Seminário ministerial discute as Escrituras.

Pouco se fala, atualmente, sobre o Projeto Preach. Mas já foi um assunto bastante comentado, especialmente no início da década de 80. A pa­lavra inglesa Preach, nesse caso, é, na verdade, uma sigla com­posta pelas iniciais das palavras que for­mam a frase Programfor reaching every acti­ve clergy home, ou “programa para alcançar cada clérigo ativo em seu lar” e que no Brasil está sendo desenvolvido como “Seminário para pastores evangélicos”. Seja qual for a no­menclatura, o objetivo do plano é construir uma ponte para aproximação do ministério evangélico, mostrando-lhe o que crê e prega a Igreja Adventista. A revista Ministério é o principal elo dessa ligação, devendo ser envia­ da àqueles pastores cujos endereços forem conseguidos, ou patrocinando seminários.

Embora, pelo que revelam as profecias, a intolerância para com a Igreja seja uma atitude que não será totalmente erradicada nos meios protestantes, o plano tem dado certo. Em muitos lugares, aquela idéia de que os adventistas são uma seita legalista vai sendo banida, e até batismos de pastores de outras denominações já foram efetuados. Aqui, desde que o plano foi divulgado, os pastores foram mobilizados, endereços foram catalogados, mas não se tem muita informação dos resultados.

Se se tem falado pouco sobre o assunto, obviamente, existe muito por fazer.

Ação

Mas a Associação Ministerial da Divi- são Sul-Americana está agindo. Depois do primeiro seminário, em julho de 1995, realizou o II Seminário para Pastores Evangélicos, no dia 13 de fevereiro, no mesmo local do anterior: auditório do Edifício da Bíblia, em Brasília, DF, pertence a sociedade Bíblica do Brasil. Sob a coordenação do Pastor José Viana, secretário ministerial associado da DSA, o encontro reuniu 63 pastores e professores, representando equilibradamente diversas denominações evangélicas tradicio­nais, como batista, metodista e presbiteriana; e pentecostais com suas várias ramificações.

Entre os presentes havia também pastores adventistas, líderes da Divisão Sul-America­ na, além de administradores, alguns distri­tais e departamentais da Associação Planalto Central.

O principal palestrante foi o Dr. Amin Américo Rodor, pastor brasileiro, atualmente ser­ vindo na Associação de Ontário, no Canadá. E, desta vez, o tema abordado foi “O pastor e a Bíblia – revelação, inspiração e interpretação”.

Conteúdo rico

Depois da mensagem devocional, apresentada pelo Pastor Rubens Lessa, redator-chefe da Casa Publicadora Brasileira, o Dr. Amin assumiu a direção das aulas, divididas em quatro períodos, de manhã e à tarde, com intervalo para um almoço de confraternização num confortável hotel da capital federal.

“Num mundo que mente na políti­ca, nas questões sociais, em relação ao sexo, à família e tudo o mais, o pastor tem o privilégio e a responsabilidade de empunhar a Palavra da verdade”, iniciou o conferencista, referindo-se à Bíblia, acrescentando que “as duas maiores obrigações do pastor é ensinar e pregar a Bíblia.”

No transcorrer da sua exposição, o Dr. Amin insistiu em mostrar as Sagradas Es­crituras como aquilo que realmente é: a Pa- lavra de Deus escrita, poderosa e eficaz.

Pastor José M. Viana

Discorreu sobre a di­nâmica do processo revelação-inspiração-interpretação, destacan­do a necessidade de se considerar o contexto, evitando assim as ati­tudes extremistas, fa­náticas e excêntricas. É justamente esse cui­dado que ajuda a eli­minar muitas dúvidas relacionadas com os chamados textos difíceis da Escritura. Mesmo as supostas discrepâncias científicas devem ser estudadas dentro do contexto histórico e cultural das afirmações feitas. “Precisão científica ab­soluta não prova a inspiração da Bíblia”, disse o visitante.

O que importa, realmente, é a permanên­cia e a inviolabilidade da mensagem central das Escrituras, que é Cristo, Sua salvação oferecida ao homem e Seu retorno em gló­ria, para restauração do mundo a Seu plano original de perfeição.

Apesar dos cuidados técnicos, necessá­rios ao estudo da Bíblia, a ênfase maior fi­cou para a dependência do Espírito: “A Palavra sem o Espírito é letra morta. O Espírito sem a Palavra é um estranho”, garantiu o Dr. Amin.

Impressão positiva

A realização desse seminário cumpriu seu objetivo de mostrar uma imagem positiva da Igreja Adventista e seu ministé­rio, entre os participantes. Embora cuidado­sa em sua avaliação, a Professora Marisa Lemos Souto, diretora de Educação da Con­venção Batista do Distrito Federal, declarou-se satisfeita com o que sentiu, ouviu e viu.
“Sei que a Igreja Adventista deve ter algum objetivo específico ao nos convidar para um encontro dessa natureza; no mínimo, promo­ver a revista Ministério.
Mas não posso deixar de reconhecer a altís­sima qualida­de e profundi­dade do con­teúdo bíblico apresentado. Realmente, foi algo fantásti­co”, ela disse, Pastor José Bessa: jubilado, ativo e atento tendo a con­cordância da Professora Merita Oliveira, da segunda igreja batista do Plano Piloto.

O Pastor Onésimo Barbosa, da igreja presbiteriana independente central, de Brasília, também afirmou ter ficado “sur­preso com o convite” para o seminário. “No entanto”, afirmou, “não tenho restri­ções a nada que ouvi. Concordo plena- mente com o que foi apresentado, e até acho que a partir desta visão da Bíblia, podemos crescer juntos em sua compreensão.” Já o Pastor Valcir Fernandes Canto, da Assembléia de Deus, destacou o aspec­to da unidade ministerial, que um seminário assim pode proporcionar. “Necessitamos disso”, enfatizou.

Única pastora entre o grupo, Celi Gomes de Santi, da Igreja Luz da Vida, resumiu suas impressões sobre o seminário, com uma ava­liação didáti­ca: “nota dez.”