Um dos ritos mais importantes e frequentes da igreja é a cerimônia batismal. Ellen G. White destaca que “tudo que de algum modo se relaciona com esse rito sagrado deve revelar cuidadoso preparo” (Evangelismo, p. 315). Contudo, é comum ouvir entre pastores diversas histórias sobre batismos “inesquecíveis” que celebraram. Gostaria de compartilhar alguns relatos inusitados que aconteceram comigo, a fim de sugerir algumas dicas para fazer com que, de fato, esses sejam momentos positivamente memoráveis.
Certa ocasião fui a uma cidade para iniciar uma série evangelística de três meses. A igreja em que ocorreria a campanha estava sendo construída, e o tanque batismal havia ficado pequeno e incômodo. Ao procurar o irmão responsável pela construção para lhe dar algumas sugestões quanto ao batistério, ouvi a seguinte resposta: “Se não gosta, faça-o você mesmo!” Na primeira cerimônia batismal daquela igreja, fui o responsável por inaugurar o tanque com um candidato alto e calvo. Ao imergi-lo, sua cabeça raspou na parede, causando-lhe um machucado na parte posterior. Como se isso não bastasse, ao sair da água, sua fronte bateu contra uma viga que cruzava a escada, produzindo instantaneamente um galo na testa. Para esse novo membro, certamente seu batismo foi inesquecível!
Às vezes o batismo é inesquecível para o pastor. Enquanto visitava uma igreja, fui abordado por uma senhora batizada por mim havia 25 anos. Ela me olhou, rindo e dizendo: “Este é o pastor que eu batizei!” Então me lembrei da situação. Seu medo de água era tão grande que, na hora em que eu a imergi, fui afundado por ela. Por isso, é importante conversar com o candidato antes da cerimônia para explicar-lhe como será o batismo e tranquilizá-lo.
Algumas vezes tive que trocar de roupa em lugares inadequados e, outras vezes, diante dos batizandos. Contudo, jamais me esquecerei do dia em que precisei trocar de roupa na sala ao lado do tanque batismal. Embora tenha tomado algumas precauções, estas não foram suficientes. No exato momento em que eu estava sem traje algum, a porta que dava acesso à nave da igreja foi aberta. Para mim e para os espectadores, esse também foi um batismo inesquecível. Lembre-se, portanto, de prover vestiários adequados para atender ao pastor e aos candidatos com privacidade.
Em determinadas ocasiões será necessário utilizar um tanque batismal portátil. Nesses casos, é importante instalá-lo e decorá-lo muito bem, especialmente para que a entrada e saída dos batizandos seja muito discreta. Em minhas campanhas evangelísticas, tenho preferido oficiar a cerimônia em um rio ou numa piscina.
Outro detalhe importante é a quantidade de água. Quanto mais água houver, mais fácil será imergir o candidato. Isso evita que o pastor tenha que abaixar demais o batizando, levando-o a reagir com certa apreensão à saída da água. Além disso, convém aquecer a água antes da cerimônia, especialmente em lugares mais frios.
O batismo de pessoas incapacitadas ou de deficientes físicos exige certa atenção. Tenho visto candidatos serem levados com grande esforço às águas em uma cadeira ou carregados por dois ou três diáconos, enquanto a congregação acompanha a cena com preocupação. Pergunto: seria possível batizá-los em outro momento, em melhores circunstâncias?
A realização de grandes cerimônias batismais também merece uma organização especial. Quando eu era um evangelista com pouca experiência, batizei cerca de 200 pessoas numa tarde. Além disso entreguei os certificados, as flores, as Bíblias, etc. Bem, foi algo mais do que uma tarde, pois a cerimônia terminou pouco depois da meia-noite… Assim, quando houver muitos candidatos, execute cada parte do modo mais breve possível. Se for necessário, elimine a entrega de presentes e certificados. Você pode mostrá-los e dizer que serão entregues posteriormente. Escolha um ou dois testemunhos e encerre com um apelo, antes que comecem a sair aqueles que poderiam aceitar o convite para seguir a Cristo.
Certamente uma cerimônia batismal bem organizada leva as pessoas a comentar por muito tempo acerca do que viram e ouviram, desde a decoração, as boas-vindas, a pregação, o apelo até a oração final. Quando isso ocorre, de fato, é um batismo inesquecível!
José Plescia é pastor jubilado e reside na Argentina