E. G. Finney

Este artigo, escrito pelo renomado avivalista Charles Finney, constitui uma adaptação do que foi publicado na Advent Review and Herald of the Sabbath, em 22 de julho de 1875. A linguagem antiquada, no inglês, pode dar uma ideia de quantos anos decorreram desde aquele tempo, mas os pregadores que seguirem estas regras podem estar tão certos de que não converterão ninguém, como os seus colegas há mais de um século.


O desígnio deste artigo é propor diversas regras de tal índole que, se alguém pregar estritamente de acordo com qualquer delas, não consiga converter a pessoa alguma. No tempo presente geralmente se admite que o Espírito Santo converta almas a Cristo por meio da verdade adaptada a essa finalidade. Depreende-se que um pregador egoísta não fará hábeis adaptações para converter almas a Cristo, pois este não é o seu objetivo.

REGRA Nº 1. Seu supremo intuito deve ser assegurar sua própria popularidade; é claro que então sua pregação será adaptada a essa finalidade, e não para converter almas a Cristo.

REGRA Nº 2. Procure agradar, e não converter seus ouvintes. Faça com que seus ouvintes estejam satisfeitos consigo mesmos e com você, e tenha o cuidado de não ferir os sentimentos de quem quer que seja.

REGRA Nº 3. Procure obter a reputação de ser um admirável escritor.

REGRA Nº 4. Redija os seus sermões com elevado grau de esmero literário, para que sejam floridos, aparatosos, e se encontrem bem acima da compreensão do povo em geral, de modo que seus

REGRA Nº 5. seja parcimonioso nos pensamentos, para que o seu sermão não contenha verdade suficiente para converter uma alma. Não apresente pontos distintos, e não aborde questões que perturbem a consciência de seus ouvintes, para que não se lembrem delas e se alarmem com a condição de sua alma.

REGRA Nº 6. Evite pregar sobre doutrinas que são desagradáveis à mente carnal, para que eles não digam de você o que disseram de Cristo: “Duro é este discurso, quem o pode ouvir?”, e para que você não prejudique a sua influência.

REGRA Nº 7. Denuncie o pecado de maneira abstrata, mas não faça alusão aos pecados de seu atual auditório. Evite especialmente pregar aos que se acham presentes. Pregue sobre pecadores, mas não a eles. Diga: eles, mas não: você, para que ninguém faça uma aplicação pessoal e salutar de seu assunto.

REGRA Nº 8. Conserve fora de vista a espiritualidade da santa lei de Deus, pela qual vem o conhecimento do pecado, para que o pecador não veja sua condição desesperadora e não fuja da ira por vir.

REGRA Nº 9. Pregue a salvação pela graça; mas não leve a sério a condição do pecador como alguém que está condenado e perdido, para que ele não compreenda o que você quer dizer com a palavra graça e não sinta necessidade dela.

REGRA Nº 10. Não pregue sermões perscrutadores, para que você não convença e converta os membros mundanos de sua igreja.

REGRA Nº 11. Não cause a impressão de que Deus ordena seus ouvintes que obedeçam à verdade agora mesmo.

REGRA Nº 12. Não dê a impressão de que espera que seus ouvintes entreguem o coração a Deus neste próprio momento.

REGRA Nº 13. Deixe a impressão de que se espera que eles vão embora em seus pecados e considerem a questão como lhes convier.

REGRA Nº 14. Alongue-se muito sobre a sua incapacidade para obedecer, e deixe a impressão de que precisam esperar que Deus transforme sua natureza.

REGRA Nº15. Não apele para os temores dos pecadores; mas cause a impressão de que eles não têm razão para temer.

REGRA Nº 16. Cause a impressão de que se Deus é tão bom como você, não enviará ninguém para o inferno.

REGRA Nº 17. Pregue o amor de Deus, mas despreze a santidade de Seu amor, que de maneira alguma absolverá o pecador impenitente.

REGRA Nº 18. Procure converter pecadores a Cristo sem produzir desagradáveis convicções do pecado.

REGRA Nº 19. Adule os ricos, de modo que sejam repelidos os pobres, e assim você não converterá a nenhuma pessoa dessas duas classes.

REGRA Nº 20. Não faça alusões desagradáveis às doutrinas da abnegação, de levar a cruz e da crucifixão para o mundo, a fim de não convencer e converter alguns dos membros de sua igreja.

REGRA Nº 21. Não censure as tendências mundanas da igreja, para não ferir suas suscetibilidades e acabar convertendo alguns deles.

REGRA Nº 22. Se alguém expressar ansiedade por sua alma, não o perturbe com penosas alusões a seu pecado e má conduta, mas o estimule a unir-se imediatamente à igreja, e recomende que suponha que encontrará perfeita segurança dentro do aprisco.

REGRA Nº 23. Pregue o amor de Cristo, não como benevolência esclarecida, que é santa, justa, e odeia o pecado; mas como sentimento, como afeição involuntária e indiscriminada.

REGRA Nº 24. Tenha cuidado de não representar a religião como um estado de amorosa abnegação pessoal por Deus e as almas; e, sim, como um estado de livre e confortável condescendência pessoal. Assim você evitará que haja sólidas conversões a Cristo, e converterá seus ouvintes a si mesmo.

REGRA Nº 25. Escolha e apresente os seus assuntos de modo que atraiam e lisonjeiem as classes abastadas, aristocráticas, comodistas, extravagantes e apegadas aos prazeres terrenos, e você não converterá nenhuma delas à religião de Cristo, de levar a cruz.

REGRA Nº 26. seja oportunista, para não arriscar o seu salário; e, além disso, se falar com franqueza e for fiel, talvez converta alguém.

REGRA Nº 27. Não pregue com a unção divina, para que sua pregação não cause uma impressão salutar. Para evitar isso, não matenha íntima comunhão com Deus, mas confie em sua erudição e estudo.

REGRA Nº 28. Para não pregar demais, ocupe-se com leituras frívolas e diversões mundanas.

REGRA Nº 29. Para que as pessoas não pensem que você se preocupa com a salvação de sua alma, e, como consequência, atendam à pregação, promova quermesses, rifas e outros jogos de azar e expedientes mundanos de angariar dinheiro para projetos da igreja.

REGRA Nº 30. Não censure a extravagância no vestuário, para não causar má impressão nos membros de igreja que são fúteis e mundanos.

REGRA Nº 31. Ridicularize a solene diligência em arrancar pecadores do fogo, e recomende, por preceito e exemplo, tuna religião jovial e amante dos divertimentos, e os pecadores terão pouco respeito por suas pregações mais sérias.

REGRA Nº 32. Cultive um gosto fastidioso em seu povo, evitando todas as alusões desagradáveis ao juízo final e à punição final. Trate tais doutrinas inquietantes como obsoletas e inoportunas nestes dias de refinamento cristão.

REGRA Nº 33. Não se empenhe em reformas muito necessárias, para não comprometer sua popularidade e prejudicar sua influência. Ou torne algum ramo de reforma exterior tuna verdadeira paixão e alongue-se tanto sobre ele que seja desviada a atenção da grandiosa obra de converter almas para Cristo.

REGRA Nº 34. Exiba tanto a religião que seja incentivada sua procura egoísta. Cause a impressão nos pecadores de que sua própria segurança e felicidade constituem o supremo motivo para serem religiosos.

REGRA Nº 35. Não dê muita ênfase à eficácia ou necessidade da oração, para que o Espírito Santo não seja derramado sobre você e a congregação, e não sejam convertidos pecadores.

REGRA Nº 36. cause bem pouca ou nenhuma impressão sobre os seus ouvintes, de modo que possa repetir várias vezes seus velhos sermões sem que eles o percebam.

REGRA Nº 37. se o texto que está sendo considerado insinuar algum pensamento alarmante, passe-o por alto ou trate-o levianamente, mas não se demore sobre ele nem o saliente.

REGRA Nº 38. Evite toda ilustração, repetição e frase enfática que possa compelir seu povo a recordar o que você está dizendo.

REGRA Nº 39. Evite todo entusiasmo e fervor em sua alocução, para não dar a impressão de B que realmente acredita no que está  dizendo.

REGRA Nº 40. Seja acanhado e tímido ao apresentar as reivindicações de Deus, como conviria que fizesse ao apresentar suas próprias reivindicações.

REGRA Nº 41. Tenha o cuidado de não testemunhar do poder do evangelho em sua própria experiência pessoal, para não produzir a convicção nos ouvintes de que você possui alguma coisa de que eles necessitam.

REGRA Nº 42. Procure não dizer algo que algum de seus ouvintes possa aplicar a si mesmo, a menos que seja alguma coisa lisonjeira.

A experiência de pastores que aderiram firmemente às regras acima atesta a eficácia de semelhante atitude para destruir almas, e as igrejas cujos pastores se sujeitaram invariavelmente a algumas dessas regras podem testificar que tal espécie de pregação não converte almas para Cristo. Caso se convertam almas nas congregações afligidas por semelhante ministério, isto se dará por outros meios.