Apontamentos para um sermão, baseados em II Reis 13:14-21
1. Jeoás e uma oportunidade malograda
O rei Jeoás tinha a autoridade régia com a qual havia sido investido (801-786 AC), mas não tinha poder. Como rei de Israel, assumira a direção em condições difíceis. Seu pai Jeocaz (II Reis 13:2) fora um mau governante. A guerra com a Síria havia sido desastrosa (II Reis 13:7). O exército estava desfeito (II Reis 13:7) e as perspectivas para o futuro totalmente obscuras. Jeoás notou que sua única oportunidade de superar a crise estava em Deus. Entrevista-se com o profeta Eliseu em busca de ajuda (II Reis 13:14). Eliseu lhe antecipa uma tríplice vitória sobre a Síria. Jeoás teve muitas demonstrações do favor de Deus, mas sua fé e seu compromisso com o Céu estavam divididos. “Põe a tua mão sobre o arco e atira’’, disse-lhe o profeta. Ou como diz o Targum: “Toma tuas flechas e mostra como vais ferir a teus inimigos”.
O crente usa ao máximo seus recursos, para glória de seu Criador; persevera, sem deixar tarefa sem terminar. Talvez tenhamos estado atirando alguns dardos, como o fez Jeoás, fazendo débeis esforços. Apegados, porém, à mão de Deus, podemos ir longe, obtendo novas vitórias.
2. Eliseu, o homem de Deus
Mais que a grandiloqüência de seu ministério profético, o que nos atrai em Eliseu é seu sentido de lealdade e compromisso com a Verdade. Mesmo atacado por uma enfermidade fatal, não se deixou abater pelo pessimismo ou pela compaixão própria. Tampouco se deixou subornar pelas lisonjas do poder nem vacilou ante os perigos das ameaças. Mais que a aprovação dos governantes terrestres, preferiu a aprovação de Deus.
Viveu para a eternidade.
Observem-se as seguintes características na vida de Eliseu:
a) Homem de Deus, doente, mas não derrotado. A morte não o aterroriza, e ainda é capaz de motivar a outros (II Reis 13:14-20). Eliseu era um homem de poder, porque era um homem bom. Os homens bons são fundamentais para a nação. Eliseu era tuna pessoa respeitada pela nação. Uma vida santa exige o respeito de todos. A santidade não precisa de advogados. Ela defende a si mesma.
b) Irradia confiança. Eliseu não é covarde; ele “pôs suas mãos sobre as mãos do rei” (II Reis 13:16 e 17). Ele tem confiança em Deus, sabe que está do lado que há de vencer. Embora estivesse para morrer, quis partilhar sua fé com os semelhantes. Sabia que “ninguém vive para si e ninguém morre para si”. Os melhores homens de todas as épocas foram os que fizeram provisão para o futuro, que deixaram um legado de amor e fé para as novas gerações.
c) “Abre a janela” e olha para fora. Descobre um mundo necessitado, que ao mesmo tempo é um mundo de oportunidades, onde o filho de Deus trava a batalha da fé e vence. Com a idade avançada e uma enfermidade que lhe antecipa a morte, Eliseu abre para o rei Jeoás uma janela de esperança. Ninguém pode renunciar sua responsabilidade enquanto vive. Todos temos responsabilidades a desempenhar até o último instante.
d) “Fere a terra”. Eliseu é um homem cheio de entusiasmo, que pede com entusiasmo seja ferida a terra, mas Jeoás o faz somente três vezes. Por que desistir tão rápido? O inimigo das almas jamais será vencido se nossos esforços forem parciais, fragmentários e momentâneos. A perseverança, o esforço decidido e o compromisso total são características do vencedor.
e) Irritou-se com ele. Ninguém pode deter uma pessoa que tem consciência da presença do Salvador em sua vida.
Abraão deixou a terra de seus antepassados, efetuando aquela jornada de fé; Moisés conduziu as hostes de Israel pelos ásperos e inóspitos caminhos do deserto; Eliseu, de seu leito de dor, indicou uma saída ao rei. Todos encontraram segurança, paz e esperança na convicção de que Deus estava com eles. Eliseu não teve medo e se aborreceu diante da incapacidade de Jeoás de mostrar mais entusiasmo e decisão na agressiva aventura para a qual Deus o estava convidando. Quando Deus envia alguém em missão, capacita-o também com o poder do Espírito Santo.
3. Reflexão com respeito ao êxito
A urgência que impele os seres humanos a se sobressaírem, parece ser maior agora do que no passado. Mereça nossa aprovação ou não, em muitos casos êxito significa avançar deslocando outros. A trilha que leva ao cume não é tão suave como imaginam alguns, uma vez que mais da metade daqueles que se consideram vencedores em suas atividades não se sentem felizes. Essa infelicidade se manifesta na forma de ansiedade, depressão, solidão, insatisfação, falta de sentido para a vida, etc. É que grande parte desses indivíduos não procuram tomar tempo para fazer a si mesmos as grandes e fundamentais perguntas: quem sou eu? De onde venho? Aonde vou? Qual o verdadeiro sentido de minha vida?
A sociedade ocidental movimenta-se com excessiva rapidez; sentimo-nos como se estivéssemos tendo uma vertigem. Em última análise, o verdadeiro êxito na vida, como o entendemos, fica demonstrado não tanto pelos títulos acadêmicos ou profissionais que a pessoa ostente, nem pelo salário que receba por seu trabalho. Enquanto muitas pessoas confundem êxito com dinheiro, poder e posição, o crente o compara com serviço.
4. As circunstâncias
Somos assaltados de contínuo por circunstâncias de todos os tipos, e nossa atitude para com elas pode determinar-nos o futuro. Deus usa a circunstância como um meio da graça; ela faz parte da linguagem por meio da qual nos fala. Deus falou “muitas vezes, e de muitas maneiras’’ no passado (Heb. 1:1 e 2): Ele nos fala por intermédio da Natureza, que é Sua revelação geral; também por meio de Sua Palavra — Sua revelação especial. Em certas ocasiões, por meio do Espírito Santo; e não há a menor dúvida, também nos fala por meio das circunstâncias, que no plano de Deus se tornam oportunidades salvíficas.
A missão do crente consiste em “moldar as circunstâncias, mas não deve permitir que as circunstâncias o moldem a ele… aproveitá-las como instrumentos de trabalho; sujeitá-las, mas não deixar que elas nos sujeitem’’ (C.B.V., pág. 447, ed. antiga).
Não é o lugar que determina, mas a pessoa. Paulo afirmou: “Já aprendi a contentar-me com o que tenho” (Filip. 4:11). Talvez a mais bela coroa que já foi colocada em alguma cabeça seja a que recebeu em sua coroação a esposa do destituído último rei da Pérsia. Em minhas viagens, tive ocasião de ver nos museus que visitei, riquezas fabulosas; mas nenhuma deixou em mim uma impressão mais profunda e duradoura do que as das coroas da Pérsia, conservadas em Terã. Quando contemplei a coroa que foi colocada sobre a cabeça de Farah Diba, no dia de sua coroação, perguntei ao guia de onde haviam vindo todos aqueles diamantes. “Muitos deles’, respondeu, “vieram da mina Golconda.” Ali foram encontrados o famoso koh-i-noor e o Orloff. A história dessa mina se tornou famosa por Russel Cromwell, em seu livro Acres of Diamonds.
Houve um homem chamado Ali Hafed que viveu no fabuloso país do Irã. Tinha um sítio, e vivia satisfeito com o seu produto. Tinha esposa e filhos; criava ovelhas, cabras e semeava cereais. O protagonista de nossa história vivia feliz até a chegada de um sacerdote que lhe falou de algumas coisas estranhas chamadas diamantes. Nunca ouvira antes a respeito de diamantes, mas o visitante lhe disse que os diamantes são pedras que brilham como a luz de cem sóis. “São a coisa mais bela do mundo.”
— Onde se encontram essas pedras? — perguntou-lhe Ali. — Quero obtê-las, insistiu.
— Dizem que podem ser encontradas em todas as partes. Procura um riacho que arraste areia branca e que esteja ladeado por altas montanhas; ali encontrarás diamantes.
Dessa forma, Ali Hafed vendeu sua propriedade, deixou a esposa e filhos aos cuidados dos vizinhos e saiu para percorrer o mundo em busca de diamantes. Andou pela Palestina, foi ao Egito e finalmente chegou à Espanha. Examinou todos os riachos de águas cristalinas, cujo leito continha areias brancas e eram ladeados por elevadas montanhas. Os anos se passaram, encaneceram-se-lhe os cabelos, e um dia se achou na praia de Barcelona, pobre, doente e descoroçoado. Num momento de desespero se lançou ao mar e morreu.
Enquanto isso, ao dar de beber ao seu rebanho, o homem que comprara a propriedade de Ali Hafed removeu uma pedra que achou interessante, levou-a para casa e a usou para manter a porta aberta. Certo dia, o sacerdote passou de novo pelo local e, ao ver a pedra, notou que de uma fenda irradiava uma luz estranha.
— É um diamante, onde o encontraste? — pergunta o sacerdote.
— Achei-o ali, onde bebem os animais — respondeu.
Os dois correram até o local, escavaram e encontraram diamantes e mais diamantes. Esta é a origem da descoberta da maior mina de diamantes do mundo.
É isto mesmo, onde você estiver, estará Deus. E onde o Senhor está, há beleza, planos de avanço e de vitória, sempre que você abrir os olhos para ver as possibilidades. As circunstâncias são, geralmente, meios salvíficos pelos quais o Senhor nos coloca na arena onde nosso caráter é temperado. — SALIM JAPAS