Jogue fora sua culpa. Você não pode culpar-se nem a Deus, quando seus filhos rejeitam ou abandonam seus conselhos e liderança espiritual. Nada lhe garante imunidade a isso.
Muitos pais pastores são esmagados pela ira, vergonha, culpa, autocondenação e amargura, quando um filho se afasta da educação recebida. Parece que até Deus falhou em Sua palavra; ou não é a Bíblia que diz: “Ensina o menino no caminho em que deve andar, e ainda quando for velho não se desviará dele” (Prov. 22:6)?
Que maravilhosa promessa, se fosse sempre assim! Muitos de nós temos nos destruído emocionalmente tentando discernir o que deu errado com nossa paternidade, ou com a promessa de Deus. Alguns há que se sentem desconfortáveis, culpando a Deus pelos filhos pródigos, mas aplaudindo satisfeitos a si mesmos, pela habilidade paternal demonstrada nos filhos que não se desviaram.
O texto mencionado é precisamente o que é: um provérbio. Não é uma garantia, nem uma promessa. É um princípio a ser praticado, mas não assegura somente resultados agradáveis à paternidade fiel. Ao contrário, descreve a responsabilidade paterna de levar os filhos a desenvolverem os próprios interesses e capacidades, e então guiá-los em um caminho vocacional satisfatório, em harmonia com seus interesses e talentos inatos.
Longe de ser um fundamento inflexível que apenas frustra e desaponta quando os acontecimentos não ocorrem como previstos, esse verso aconselha os pais a estudarem os modos pelos quais possam esperar que um filho tenha uma vida útil e saber que profissão o tornará mais feliz. Portanto, os pais deveriam recomendar aos seus filhos escolhas que estejam em harmonia com a disposição natural deles. Então, deveriam se esforçar para dirigi-los nessa descoberta. “A instrução mencionada por Salomão é dirigir, educar e desenvolver. A fim de que pais e professores façam esse trabalho, devem eles mesmos compreender o caminho em que a criança deve andar.” – Testemunhos Para a Igreja, vol. 3, pág. 131.
O amor sempre corre riscos e, talvez, para o Criador, o maior deles seja a livre escolha. Nem fidelidade religiosa nem habilidade paternal eliminam o livre-arbítrio. As Escrituras nunca prometem recompensar nossa espiritualidade pelo fato de forçarmos bom comportamento a nossos filhos.
Notemos o exemplo dado por Jesus na parábola do filho pródigo. Ali, o amor do pai representa as atitudes do Pai celestial. Seguramente, aquele é o melhor modelo possível de educação. Mas a despeito da excelência paternal, o filho mais novo deixou o lar, trilhando o longo caminho da rebelião; e o outro, o mais velho, permaneceu no lar reivindicando recompensa por sua obediência. Lembre-se: nem todos os pródigos saem de casa.
O filho pródigo desejou que seu pai morresse: “Pai, dá-me a parte dos bens que me cabe” (Luc. 15:12). Já o filho mais velho tanto pensou em herdar todas as posses, quando o pai morresse, que ficou ressentido com a conversão do irmão. Os dois nada queriam com os valores do pai. Ambos expressaram mais confiança nas boas obras do que na graça. O pródigo raciocinou que deveria voltar ao lar para reassumir seu lugar através da servidão, e o outro cria que os anos de obediência lhe davam direito a recompensa maior.
A parábola oferece perspectiva e esperança. Você não é responsável por todas as escolhas feitas por seu filho. Algumas vezes tudo o que você pode fazer é esperar por uma mudança de mentalidade e espírito. Se o pai da parábola pudesse ter mudado seu filho através do aconselhamento contra a desobediência, repreendendo o estilo de vida libertino, forçando-o a não fugir, ou empreendendo qualquer outro tipo de esforço pessoal, ele certamente teria escolhido, por seu filho, evitar as conseqüências traumáticas e inevitáveis da rebelião. Mas apenas o amou, embora não fosse correspondido.
Anime-se. Ore. Não desista. Você não sabe como o Espírito Santo trabalhará para reconquistar o coração e a mente do filho rebelde. Não tolere atitudes que ameacem sua segurança, a de sua esposa e dos outros filhos. Mas não pense que lhe é possível enquadrar o seu filho, à força, no comportamento que você deseja. Ame-o incondicionalmente e evite censurar. Se for tentado a criticar ou repetidamente expressar opiniões sobre o estilo de vida ao qual seu filho bem sabe que você se opõe, ore para que Deus faça o mesmo milagre que fez com os leões que cercavam Daniel, ou seja, feche a boca. Apenas ame sem reservas.
James A. Cress – Secretário Ministerial da Associação Geral da IASD