Ter apenas presença em cada nação não é suficiente. Estratégia Global visa a todos os grupos de famílias, línguas e povos.
Alcançar um novo grupo de um milhão de pessoas cada dia nos próximos dez anos — eis o desafio apresentado à igreja pelo Comitê de Estratégia Global. Esse desafio foi sancionado pelo Concilio Anual, e deveria ser apresentado à sessão da Associação Geral de 1990.
Nem sempre os adventistas pensaram no amor ao mundo como um traço positivo de caráter. Em* sua primeira epístola João adverte contra amar os interesses do mundo e outras influências pecaminosas. Mas em seu evangelho o mesmo autor nos diz que Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna (João 3:16). Jesus mandou que os Seus discípulos amassem “uns aos outros assim como Eu vos tenho amado”. E os comissionou com estas palavras: “Ide por todo o mundo.” “E sereis Minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os confins da Terra” (Marcos 16:15; Atos 1:8).
Subir em uma escada e olhar para o seu quarto da altura do lustre, dá a você uma perspectiva diferente da que você tem olhando do chão. O Comitê de Estratégia Global o convida a subir a escada e obter uma nova visão da Igreja Adventista no mundo. Durante um século estivemos olhando o mundo em termos de países. As Nações Unidas relacionam 215 deles. Os adventistas já penetraram e mantiveram uma representação em 184 destes. Dos 31 países não penetrados, apresentados em nosso relatório estatístico anual de 1988, o Afeganistão (18 milhões) é o maior, seguido pela Arábia Saudita (14 milhões) e a República Árabe Síria (12 milhões). Quatro outros países têm entre cinco e 10 milhões, oito têm entre um e cinco milhões de habitantes, e 16 têm apenas uma fração de milhão. Dois destes têm apenas 1.000 cada. Reunida, a população destes 31 países é menos de dois por cento da população do mundo. Dessa maneira, essas estatísticas fazem parecer que os adventistas já alcançaram 98% do mundo com o evangelho.
E os relatórios mais recentes indicam que a situação está melhorando. Depois que foi compilada a lista de 1988, foi organizada uma igreja adventista nos Emirados Árabes Unidos. Estão sendo dados passos para penetrar em Djibouti, Somália, Arábia Saudita e na República Democrática do Iêmen (Áden).
Mas simplesmente relacionar nações como “penetradas” ou “não penetradas” dá uma idéia distorcida da penetração da igreja, realizada na população do mundo. Nos países que relacionamos como penetrados, há grupos de pessoas a serem alcançados, os quais compreendem populações maiores do que a de alguns países que consideramos não penetrados.
A prefeitura de Mianyang, na província de Sichuan na China, por exemplo, tem uma população de 13 milhões, e é apenas uma das 192 prefeituras não penetradas da China. Mesmo em países cristãos há enclaves de minorias étnicas não cristãs. Um de nossos amigos missiologistas cristãos chama esses grupos de as pessoas ocultas. Muitos desses grupos são mais isolados pelas barreiras da língua. No pensamento evangélico atual, eles são colocados entre os grupos de pessoas não alcançadas. Recentemente se calculou que existem 12.000 desses grupos ainda não alcançados pelo cristianismo. Alguns deles são muito pequenos, mas outros incluem vários milhões de pessoas.
O Comitê de Estratégia Global está motivando a igreja a abandonar o conceito de país, no que diz respeito a missões, e partir para o alvo de alcançar cada pessoa na Terra — cada criatura. O comitê está pedindo que demos testemunho a todos os grupos étnicos, lingüísticos, geográficos, culturais, ocupacionais e socioeconômicos do mundo. Ao fazermos isto, não devemos dar a mesma prioridade às poucas pessoas da Johnston Island, que damos para alcançar o 1,1 bilhão da China.
A visão global
A população do mundo passou da marca dos cinco bilhões, no momento em que nosso comitê iniciou esta análise, em meados de 1987. Dividimos a população mundial em 5.000 unidades geográficas de cerca de um milhão cada, e verificamos que, pela graça de Deus, os adventistas estão testemunhando em cerca de 3.200 delas.
Isto deixa umas 1.800 unidades geográficas nas quais não temos nenhuma obra em andamento. Destas, 1.150 estão fora do território incluído em nossas Divisões mundiais de agora, e exigirão atenção especial da Associação Geral. As áreas que possuem maiores concentrações de unidades geográficas não penetradas são a República Popular da China, a Ásia Central Soviética, as áreas islâmicas da África do Norte e do Oriente Médio, as áreas hindus dentro e ao redor da Planície Gangéstica, e as áreas budistas do sueste da Ásia.
Das 750 unidades que estão dentro do território circundado por nossas Divisões mundiais, 350 estão na Divisão da Ásia Meridional, principalmente na União Setentrional.
Com o nosso alvo para populações determinado, o próximo passo é começar a lançar uma estratégia para alcançá-las. Cada população exigirá uma estratégia diferente, por causa das necessidades que experimenta, sua língua, sua vida urbana, agrícola, ou nômade, seu nível educacional e muitos outros fatores.
A estratégia global deve ser terminada, até o ano 2000, por meio da soma dessas estratégias individuais, do emprego de um testemunho cristão em cada uma dessas 1.800 populações visadas. Se dermos prioridade a essas populações visadas onde não existe nenhum testemunho cristão, os cristãos sinceros de outras denominações nos respeitarão por isso. Onde outros cristãos já estão trabalhando, deveríamos visitar os seus líderes e apoiá-los, ajudá-los a participar de nossa luta para transmitir o evangelho em sua plenitude, e oferecer nossa cooperação na terminação de um testemunho tal. Este testemunho deve, da posição vantajosa da perspectiva própria dos adventistas, repartir as bênçãos do evangelho na plenitude do primeiro, sua esperança no futuro e, segundo, seu estilo de vida que ajuda a encher a vida de saúde e alegria.
Os pioneiros de nossa igreja vieram de um fundamento cristão e tinham por base as verdades fundamentais do evangelho. E eles empreenderam a maioria de suas buscas evangelísticas entre pessoas que já haviam crido na mensagem básica do cristianismo. Alcançar um novo grupo de um milhão de pessoas cada dia entre muçulmanos, budistas, hindus e comunistas não é a mesma coisa que iniciar um xyz final para pessoas que já aceitaram a parte principal do “alfabeto” cristão. Mas não são só os vocabulários religiosos e as formas de pensamento que criam barreiras à disseminação do evangelho. Há, também, 271 línguas faladas por um milhão ou mais de pessoas, entre as quais ainda não temos um trabalho. Estas já foram identificadas e levadas em consideração no planejamento estratégico da Rádio Mundial Adventista, mas as respostas aos programas de rádio precisam ser acompanhadas pelo contato pessoal. Afinal, é o ministério do ser humano que é eficaz — O Verbo feito carne — que chegava às pessoas e nelas tocava com a linguagem do corpo. Isto requer conquistar a confiança das pessoas e seu consentimento para viver entre elas.
Estratégias práticas
Num livro publicado em 1988, David B. Barrett e James W. Reapsome sugerem dezesseis maneira de os cristãos lidarem com os desafios dos países fechados. Oito delas são postas em funcionamento por meio de cristãos nascidos nesses países, e oito por meio de cidadãos de outros países.
Entre essas maneiras, três há que são especialmente apropriadas à consideração dos profissionais adventistas e estudantes universitários. Visto a maioria dos leitores da revista Ministry se encontrar em países nos quais a igreja adventista está bem firmada, darei destaque às estratégias dos que não são cidadãos ou não são residentes.
A estratégia “fabricante de tendas”, refere-se a Paulo, que empregava sua habilidade de fazer tendas para ganhar o sustento, enquanto dava testemunho e pregava o evangelho. Uma agência enumera 15.000 oportunidades de os cristãos conseguirem emprego oferecendo as habilidades especializadas exigidas pelos governos que os recebem, muitos deles de países “fechados”.
Sabemos de um engenheiro civil, da equipe de cardiologistas de Loma Linda e do pessoal da ADRA, que estão na demanda e desenvolveram uma amizade duradoura em países nos quais um missionário adventista jamais poderia obter um visto de permanência. Sabemos também de adventistas que serviram em países “fechados” como diplomatas ou pessoal de embaixada de seus governos. Seus contatos e amizades fortaleceram e encorajaram a vida espiritual no país para onde foram, e prepararam o caminho da obra de Deus, a fim de que se abrissem portas para missões mais diretas (e as portas estão sendo abertas).
Os turistas adventistas, especialmente da Europa e dos Estados Unidos, mas com freqüência cada vez maior, de outros países como o Japão e a Austrália, podem viajar extensamente pelas maneiras jamais sonhadas por nossos pioneiros. Os contatos feitos e as amizades travadas nessas excursões, podem ser usados por Deus para abrir o caminho para o testemunho.
O intercâmbio de estudantes e professores pode ser uma via de comunicação de mão dupla. Sabemos de jovens que têm ido estudar em universidades de países fechados, cuja vida serviu de testemunho para alunos e professores que os sucederam. E alguns colégios e universidades adventistas têm admitido alunos não adventistas vindos de países fechados. E cultivar a amizade dos cidadãos dos países fechados, que vêm estudar em nosso país, talvez seja uma das vias mais fáceis para o evangelismo, pois as pessoas que se acham em um novo ambiente muitas vezes são receptivas a mudanças.
Além dessas estratégias, nossa obra em países fechados dependerá do trabalho profissional leigo aos governos desses países, do assentamento subvencionado de famílias em áreas onde possam continuar vivendo como pessoas leigas que se sustentam, e do reforço das universidades que têm aceito alunos adventistas de países fechados. Cultivar a amizade dos cidadãos dos países fechados, que moram em nosso país, talvez seja uma das vias mais fáceis para o evangelismo, pois as pessoas que se encontram em novo ambiente muitas vezes aceitam mudanças.
Amar o mundo pode acabar sendo simplesmente isto — viver o amor de Deus entre pessoas que não conheceram este amor, ou que, tendo-o conhecido com um nome diferente (como, por exemplo, Alá), podem ser levadas a admiti-lo e partilhá-lo. Algumas dessas pessoas podem nunca vir a adotar o nome adventista do sétimo dia ou mesmo cristão, porque as pessoas entre as quais vivem interpretariam mal o título e rejeitariam nossa mensagem profética oculta, por causa da experiência passada com cristãos que agiram de várias maneiras não cristãs.
Charles Taylor, secretário do Comitê Estratégia Global
“Todas as unidades geográficas do mundo deverão agora ser atingidas.“