Assistir a encontros especiais não é novidade para os pastores. Freqüentemente eles são convocados para reuniões onde se discute alvos, metas de trabalho e estratégias para alcançá-los. A liderança do Campo ou instituição a que servem espera, com justa razão, que eles compareçam levando informações sobre o que foi feito em suas respecivas áreas de ação ou distritos. Anual, semestral ou trimestralmente isso acontece. E embora também participem de programações eminentemente inspiradoras e de confraternização, até com a presença de esposas e filhos, essas não são realizadas com a freqüência desejada por todos.
Por isso, o Concilio Ministerial da Divi-são Sul-Americana, realizado em julho, proporcionou aos pastores uma ocasião especial para reflexão, inspiração, oração, reciclagem teológica e confraternização; tudo em nome da eficiência pastoral. Aguardado com muita expectativa, o encontro foi inédito, segundo os líderes da Associação Ministerial da DSA. Assim mesmo, as esposas não puderam estar presentes, a não ser aquelas que lideram a Área Feminina da Associação Ministerial, Afam, ou o Ministério da Mulher nos diversos Campos e Uniões. Seria impossível acomodar tanta gente.
O Concilio foi subdividido em várias sedes: Instituto Adventista de Ensino do Nordeste, Iaene, nos dias 1o a 5 de julho, reunindo pastores das Uniões Norte e Nordeste. Instituto Adventista de Ensino, IAE, campus central, entre os dias 8 e 12 de julho, para os pastores das Uniões Este, Central e Sul. As equipes das Uniões Austral e Chilena estiveram em Foz do Iguaçu, durante os dias 15 a 19 de julho, e, na cidade de Nana, foram reunidos os pastores das Uniões Peruana e Boliviana, e Missões Equatorianas do Norte e do Sul.
Programação rica
Na verdade, o Concilio Ministerial que envolveu a Divisão Sul-Americana foi uma iniciativa da Associação Geral. “Normalmente, este encontro era realizado por ocasião das assembléias mundiais. A partir deste qüinqüênio, está sendo levado às Divisões”, como explica o Pastor Alejandro Bullón, secretário ministerial da DSA. Dessa forma, até o final do ano, todas as Divisões mundiais serão beneficiadas.
Falando de suas expectativas quanto ao evento, o Pastor Bullón afirmou: “Gostaria de ver línguas de fogo consumindo a miséria humana e habilitando-nos para terminar a Obra de Deus. Fogo transformando vidas, fogo preparando-nos para levar a Igreja ao último capítulo de sua história.” Na mesma linha de pensamento, argumentava também o secretário ministerial associado, Pastor José Viana: “Um Concilio Ministerial é um ponto de convergência de muitas expectativas: o reencontro com ex-colegas e amigos; o retomo à atmosfera acadêmica — sinônimo de atualização e reciclagem; o desejo de receber um sopro novo do Espírito Santo que infunda poder e robusteça a fé.”
Para isso, a programação da DSA foi elaborada com sabedoria e cuidado. A começar pela escolha dos palestrantes: Drs. Joel Sarli, Teófilo Ferreira, William Shea, Rex Edwards, Nikolaus Satelmajer, Raúl Castillo, Maurice Battle, Stoy Proctor, da Associação Geral; Dr. César Vasconcellos, do Hospital Adventista Silvestre; Dr. Juan Millanao, do Salt-IAE; Pastores Orlando Ritter, do IAE, campus de São Paulo; Alejandro Bullón, da DSA; e Williams Costa Júnior, do Está Es-crito’, além das Professoras Margarida Sarli, da Associação Geral; e Vasti Viana, da Divisão Sul-Americana. Dois palestrantes (os Pastores James Cress, secretário Ministerial da Associação Geral; e Wilmore Eva, editor de Ministry) não puderam comparecer.
As atividades seguiram um padrão que se repetia diariamente. Cada dia começava com uma mensagem devocional, seguindo-se duas conferências plenárias. As tardes foram dedicadas aos seminários, programados para que cada pastor assistisse a cinco deles. Os temas variavam entre disciplina eclesiástica, liderança profética, Bíblia e ciência, solução de conflitos na igreja, pregação bíblica, administração, música, aconselhamento pastoral, princípios de saúde, missão, família e evangelismo pessoal.
Uma inspiração à parte foram as apresentações do Pastor Orlando Ritter. Considerado expoente denominacional na área de Ciência e Religião, deu uma visão geral da interação entre darwinismo e criacionismo através dos tempos, contrapondo às hipóteses materialistas a verdade do texto bíblico.
Cada noite, numa mesa-redonda, discutia-se um dos seguintes temas: Repúdio e novo casamento, Os perigos da Nova Era, e Autoridade da Igreja. Se não foram dadas respostas dogmáticas às questões formuladas, a discussão serviu para delinear ou reafirmar princípios que certamente contribuirão para uma ação pastoral unida, diante dos problemas relacionados com as áreas abordadas. O assunto que requereu mais demorada discussão foi a questão conjugal. Aliás, muitos dentre os participantes consideraram limitado o tempo destinado à mesa-redonda.
As atividades eram sempre encerradas com uma mensagem espiritual.
Comunhão, dedicação e visão
A essência de todas as palestras foi a ênfase na excelência da vocação ministerial e nas qualificações que um indivíduo precisa ter para desempenhá-la com êxito. O pastor é um homem privilegiado pela grandeza da função que exerce, mas não está imune aos perigos que rondam os outros mortais. “O pastor também luta com duas naturezas”, lembra o Pastor Joel Sarli, chamando a atenção para a vigilância que cada ministro deve exercer sobre seus sentimentos, e a necessidade de íntima comunhão com Cristo. “Satanás não se importa se você for um grande ganhador de almas, desde
que você não ore. Ele sabe que é mais importante falar com Deus sobre os homens, do que falar aos homens sobre Deus”, completa o Dr. Rex Edwards, falan do das razões pelas quais Pedro caiu.
Numa inspiradora mensagem, o Dr. Ni kolaus Satelmajer traçou o perfil do verda- deiro pastor: “Deve conhecer pessoalmente a Cristo, deve apoiar os que lhe estão próximos (familiares e oficiais), tratar amorosa mente o pecador e gastar tempo com pessoas aparentemente sem importância.” Como líder e portador de uma missão, o pastor necessita manter uma visão acima das circunstâncias adversas, semelhante à águia, na descrição feita pelo Pastor Alejandro Bullón. Talvez seja a falta dessa vi- são o motivo pelo qual a missão ainda não foi concluída. “Falta coragem para lutar pela posse da Terra. Falta visão positiva e confiante; precisamos ter fé no que Deus falou”, insiste o Pastor Sarli, falando no início do encontro, no Iaene. “Não precisamos gastar muito tempo explicando minúcias. Temos que pregar a Palavra”, ele acrescenta. O Pastor Ruy Nagel, presidente da DSA, pregando na abertura do evento, no IAE, também incentivou os pastores à continuidade do cumprimento da missão.
Batendo nessa tecla, o concilio foi desenvolvido e ganhou a apreciação dos pastores. “Nosso sentimento é de profunda gratidão por tudo o que vimos, ouvimos e recebemos”, testemunha o Pastor Zênio Santos, da Associação Leste Sul-Rio-Grandense e, com ele, concorda Carla Storch, da Associação Mineira Central. “Precisávamos disso”, atesta o Pastor Carlos Ribeiro, da Associação Bahia.
O pregador do último sábado foi o Pastor Maurice Batte, um dos secretários da Associação Geral. Ele enfatizou a necessidade de capacitação para o serviço. Pastores e membros têm uma missão a desempenhar, tal como Cristo e os discípulos tiveram. Jesus escolheu uma equipe e a capacitou. Semelhantemente, hoje, “a cada membro deve ser atribuída uma atividade. Cada membro é um ministro de Deus”.
Emoções
As duas sextas-feiras do concilio brasileiro foram marcadas por momentos espe-ciais, à noite. No Iaene, uma fogueira serviu para aquecer física e espiritualmente os congressistas. Ao seu redor, eles cantaram hinos, confraternizaram e oraram uns pelos outros. Aliás, grupos de pastores espalhados pelos dois campus orando, após as reuniões noturnas, foi cena comum e gratificante.
No IAE, antes da mensagem, num diálogo emocionado, via telefone, com o Pastor Bullón, o Pastor Valter Boger, diretor geral, que convalesce de uma enfermidade, agradeceu o carinho e as orações feitas em seu loé João de Almeida, diretor de Comunicação da Divisão Sul-Americana, e Williams Costa Júnior, produtor do programa Está Escrito para o Brasil.
Missão cumprida
A realização do Concilio Ministerial deixou a impressão de que, finalmente, os pastores do Brasil receberam algo valioso de que sentiam muita falta. E por isso, o senti-mento geral era de gratidão. Muitos, como o Pastor Elizeu Lira, da Associação Espírito-Santense, também enalteceram a alegria da confraternização experimentada, ao lado das valiosas instruções recebidas através dos seminários, palestras e sermões.
O atendimento dispensado aos congressistas, pelas duas maiores instituições educacionais adventistas brasileiras parece ter superado as expectativas. Prestatividade, polidez e disposição generosa foram características marcantes da equipe de alunos e professores dos dois colégios. “Do menor ao maior servidor, todos merecem uma referência honrosa e uma expressão de profunda gratidão por tudo o que nos proporcionaram”, enfatiza o Pastor Manoel Xavier de Lima, presidente da Associação Planalto Central, que assistiu à programação do IAE. Quem esteve no Iaene sabe que o mesmo deve ser dito sobre a equipe nordestina.
“A preparação de um concilio como este é muito desgastante. Mas foi com-pensador. Sentimos a presença do Espírito Santo”, assegura a secretária Dalmácia Sandor, da DSA, que atendeu a todos com muita dedicação. As poucas mulheres presentes ao concilio também ficaram entusiasmadas, segundo a irmã Vasti Viana, líder da Afam. “Certamente elas estarão mais envolvidas na tarefa missionária e, agora, mais preparadas para capacitar e arregimentar as demais irmãs, em seus respectivos territórios de trabalho”, ela garante.
Para os líderes da Associação Ministerial, o esforço valeu a pena. “Se o primeiro trimestre deste ano foi o melhor da história da DSA, evangelisticamente falando, imagine o que vai acontecer daqui para frente”, afirma o Pastor Bullón. Na avaliação do Pastor Viana, “o Espírito deu nova motivação para servir melhor. Os resultados aparecerão não apenas em termos de números, mas num crescimento legítimo dos pastores e do rebanho”.
Isso é o que todos esperam.
“O concilio foi extraordinário. O companheirismo, o reavivamento, os grupos de oração à noite, as mensagens, os seminários, a presença do Espírito Santo, enfim, apesar dos gastos de tempo, dinheiro e esforço, valeu a pena. Os pastores estão inspirados. E, se o primeiro trimestre deste ano foi o melhor da história da Divisão Sul-Americana, evangelísticamente falando, imagine o que vai acontecer daqui para frente, com esses pastores levando o fogo do Espírito no coração!”
– Pastor Alejandro Bullón.
“Um concilio dessa natureza é a soma de muitas horas de planejamento, de muito dinheiro e enormes dis-tâncias percorridas. Mas também é o ponto de convergência de muitas expectativas, como o reencontro com os colegas de ministério e de receber um novo sopro do Espírito. Posso dizer que as expectativas foram satisfeitas, o Espírito Santo esteve presente e nos deu uma motivação nova para o tra-balho que Deus nos confiou. Os resultados vão aparecer, não apenas em termos de números, mas através de um crescimento real e legítimo, dos pastores e do rebanho sob seus cuida-dos.”
– Pastor José M. Viana.
“Foi uma alegria participar do Concilio Ministerial. Sentimos que as outras colegas, líderes da Afam e do Ministério da Mulher, também ficaram felizes e foram enriquecidas através do companheirismo, das mensagens e das informações que receberam. Sem dúvida, continuarão envolvidas na tarefa missionária e, agora, estão mais preparadas para capacitar outras irmãs. Com a graça de Deus, cumpriremos nosso papel na terminação de Sua Obra.”
– Vasti Viana.