Comissão de Estudo da Bíblia do Concilio Anual da Associação Geral de 1986.
Durante o Concilio Anual da Associação Geral, de 1986, foi escolhida uma comissão para analisar questões relacionadas com métodos de estudo da Bíblia. Passados dez anos, os princípios e sugestões contidos no relatório apresentado naquela ocasião, continuam válidos e atuais. O que se segue é a íntegra daquele relatório:
Esta declaração é dirigida a todos os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia, tanto para não especialistas como para eruditos no estudo da Bíblia, com o propósito de prover orientação sobre como estudá-la.
Os adventistas do sétimo dia reconhecem e apreciam as contribuições dos eruditos da Bíblia que, ao longo dos anos, desenvolveram métodos proveitosos e fidedignos de estudo das Sagradas Escrituras, consistentes com seus ensinos e reivindicações. Os adventistas estão prontos a aceitar e seguir as verdades bíblicas, valendo-se de todos os métodos de interpretação que se coadunem com o que as Escrituras dizem de si mesmas. Esses métodos encontram-se esboçados nas pressuposições detalhadas a seguir.
Nas últimas décadas, o método mais destacado no estudo da Bíblia é conhecido como o método crítico-histórico. Os eruditos desse método, como classicamente formulado, operam com base em pressuposições que, sem estudar primeiramente o texto bíblico, rejeitam os relatos confiáveis dos milagres e outros eventos sobrenaturais narrados na Bíblia. Mesmo um uso modificado desse método, que retenha o princípio crítico, subordinando a Bíblia à razão humana, é inaceitável para os adventistas.
O método crítico-histórico minimiza a necessidade de fé em Deus e a obediência aos Seus mandamentos. Além disso, uma vez que tais métodos obliteram o elemento divino da Bíblia como um livro inspirado (incluindo sua resultante unidade) e depreciam ou discordam da profecia apocalíptica, depreciando a porção escatológica das Escrituras, instamos com os estudiosos adventistas a evitarem o uso de pressuposições e métodos resultantes de deduções associadas com o método crítico-histórico.
Em contraste com isso, cremos representar valiosa ajuda uma declaração de princípios de estudo da Bíblia consentâneos com seus ensinos, que preservem sua unidade e se fundamentem na premissa de que ela é a Palavra de Deus. Tal abordagem nos levará a uma experiência satisfatória com Deus.
Origem e autoridade
A Bíblia é a Palavra de Deus e o principal meio primário e autoritativo pelo qual Ele Se revela aos seres humanos. O Espírito Santo inspirou os escritores bíblicos com pensamentos, idéias e informações objetivas. Por sua vez, eles os expressaram em suas próprias palavras. Portanto, as Escrituras são uma indivisível união dos elementos divino e humano, nenhum dos quais deve ser salientado em detrimento do outro (II Ped 1:21; O Grande Conflito, págs. 5 e 6).
Toda Escritura é inspirada por Deus e surgiu através da Obra do Espírito Santo. Entretanto, isso não aconteceu numa cadeia contínua de revelações ininterruptas. À medida que o Espírito Santo comunicava a ver-dade ao escritor bíblico, cada um escrevia segundo era movido pelo Espírito, enfatizando a fase da verdade que era levado a realçar. Por essa razão, o estudioso da Bíblia obterá uma compreensão adequada de qual-quer tema através do reconhecimento de que ela é seu melhor intérprete e, quando estudada num todo, retrata uma mensagem consistente e harmoniosa (II Tim. 3:16; Heb. 1:1 e 2; Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 19 e 20; O Grande Conflito, págs. 5 e 6).
Embora tivesse sido dada àqueles que viviam no contexto do Oriente Próximo/Mediterrâneo, a Bíblia transcende a cultura da época para servir como a Palavra de Deus para todos os contextos culturais, raciais e situacionais de todos os tempos.
Os 66 livros do Antigo e Novo Testamentos são a revelação clara e infalível da vontade de Deus e Sua salvação. A Bíblia é a Palavra de Deus e o único padrão pelo qual todos os ensinos e experiências devem ser provados (II Tim. 3:15 e 17; Salmo 119:105; Prov. 30:5 e 6; Isa. 8:20; João 17:17; II Tess. 3:14; Heb. 4:12).
As Escrituras são um registro autêntico e confiável da História e dos atos de Deus na História. Elas provêm a interpretação teológica normativa desses atos. Os atos sobrenaturais revelados nas Escrituras são historicamente verdadeiros. Por exemplo, os capítulos 1 a 11 de Gênesis são um relato autêntico de eventos históricos.
A Bíblia não é um livro como os outros. Ela é uma combinação indivisível do divino e do humano. Seu registro de vários detalhes da história secular é essencial ao seu propósito geral de comunicar a história da salvação. Embora, por vezes, possa haver procedimentos paralelos empregados pelos estudiosos da Bíblia para determinar dados históricos, as técnicas comuns de investigação histórica baseadas em pressuposições humanas e focalizadas no elemento humano, são antiquadas para interpretar as Escrituras. Somente um método que reconheça plenamente a natureza indivisível das Escrituras pode evitar uma distorção de suas mensagens.
O intelecto humano está sujeito à Bíblia. Não é igual nem está acima dela. As pressuposições relacionadas com as Escrituras devem estar em harmonia com seus reclamos e sujeitas à sua correção (I Cor. 2:1 a 6). O propósito de Deus é que a razão humana seja usada em toda sua extensão, porém dentro do contexto e sob a autoridade de Sua Palavra, não independente dela.
A revelação de Deus em toda a Natureza, quando devidamente entendida, está em harmonia com a Palavra escrita e deve ser interpretada à luz das Escrituras.
É o Espírito Santo que capacita o crente a aceitar, compreender e aplicar a Bíblia à sua própria vida, ao buscar ele o poder divino para render obediência a todos os requisitos das Escrituras e a apropriar-se pessoalmente de todas as suas promessas. Somente aqueles que seguem a luz que receberam podem esperar receber futura iluminação do Espírito (João 16:13 e 14; I Cor. 2:10 a 14).
As Escrituras não podem ser corretamente interpretadas sem a ajuda do Espírito Santo, pois é Ele quem capacita o crente a entender e aplicar os ensinamentos escriturísticos. Portanto, todo estudo da Palavra deve ser iniciado com um pedido de orientação e iluminação do Espírito. Todos quantos se aproximam da Bíblia devem fazê-lo com fé, com o espírito humilde de um aprendiz que busca ouvir o que ela diz. Devem estar dispostos a submeter todas as pressuposições, opiniões e conclusões do intelecto ao juízo e correção da Palavra. Com tal atitude, o estudioso da Bíblia chegará à compreensão dos componentes essenciais da salvação independente de qualquer explicação humana, em que pese sua utilidade. A mensagem bíblica torna-se então significativa para essa pessoa.
A investigação das Escrituras deve ser caracterizada por um sincero desejo de descobrir e obedecer à vontade e à Palavra de Deus e não para buscar endosso ou evidência para idéias preconcebidas.
Para se obter um correto aproveitamento do estudo da Bíblia, será necessário obedecer algumas regras, conforme enumeradas em seguida:
Selecione uma versão bíblica que seja fiel ao significado contido nos idiomas em que a Bíblia foi originalmente escrita, dando preferência a traduções feitas por um vasto grupo de eruditos e publicada por uma editora geral, ao contrário das traduções patrocinadas por uma denominação particular ou um grupo com enfoque limitado. Cuide em não basear um ponto doutrinário importante numa versão ou tradução da Bíblia. Os mais eruditos usarão os textos gregos e hebraicos, que os habilitam a examinar também as variantes dos antigos manuscritos bíblicos.
Escolha um plano definido de estudo, evitando abordagens casuais e destituídas de propósitos. Sugerimos um plano que possa abranger, por exemplo, 1) análise da mensagem de um livro, 2) método de analisar verso por verso, 3) estudo que busque uma solução bíblica para um problema existencial específico, satisfação bíblica para uma necessidade específica, ou resposta bíblica para uma questão específica; 4) estudo de temas, 5) estudo de palavras, 6) estudo biográfico.
Procure compreender o significado simples e mais óbvio da passagem bíblica estudada. Busque descobrir os importantes temas fundamentais das Escrituras, como encontrados em textos individuais, passagens e livros. Dois temas básicos afins es-tão presentes ao longo das Escrituras: A pessoa e obra de Jesus Cristo; e a perspectiva do grande conflito envolvendo a autoridade da Palavra de Deus, a queda do homem, o primeiro e o segundo adventos de Jesus, Deus e Sua lei, a restauração do plano divino para o Universo. Esses temas devem ser extraídos da totalidade das Escrituras e não impostos sobre ela.
Reconheça que a Bíblia é sua própria intérprete e que o significado das palavras, textos e passagens é melhor determinado pela comparação diligente da Escritura com a Escritura. Estude o contexto da passagem sob consideração, relacionando-o com as sentenças e parágrafos imediatamente precedentes e os que se seguem. Busque relacionar as idéias das passagens com a linha de pensamento do livro bíblico em sua totalidade.
Tanto quanto possível, verifique as circunstâncias históricas de quando a passagem foi escrita pelos autores bíblicos, sob a orientação do Espírito Santo. Determine o tipo de literatura que o autor está usando. Alguns materiais bíblicos são formados de parábolas, provérbios, alegorias, salmos e profecias apocalípticas. Sendo que muitos escritores bíblicos apresentaram muito de seu material em poesia, será proveitoso o uso de uma versão bíblica que apresente esse material em estilo poético, pois passagens que usam figuras de linguagem não devem ser interpretadas da mesma forma que a prosa.
Reconheça que um texto bíblico pode não se harmonizar em cada detalhe às categorias literárias atuais. Tenha cuidado em não forçar essas categorias de interpretação do significado do texto bíblico. É uma tendência humana encontrar o que se está buscando, mesmo que a intenção do autor tenha sido outra. Observe a gramática e a construção da sentença a fim de descobrir o propósito do autor. Estude as palavras-chaves da passagem, comparando sua utilização em outras partes da Bíblia, valendo-se de uma concordância e da ajuda de léxicos e dicionários bíblicos.
Em conexão com o estudo do texto bíblico, explore os fatores históricos e culturais. A arqueologia, a antropologia e a história podem contribuir para a compreensão do significado do texto. Os adventistas acreditam que Deus inspirou a Ellen White. Portanto, suas exposições sobre qualquer passagem bíblica oferecem um guia inspirado para a compreensão dos textos, sem esgotar seu significado ou tomar desnecessária a tarefa da exegese (ver Evangelismo, pág. 256; O Grande Conflito, págs. 193 e 195; Testemunhos Seletos, vol. 2, págs. 280, 292, 312 e 313; Counsels to Writers and Editors, págs. 33 a 35).
Depois de fazer o estudo como delineado anteriormente, busque vários comentários e ajudas secundárias tais como obras eruditas, para ver como outros lidaram com a passagem. Avalie, então, cuidadosamente os diferentes pontos de vista expressados da perspectiva das Escrituras como um todo.
Ao interpretar as profecias, tenha em mente que 1) a Bíblia reclama o poder de Deus para predizer o futuro (Isa. 46:10). 2) As profecias têm um propósito moral. Não foram escritas meramente para satisfazer a curiosidade acerca do futuro. Alguns dos propósitos das profecias são: fortalecer a fé (João 14:29) e promover santidade de vida e preparo para o Advento (Mat. 24:44; Apoc. 22:7, 10 e II). 3) O foco de muitas profecias é Cristo, a Igreja e o tempo do fim. 4) As normas para a interpretação de profecias encontram-se na própria Bíblia. A Bíblia marca as profecias de tempo e seu cumprimento histórico. O Novo Testamento cita cumprimentos específicos de profecias do Antigo Testamento acerca do Messias, e o próprio Antigo Testamento apresenta indivíduos e acontecimentos como tipos do Messias. 5) A aplicação, no Novo Testa-mento, de alguns nomes literais do antigo Testamento torna-se espiritual, como, por exemplo, Israel representa a Igreja; Babilônia, a religião apostatada, etc. 6) Existem dois tipos gerais de literatura profética: as profecias não-apocalípticas, como encontradas em Isaías e Jeremias, e as profecias apocalípticas, como encontradas em Daniel e no Apocalipse. Esses diferentes tipos têm características distintas.
Profecias não-apocalípticas dizem respeito ao povo de Deus; profecias apocalípticas são mais universais em escopo. Profecias não-apocalípticas são, muitas vezes, de natureza condicional, estabelecendo para o povo de Deus as alternativas de bênçãos para a obediência e de castigo para a desobediência; as apocalípticas enfatizam a soberania de Deus e Seu controle sobre a História.
Profecias não-apocalípticas freqüentemente saltam de uma crise local para o dia final do Senhor; profecias apocalípticas apresentam o curso da História desde o tempo do profeta até o fim do mundo. Nas profecias não-apocalípticas, as profecias de tempo são geralmente longas, como, por exemplo, os 400 anos de escravidão de Israel (Gên. 15:13) e os 70 anos de cativeiro babilônico (Jer. 25:12). As profecias de tempo, no contexto das apocalípticas, são geralmente enunciadas em termos curtos, como dez dias (Apoc. 2:10) ou 42 meses (Apoc. 13:5). Os períodos de tempo apocalípticos simbolizam períodos mais longos de tempo real.
- 7) Profecias apocalípticas são altamente simbólicas e devem ser interpretadas de acordo. Na interpretação de símbolos, os seguintes cuidados são extremamente úteis: Procure interpretações (explícitas ou implícitas) dentro da própria passagem. Por exemplo, Daniel 8:20 e 21; Apoc. 1:20. Procure interpretações em outras partes do livro ou em outros escritos do mesmo autor. Valendo-se de uma concordância, estude o uso dos símbolos em outras partes das Escrituras. Um estudo dos documentos do antigo Oriente Próximo pode aclarar o significado dos símbolos, embora o uso escriturístico pode alterar tal significado.
- 8) A estrutura literária de um livro, mui-tas vezes, contribui para sua interpretação. A natureza paralela das profecias de Daniel é um exemplo disso.
Relatos paralelos nas Escrituras apresentam algumas vezes diferenças em detalhes e ênfase (comparar Mat. 21:33 e 34; Mar. 12:1 a 11; e Luc. 20:9 a 18; ou II Reis 18 a 20 e II Crôn. 32). Ao estudar tais passagens, primeiro examine-as cuidadosamente para estar seguro de que os relatos paralelos real-mente se referem ao mesmo evento histórico. Muitas das parábolas de Jesus podem ter sido ditas em diferentes ocasiões, a diferentes auditórios e com palavras diferentes.
Em casos onde parece haver diferenças em relatos paralelos, deve-se reconhecer que a mensagem total da Bíblia é a síntese do todo de suas partes. Cada livro ou autor comunica aquilo que o Espírito lhe indicou que escrevesse. Cada um faz sua própria contribuição especial para o enriquecimento, diversidade e variedade das Escrituras (O Grande Conflito, págs. 5 e 6). O leitor deve permitir que cada escritor bíblico surja e seja ouvido, ao passo que simultaneamente reconhece a unidade básica da auto-revelação divina.
Quando passagens paralelas parecem indicar discrepância ou contradição, procure a harmonia fundamental. Tenha em mente que as diferenças podem ter sua origem em pequenos erros dos copistas (Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 16), ou podem ser o resultado de diferentes ênfases e escolha de material de variados autores, que escreveram para diferentes audiências, sob diferentes circunstâncias (Mensagens Escolhidas, vol. 1, págs. 21 e 22; O Grande Conflito, pág. 6).
É possível não se conseguir conciliar pequenas diferenças em detalhes que sejam irrelevantes à mensagem principal e clara da passagem. Em alguns casos, o escrutínio terá que ser interrompido até que mais informações e melhores evidências estejam disponíveis para resolver uma aparente discrepância.
As Escrituras foram escritas com o propósito prático de revelar a vontade de Deus à família humana. Entretanto, a fim de não interpretar mal certas declarações, é impor-ante considerar que elas foram dirigidas a pessoas de cultura oriental e expressas em sua forma de pensamento. Expressões tais como “o Senhor endureceu o coração de Faraó” (Êxo. 9:12), ou “um espírito maligno, enviado de Deus” (I Sam. 16:15), os Salmos imprecatórios, ou os três dias e três noites de Jonas, comparados com a Morte de Cristo (Mat. 12:40), comumente são mal compreendidos por serem interpretados hoje de um ponto de vista diferente.
Um conhecimento prévio da cultura do Oriente Próximo é indispensável para se compreender tais expressões. Por exemplo, a cultura hebraica atribui a um indivíduo a responsabilidade por atos que ele não cometeu, mas permitiu que ocorressem. Por essa razão, os escritores da Bíblia comumente creditavam a Deus o que no pensamento ocidental Ele permite ou não evita que aconteça.
Outro aspecto das Escrituras que confunde a mente moderna é a ordem divina a Israel para empenhar-se em guerra e destruir nações inteiras. Israel era originalmente organizado como uma teocracia, um governo civil através do qual Deus governava diretamente (Gên 18:25). Tal Estado teocrático era peculiar. Já não mais existe e não pode ser considerado como um modelo direto para a prática cristã.
As Escrituras registram experiências e declarações de pessoas que Deus aceitou mas que não estavam em harmonia com os princípios espirituais da Bíblia como um todo; como por exemplo, incidentes relacionados com uso de álcool, poligamia, divórcio e escravidão. Embora a condenação de tais costumes sociais arraigados não esteja explícita, Deus não endossou ou aprovou necessariamente tudo o que ele permitiu e tolerou na vida dos patriarcas e em Israel. Jesus tornou isto claro em Sua declaração sobre o divórcio (Mat. 19:4 a 6 e 8).
O espírito das Escrituras é de restauração. Deus opera pacientemente para levantar a humanidade caída, das profundezas do pecado para o ideal divino. Conseqüentemente, não precisamos aceitar, como padrão, os atos de homens pecadores registrados na Bíblia. A Bíblia representa o desenrolar da revelação de Deus ao homem. O Sermão da Montanha, por exemplo, amplia e expande certos conceitos do Antigo Testamento. O próprio Cristo é a revelação última do caráter de Deus para a humanidade (Heb. 1:1 a 3).
Embora exista uma abarcante unidade na Bíblia, desde o Gênesis até o Apocalipse, e ainda que toda a Escritura seja igualmente inspirada, Deus escolheu revelar-Se ao homem através de pessoas humanas e encontrá-las onde estavam em termos de dons espirituais e intelectuais. Deus não muda, porém Ele progressivamente desdobra Sua revelação aos homens, à medida que estejam capacitados para compreendê-la (João 16:12; SDABC, vol. 7, pág. 945; Mensagens Escolhidas, vol. 1, pág. 21). Toda a experiência ou declaração das Escrituras é um registro divinamente inspirado, mas nem toda declaração ou experiência é necessariamente normativa para o comportamento cristão de hoje. Tanto o espírito como a letra da Escritura devem ser compreendidos (I Cor. 10:6 a 13; O Desejado de Todas as Nações, pág. 150; Testemunhos Seletos, vol. 1, págs. 436 a 438).
Como objetivo final, faça a aplicação do texto. Formule perguntas tais como: “Qual é a mensagem e o propósito que Deus pretende transmitir através das Escrituras?” “Que significado tem este texto para mim?” “Como isto se aplica à minha situação e circunstância hoje?” Reconheça que embora muitas passagens bíblicas tiveram um significado local, elas contêm princípios universais aplicáveis a todas as eras e culturas.
Ellen White declara: “A Escritura Sagrada, com suas divinas verdades, expressas em linguagem de homens, apresenta uma união do divino com o humano. União semelhante existiu na natureza de Cristo, que era Filho de Deus e Filho do homem. Assim é verdade com relação à Escritura, como foi em relação a Cristo, que ‘o Verbo Se fez carne e habitou entre nós.’ (João 1:14).” – O Grande Conflito, pág. 8.
Da mesma maneira como é impossível aos que não aceitam a divindade de Cristo compreender o propósito de Sua encarnação, é também impossível para aqueles que vêem a Bíblia meramente como um livro humano compreender sua mensagem, apesar de Seus métodos cuidadosos e rigorosos.
Mesmo eruditos cristãos que aceitam a natureza divino-humana da Escritura, mas cuja abordagem metodológica os leva a demorar-se grandemente em seus aspectos humanos, correm o risco de esvaziar a mensagem bíblica do seu poder, relegando-a a um segundo plano, enquanto se concentram no meio. Esquecem-se que o meio e a mensagem são inseparáveis e que o meio sem a mensagem é como uma concha vazia que não pode atender às necessidades espirituais da humanidade.
Um cristão consagrado usará apenas os métodos capazes de fazer total justiça à dupla, a inseparável natureza das Escrituras, aumentando sua capacidade de entender e aplicar a sua mensagem, e de fortalecer sua fé.