Assim, o caráter de Deus, que tem sido o centro do grande conflito entre Cristo e Satanás será vindicado.
Concluímos assim que Daniel 7 descreve a realização de um juízo antes do segundo advento. Esse julgamento abrange o povo de Deus e o chifre pequeno. Enquanto o poder tirano sofre extinção, o povo de Deus experimenta Sua justiça salvadora e recebe vida eterna.
Além disso, durante o processo desse julgamento, o próprio Deus é vindicado diante do Universo. No segundo advento de Cristo, quando for conferido o galardão, aqueles que mantiverem um relacionamento vivo com o Salvador, e cujos nomes permanecerem inscritos no livro da vida, tomam-se participantes do reino eterno.
A maior parte dos capítulos 18 e 19 de Gênesis descreve atos investigativos de Deus antes de Sua ação punitiva.
A parábola das bodas em Mateus 22 exemplifica o juízo pré-advento.
Referências:
1 Walter R. Martin, Kingdom of the Cults (Grand Rapids: Zondervan, 1965), pág. 407.
2 Desmond Ford, Daniel 8:14: The Dat of Atonement and the lnvestigative Judgment (Casselberry, FL: Euangelion Press, 1980).
3W. R. Lesher e Frank B. Holbrook, “Relatório Final da Comissão de Daniel e Apocalipse”, in Symposuim on Revelation, editado por Frank B. Holbrook (Silver Spring, MD: Instituto de Pesquisa Bíblica, 1992), vol. 7, pág. 455.
4 Dewey M. Beegle, Prophecy and Predictions (Ann Arbor: Pryor Pettengill, 1978), pág. 90.
5 William G. Johnsson, 70 Weeks, Leviticus, Nature of Prophecy (Washington, DC: Instituto de Pesquisa Bíblica, 1986), vol. 3, pág. 278.
6 Thomas R. Birks, First Elements of Sacraed Prophecy (Londres: William E. Painter, 1843).
7 H. G. Guinness, The Approaching End of the Age, Viewed in the Light of History, Prophecy and Science (Londres: Hodder & Stoughton, 1882).
8 Desmond Ford, Daniel (Nashville, Tenn: Southern Publishing Association, 1978), págs. 300-305.
9Desmond Ford, Daniel and the Coming King (Newcastle, CA: Desmond Ford Publications, 1996), pág. 298.
10 Ver Ford, Daniel, págs. 300-305, e William H. Shea, Selected Studies on Prophetic Interpretation (Silver Spring, MD: Instituto de Pesquisa Bíblica, 1992), vol. 1, págs. 67-104.
11 Thomas R. Birks, Op. Cit., pág. 352.
12 William H. Shea, Op. Cit., pág. 73.
13 Ibidem, págs. 106-110.
14 Ibidem, págs. 1-29.
15 J. A. Seiss, The Apocalypse (Grand Rapids, MI: Zondervan, 1973), pág. 136.
16 Samuel Bacchiocchi, Adventist Affirm (Outono, 1994), págs. 37-44.
17 Arthur J. Ferch, The Son of Man in Daniel Seven, tese doutorai (Berrien Spring, MI: Andrews University, 1979).
18 F. Düsterwald, Die Weltreiche um das Gottesreich (Freiburg: Herder’sche Verlagsbuch-handlung, 1890), pág. 177.
19 T. Robinson, Daniel, comentário homilético, vol. 19 (New York: Funk and Wagnalls, 1892), pág. 139.
20 Norman Gulley, Christ is Coming! (Hagerstown, MD: Review and Herald, 1998), pág. 413.
21 William H. Shea, 70 Weeks, Leviticus, Nature of Prophecy (Washington D.C.: Instituto de Pesquisa Bíblica, 1986), pág. 328.
Gerhard Pfandl, Ph.D., diretor associado do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral da IASD