Sete maneiras de ajudar nossos entes queridos a aprenderem a amar realmente ao Senhor.
Por vezes, a vida se parece muito mais difícil. Como ao fim de um longo dia no qual você aconselhou um casal prestes a se divorciar (e hostil), e se compadeceu de três pessoas separadas pelo divórcio (e hostis); depois você pre-cisa voltar para casa, sabendo que lá encontrará alguém a quem você ama, que não ama ao Senhor.
O que faz você quando é o pastor do rebanho e uma das ovelhas de seu redil mais próximo está sempre fugindo?
O que entende você, quando lê as palavras de Paulo no capítulo três de sua primeira epístola a Timóteo, com relação a alguém a quem você ama e que não ama ao Senhor?
A inclinação humana é governar com mão de ferro. Afinal, considere I Tim. 3:4: “Que governe bem… seus filhos em sujeição… (Porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa, terá cuidado da igreja de Deus?)” E até onde se refere às mulheres (esposas, irmãs e filhas): “A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição” (I Tim. 2:11).
Já não nos temos todos encontrado usando tais referências escriturísticas para justificar declarações pesadas que começam com as palavras: “Se ao me-nos você se portasse… vestisse… usasse.. fizesse… dissesse…”
É desagradável quando sua própria casa aparece em desordem total, especialmente quando você é o pastor e sua família “deveria” dar um bom exemplo!
O que faz você quando sua filha se recusa a freqüentar uma escola cristã? O que faz quando ela vai à igreja usando um vestido vermelho vivo com as unhas e lábios pintados para combinar, e um longo colar de pérolas em volta do pescoço e brincos de pérolas nas orelhas?
O que faz você quando seu filho corta o cabelo em estilo militar de um lado da cabeça e, do outro, em estilo hippie, com mechas amarelas e vermelhas do lado longo? O que faria você se visse seu filho com essa aparência pela primeira vez, ao levantar-se para pregar o sermão que preparou sobre o tema: “Amando com o Amor com que Temos Sido Amados”?
O que diria a estes, seus filhos, quando estivesse a sós com eles?
O que fará você se depois de anos de casados sua esposa admitir que detesta ser esposa de pastor, duvidar do cuidado de Deus, duvidar ainda mais do seu cuidado, e disser que se recusa a continuar fingindo?
O que todas estas situações têm em comum? Todas elas servem para ameaçá-lo. Servem para destruir sua credibilidade. Tiram-lhe a estima. E a reação humana natural é proteger-se com uma ou outra forma de hostilidade.
Às vezes “o pastor bonachão” disfarça a hostilidade, achando que nem tudo está errado, recusando-se a comentar a atitude de cada um. Mas se não sabe como realmente se sente, você se irritará inevitavelmente com tanta hostilidade reprimida, que revela em seus atos, anunciando estrepitosamente, mas sem palavras: “Você me humilhou e odeio isto!”
Katie Tonn-Oliver Escritora e oradora pública
Lidando com a hostilidade
Em Escaping the Hostility Trap (Escapando da Cilada da Hostilidade) Milton Layden vai às origens, reações e interações da hostilidade. Ele mostra a hostilidade em ação de várias perspectivas interpessoais. Ao chegar ao final do livro, o leitor está convencido de que nenhum ser humano que já existiu, escapou dos sentimentos que conduzem à defesa própria hostil — mesmo Jesus — e que todos os seres humanos — com exceção de Jesus — já se defenderam com hostilidade. Layden capacita o leitor a ver como difundir a hostilidade em nós mesmos e em outros. Ao assim fazer, acrescenta ele uma nova dimensão ao conceito de oferecer o outro lado da face.
Mas, antes que você compre o livro de Layden e o leia, o que fazer? Atente para estes três fatos aparentemente difíceis de crer, mas, verdadeiros: 1) todas as pessoas, mesmo as aparentemente mais repugnantes ou depravadas, es-tão fazendo o melhor que podem com o que possuem; 2) se você fosse a outra pessoa — com a mesma constituição bioquímica, psicológica, ambiental, temperamental, sexual, emocional, genealógica e espiritual — procedería e falaria da mesma forma que ela; 3) você também está fazendo o melhor que pode com aquilo que tem.
Amando os que não amam a Deus
As sete sugestões seguintes, baseadas nas Escrituras, nos escritos de Ellen White e em minha própria experiência, podem ajudá-lo a amar verdadeiramente aqueles aos quais você gostaria de levar a amarem seu Senhor.
1. “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como Eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois Meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (S. João 13:34 e 35).
A cláusula mais importante nestes versos é “como Eu vos amei”. Enquanto não entendermos a vastidão do incondicional amor de Deus em Cristo Jesus e a profundeza de nossa própria necessidade de Seu gracioso dom, possivelmente não possamos começar a amar aos outros incondicionalmente. Você, o dirigente cristão e pastor, não merece o amor de Deus. Você não pode fazer jus ao amor de Deus, embora Deus o ame sem reservas. Este amor é incondicional. Enquanto a salvação está condicionada a você aceitá-la diariamente, o amor de Deus jamais fenece, jamais sofre alteração. Nada, absolutamente, pode separá-lo do amor de Deus em Cristo Jesus, nosso Senhor. Pare agora e leia novamente Roma-nos 8:28-39. Deus o ama como você é. Pode você amar seu ente querido como ele é?
2. “Medidas arbitrárias ou ataques diretos podem deixar de produzir efeito no sentido de levar estes jovens a abandonar o que têm na conta de precioso” (Educação, pág. 297).
“Tende um profundo senso do valor das almas… Sede sábios para discernir que enquanto a fidelidade e a bondade conquistarão almas, o rigor jamais o fará. Palavras e atos arbitrários despertam as piores paixões do coração humano” (Testimonies for the Church, vol. 6, pág. 134).
Isaías 61:10 e 11 oferece uma metáfora vivida do que parece ser achar-se vestido com a justiça de Cristo e crescer em um ambiente seguro: “Regozijar-me-ei muito no Senhor, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me vestiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça, como um noivo que se adorna com atavios, e como noiva que se enfeita com as suas jóias. Porque, como a terra produz os seus renovos, e como o horto faz brotar o que nele se semeia, assim o Senhor Jeová fará brotar a justiça e o louvor para todas as nações.”
Há em minha Bíblia, na margem próxima a estes versos, algumas frases que escrevi faz anos: “Nada cresce forçado pelos olhos ou a produção”; “tudo cresceu naturalmente; a vinha cresceu e frutificou na estação própria (ver Salmo 1).”
Se esquecermos que Deus permite que cresçamos organicamente, se o desejarmos, sem os pesticidas venenosos (as palavras arbitrárias), acharemos que temos o dever de acabar com o pecado que observamos nos outros. É natural ao ser humano querer fazer isto; de maneia que se você usou palavras dogmáticas e arbitrárias contra outra pessoa, não se condene! Deus não faz isto!
Pode ser que a única maneira de nossos entes queridos, que não amam a nosso Senhor, virem algum dia a receber a luz de Seu incondicional amor seja através daquilo que vêem em nós.
Tornamo-nos aquilo que contemplamos. So-mos também aquilo que comemos. Se nosso alimento espiritual é Jesus (ver S. João 6), tornar-nos-emos mais e mais semelhantes a Jesus. Quando olhamos para este texto em II Coríntios como se estivéssemos virando pelo avesso uma peça de vestuário, podemos ver o outro la-do da metáfora. Os outros se tomam aquilo que neles contemplamos. Com os olhos de Jesus, seremos capazes de ver nos outros boas qualidades para aprovar e admirar. Quando aprovamos e admiramos estas boas qualidades, elas se tornam mais fortes.
- 4. “Mas assim diz o Senhor: Por certo que os presos se tirarão ao valente, e a presa do tirano escapará; porque Eu contenderei com os que contendem contigo, e os teus filhos Eu remirei” (Isa. 49:25).
As promessas deste verso são palavras poderosas que oferecem esperança. Mesmo os maiores cativos e os presos mais terríveis, podem ser libertados por Deus. O mesmo Deus contenderá com o seu acusador (“os que contendem contigo”) e remirá os teus filhos. Por meio do processo de sua salvação, seus filhos serão redimidos.
A lição espiritual aqui é tão profunda que muitas vezes não percebemos. Se lermos as entrelinhas, veremos que nossa responsabilidade é apenas ser. Contemplar a Cristo. Permitir que o Senhor contenda com nossos acusadores. Confiar em que nossos filhos serão salvos. Tudo isto ocorre num clima de amor. Amor a nós mesmos, aos outros, a Deus; porque Ele nos amou primeiro.
Meus amigos caçoam de mim com respeito ao que chamam de “paráfrases Katie” da Escritura, mas a do verso acima é bela demais para deixar de ser partilhada: Mesmo os cativos de drogas e os presos pelo vício serão libertados. Deus assumirá a responsabilidade de travar as batalhas por você, caso você lute a peleja da fé em seu próprio favor (ver I Tim. 6:12 e 13). Quando seus filhos observam em você a paz, o amor e a serenidade de Deus, ainda que eles o enfrentem com as manifestações de seu cativeiro, saberão que Deus os ama como eles são, pois você os estará amando como são.
Sei que minhas paráfrases não são inteiramente válidas para o contexto da passagem bíblica; todavia, preferi ler o significado do verso. Mas, para que você não pense que fui infiel ao princípio bíblico, veja de novo II Cor. 3:1-6, onde Paulo fala de “cartas vivas” — pessoas que são palavras escritas por Deus.
Assim, quando os outros são transformados pela maneira como você os trata, são transformados também por aquilo que podem ver em você.
- 5. “Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor… Vós maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela… Assim devem os maridos amar a suas mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo” (Efés. 5:22,25 e 28).
Suponhamos que você seja um dedicado estudioso e sua esposa seja uma pessoa frívola. Digamos que goste de examinar profundamente as Escrituras, goste de organizar seus sermões, goste mais de escrever seus sermões do que de pregá-los, mas se casou com uma mulher que parece gostar mais de falar com as pessoas, e que disputa com os adolescentes o monopólio do telefone. Em lugar de aprovar a maneira como difere ela de você, nega-lhe você o seu amor até que ela deixe de falar o suficiente para ler algo realmente profundo e de valor?
Ou o que dizer se você está sempre pronto e sua esposa habitualmente atrasada? Pode um marido otimista, casado com uma esposa pessimista, manter uma boa conversação sem se tornarem hostis um ao outro?
Compreender que cada pessoa age de acordo com uma perspectiva particular baseada em seu próprio temperamento, pode ajudar. Cada um de nós vê o mundo em que vive de uma perspectiva especial. Conseqüentemente, sua versão do evangelho pode ser incompreensível para sua esposa, para seus filhos, ou mesmo para os membros de sua igreja. E nada pode ha-ver de errado quer com a sua versão do evangelho, quer com a deles. Não estamos falando de injustiça ou justiça, mas de diferenças.
- 6. Devemos pedir a Deus a habilidade para amar aqueles que diferem de nós, ou mesmo se nos opõem. “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós” (II Cor. 4:6 e 7).
Deus pôs Sua graça, a luz do Seu amor, em você — um vaso de barro, quebrado e trincado. O grego aqui usado indica que esses vasos são muito frágeis. Se nós, pastores, pregadores, líderes e professores quisermos ser vasos totalmente unidos, como pode então a glória de Deus brilhar no mundo por nosso intermédio? Não deveríamos lembrar que leva toda uma vida para que a santificação seja operada em nós? Não devemos compreender que não podemos pregar nenhuma mensagem de reconciliação a menos que falemos de como nós mesmos fomos (e estamos sendo) reconciliados?
Em S. Mateus 25, lemos sobre aquilo que distingue as ovelhas dos lobos: as ovelhas amam as pessoas como se cada uma fosse o próprio Jesus. Em cada pessoa com a qual entram em contato, vêem elas a Jesus, ministram a Jesus, alimentam a Jesus.
- 7. Se você se está esforçando para amar real-mente alguém que não ama ao seu Senhor, que nem mesmo parece amar a você, leia novamente o livro de Oséias. Vez após vez, nesta pará-bola viva do incondicional amor de Deus pelas pessoas, podemos ouvi-Lo dizer, referindo-Se a elas, embora impenitentes como são: “Como poderia despedi-lo?” E Oséias termina com esta nota: “Quem é sábio, para que entenda estas coisas? prudente, para que as saiba? porque os caminhos do Senhor são retos, e os justos andarão neles, mas os transgressores neles cairão” (Oséias 14:9). (E em minha Bíblia, tenho escrito no rodapé: “Mas todos estamos nos caminhos do Senhor, ver Isaías 55 e 58.”)
Finalmente, fique sabendo que este artigo não é um mero jato intelectual de idéias; permita dizer-lhe que tenho uma base em teologia, comunicação e ciências do comportamento, levo minha vida como escritora e oradora pública e sou casada com um homem que não só tem o temperamento oposto ao meu, mas que geralmente responde a nosso Abba, Pai com “Deus, Quem?”
Não é fácil aprender a amar. Manter esse amor é difícil. Mas creio que o amor operará o milagre.
A muito custo posso esperar, literalmente, porque o esperar é a coisa mais difícil. Vagarosa, quase imperceptivelmente, ocorrem as mudanças nele. As maiores mudanças, porém, têm ocorrido e ocorrem em mim.
À pergunta: “Que fazer quando alguém que você ama não ama a seu Senhor?”
Resposta: “Ame-o, ame-os… sem cláusulas condicionais.”