Daniel Montalvan
Você já escutou a voz de Deus? Conforme Paulo afirma em Hebreus 1:1 e 2, o Senhor sempre Se preocupou em falar com Seus filhos. O problema é que nem sempre estamos dispostos a ouvi-Lo. Certa vez, alguém disse que “falar de Deus é sempre bom, mas falar com Deus é muito melhor”. Creio que essa frase seria completa se tivesse o seguinte complemento: “Porém, escutar a Deus é indispensável”. Quem não ouve a voz de Deus fica sem rumo. Por isso, é necessário aprender a escutá-Lo por meio da reflexão pessoal, fazendo do momento devocional diário uma prioridade indiscutível. E por que devemos buscar o Senhor a cada dia?
Em primeiro lugar, porque somos humanos. Nunca devemos nos esquecer de que somos frágeis e temos uma natureza pecaminosa egocêntrica, inclinada a viver distante do Criador. Essa realidade é descrita em Apocalipse 3:14 a 22, na carta à igreja de Laodiceia. Enganamo-nos se pensamos que a causa do problema dessa igreja seja a mornidão. Em realidade, a mornidão é uma consequência do verdadeiro problema, que se torna evidente no versículo 20: Jesus está do lado de fora da igreja. Resta-nos então perguntar: Quem está dentro? Em grego, o versículo 17 repete três vezes o pronome pessoal eu… O grande problema dos membros de Laodiceia: “[Eu] estou rico, [eu] adquiri riquezas e [eu] não preciso de nada” (NVI). Uma vez que o eu é nosso maior inimigo e nosso desafio é vencê-lo, necessitamos abrir nosso coração diariamente ao Senhor Jesus.
Quando isso acontece, temos uma experiência semelhante à de Paulo, que afirmou: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim” (Gl 2:20, NVI). Precisamos renunciar o eu dia a dia para que Jesus possa viver em nós. Do contrário, Ele ficará fora de nosso coração.
Em segundo lugar, porque somos pastores. Pedro afirma que o pastor deve ser modelo do rebanho (1Pe 5:3). Desse modo, devemos evidenciar que passamos tempo com Deus a cada dia. Além disso, necessitamos beber continuamente da fonte de salvação, pois somente assim poderemos ser revestidos da autoridade e do poder que envolvem o cumprimento da grande comissão.
Quando Pedro foi abordado por um aleijado mendicante à porta do Templo, em Atos 3, respondeu com autoridade: “Não possuo nem prata nem ouro, mas o que tenho, isso te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, anda!” (v. 6). Observe o jogo de palavras: “não possuo” e “o que tenho”. Está claro que ninguém pode dar o que não tem. Pedro deu o que tinha: a presença de Cristo e o poder que vem Dele. Só assim pôde ofertar cura e salvação.
Em terceiro lugar, porque somos líderes. Um líder é alguém que tem a capacidade de influenciar, tanto para o bem quanto para o mal. Desse modo, precisamos nos perguntar: Que tipo de influência estamos sendo para aqueles que estão ao nosso redor?
Todo pastor é líder porque tem poder de influência, e isso serve para discipular seus seguidores. A grande comissão está intimamente ligada à liderança, porque não há meio de se fazer discípulos sem a capacidade de influenciá-los. Assim, como influenciadores, devemos compreender que é imprescindível que sejamos influenciados diariamente por Deus, para que possamos refletir o caráter Dele aos demais. Necessitamos ser como o girassol, que se volta sempre para a direção do Sol e tem sua forma semelhante à do astro-rei.
Ellen White afirmou: “Todos quantos se acham sob as instruções de Deus precisam da hora tranquila para comunhão com o próprio coração, com a natureza e com Deus. Neles se deve revelar uma vida não em harmonia com o mundo, seus costumes e práticas. É-lhes necessário experiência pessoal em obter o conhecimento da vontade de Deus. Devemos, individualmente, ouvi-Lo falar ao coração” (A Ciência do Bom Viver, p. 58).
Conforme disse Leonard Ravenhill: “Nenhum homem é maior do que sua vida de oração. Diga-me quanto um homem ora, e eu direi quanto ele é grande diante de Deus.” Qual é sua estatura espiritual? Decida hoje passar mais tempo em comunhão com o Senhor!
Daniel Montalvan, mestrando em Missiologia, é secretário ministerial associado para a Igreja Adventista na América do Sul