Uma estratégia que garante a manutenção e o crescimento dos pequenos grupos

Antes de apresentar um plano para a implantação e funcionamento dos pequenos grupos em nosso território, faz-se necessário deixar claros dois fundamentos. O primeiro deles é a visão dos pequenos grupos na Divisão Sul-Americana: “Que os pequenos grupos sejam a estrutura espiritual e relacionai básica da igreja e das ações relacionadas ao pastoreio, discipulado, e a participação dos membros, de acordo com seus dons espirituais no cumprimento da missão; constituindo-se em um estilo de vida de cada adventista do sétimo dia e que os departamentos da igreja e seus programas sejam facilitadores no desenvolvimento dos pequenos grupos e que estes sejam o veículo adequado do programa da igreja”.1

Essa declaração nos desafia a fazer do pequeno grupo a base para o atendimento da igreja nos aspectos espiritual, relacionai e missionário. Ele não deve ser apenas um programa e sim o estilo de vida dos membros e a estrutura através da qual o pastor atenda e discipule seu rebanho.

O segundo fundamento tem que ver com a compreensão da igreja quanto ao propósito de sua existência. “A Igreja de Cristo foi organizada com fins missionários”.2 Por isso, Russel Burrill diz que, antes da implantação dos pequenos grupos duas coisas devem ocorrer na Igreja: redescobrir a paixão evangelística e sentir necessidade de salvar pessoas. Também deve compreender a verdade bíblica de que todos os crentes são ministros e que o pastor é o orientador e capacitador deles para o ministério.3

Isso significa que o pequeno grupo não é um fim em si mesmo, mas o meio estabelecido por Deus para nos levar ao fim desejável que é a maturidade espiritual de cada crente e a salvação de pessoas através do testemunho e da pregação do evangelho. Sem a visão clara de um ministério individual e sem o intenso desejo de salvar pecadores, os membros não estarão dispostos a se comprometer com os pequenos grupos.

Passo a passo

Aqui estão os passos sugeridos para a implantação e consolidação dos pequenos grupos de acordo com o fórum de pequenos grupos:4

Considerando que todo processo de mudança é difícil e desafiador, e que mudanças demandam tempo, esforço e muita determinação; considerando a presente visão com respeito aos pequenos grupos, propomos:

Que a igreja em todos os seus níveis, a partir da igreja local, priorize a implantação e consolidação dos pequenos grupos no seu plano de trabalho.

Precisamos implantar gradual e sistematicamente em todos os níveis da igreja os pequenos grupos e criar mecanismos para fortalecê-los cada vez mais. Isso inclui preparo de materiais, treinamentos e o compromisso individual de cada pastor e líder da igreja, para alcançar o ideal de uma igreja em pequenos grupos.

Que o processo de mudança seja gradual e progressivo.

A mudança de visão deve preceder a mudança de comportamento, por isso, não podemos implantar os pequenos grupos “por atacado”. O processo requer tempo e uma estratégia gradual e progressiva. Primeiramente, o pastor deve incorporar a visão e, depois, transmiti-la aos líderes da igreja e líderes em potencial de pequenos grupos. A transição deve ocorrer de igreja em igreja.

Que os pastores trabalhem com o plano de implementação e consolidação através de pequenos grupos protótipos.

O sistema de pequeno grupo protótipo (modelo) tem se mostrado o mais eficaz no processo de implementação e consolidação de pequenos grupos. O pastor forma um pequeno grupo com os potenciais líderes, neles implanta a visão e, ao mesmo tempo, ensina pela teoria e prática como eles devem liderar um pequeno grupo. Depois, esses líderes iniciam seu próprio pequeno grupo, seguindo o modelo apresentado pelo pastor.

Que a igreja mantenha a visão permanente de uma igreja em pequenos grupos, através de fóruns, festivais, retiros espirituais, materiais e testemunhos.

Para que os pequenos grupos sejam consolidados, a visão deve ser sempre realimentada. Daí, a necessidade de manter um cronograma de atividades e materiais que fortaleçam o processo. Na DSA, temos produzido livros sobre o assunto. Também temos mantido fóruns e outras reuniões com a liderança da Igreja no continente. As Uniões e Campos também têm buscado manter e ampliar a “visão” no dia-a-dia da igreja.

Que haja um esforço intencional e constante na busca pela multiplicação dos pequenos grupos.

O melhor caminho para aumentar o número de pequenos grupos e envolver toda a igreja é através da multiplicação dos que já estão consolidados. Para isso, o grupo deve estar preparado para se multiplicar, o que envolve um bom projeto missionário e investimento na formação de novos líderes.

Resultados práticos

Este é o terceiro ano desde que a Associação Sul-Rio-grandense iniciou uma nova fase no projeto de pequenos grupos. Segundo o pastor Herbert Boger, diretor de Ministério Pessoal, tudo começou com os chamados pequenos grupos de pastores, um protótipo formado por pastores desejosos de entrar no processo.

Inicialmente, realizava-se uma reunião semanal com material apropriado para a mudança de valores e para que eles próprios pudessem experimentar os benefícios práticos da vivência em um pequeno grupo. Depois de três meses, o encontro se tornou quinzenal. Simultaneamente, os pastores faziam o mesmo com líderes em suas igrejas, escolhidos pelo pastor, recomendados pela comissão e aceitos por votação pela igreja. Durante os três meses do funcionamento do pequeno grupo protótipo com os líderes, o pastor visitava mensalmente cada líder com o objetivo de ajudá-lo a se preparar em âmbito espiritual, familiar e na capacidade de liderança. Entre um e três meses depois, conforme os líderes iam se sentindo seguros, eles passavam a liderar seus próprios grupos. O projeto foi planejado para quatro anos e cada pastor busca implantar os pequenos grupos em duas igrejas por semestre. A manutenção é feita através de reuniões regulares e retiros espirituais com líderes.

Atualmente, o Campo tem 1.030 pequenos grupos, dos quais 840 realizaram evangelismo na semana santa. A média de um grupo para cada 25 membros é uma das melhores em nosso território. No ano passado, foram batizadas 2.200 pessoas na Associação, sendo a maioria fruto do trabalho dos grupos.

Experiência bem-sucedida também se repete em outras regiões da América do Sul. Diz o pastor Marcos Nunes, da Associação Planalto Central: “É o método mais funcional de continuação de pequenos grupos que já experimentei”, e acrescenta: “É assim que transfiro a visão e valores para os líderes. Em meu ministério, pequenos grupos têm sido facilitado-res da comunhão, missão e vida em comunidade”.

Carlos Fernandez, que pastoreia o distrito de Villa Mitre, no Sul da Argentina, reúne quinzenalmente seus líderes, e diz que aqueles “que assistem às reuniões, são os que realizam o melhor trabalho”. Metade dos membros do distrito está envolvida em pequenos grupos. Bill Quispe, diretor de Ministério Pessoal na Missão do Oriente Peruano, concorda: “A estratégia de implantação e manutenção dos pequenos grupos se baseia no grupo protótipo com os futuros líderes e, depois, na reunião mensal com eles”.

Portanto, a estratégia eficaz de implantação e consolidação de pequenos grupos envolve um processo que inclui o pequeno grupo protótipo, seguido de reuniões regulares com os líderes, e a constante alimentação da visão através de retiros, festivais e grandes encontros. O estudo regular de livros relacionados ao assunto é primordial, além de testemunhos de pessoas que estão vivendo a experiência. Também é fundamental levar a igreja a uma experiência de “Comunhão e Missão” cada vez mais profunda, o que preparará os membros para aceitar os desafios de fazer do pequeno grupo um estilo pessoal de vida. O resultado será a multiplicação de pequenos grupos e o decorrente preparo para a volta de Jesus!

Referências:

  • 1 Declaração de visão elaborada no 2o Fórum de Pequenos Grupos da Divisão Sul-Americana, realizado em Brasília, 02 a 05/11/2008, e votada pela Comissão Diretiva da DSA.
  • 2 Ellen G. White, Obreiros Evangélicos, p. 464.
  • 3 Russell Burrill, Como Reavivar a Igreja do Século 21, p. 160.
  • 4 2o Fórum de Pequenos Grupos da Divisão Sul-Americana, Brasília, 02 a 05/11/2008.