Poder! Que significa isto? E o que há em tomo dele que leva as pessoas a fazerem quase qualquer coisa para possuí-lo?
O sociólogo do século dezenove, Max Weber, definiu poder como “a oportunidade que tem um homem ou um grupo de homens de executar sua própria vontade numa ação social, mesmo contra a resistência de outros que estão participando da ação.”1 Em outras palavras, poder é “a habilidade de um indivíduo ou grupo, no sentido de levar a efeito seus intentos ou planos, e controlar, manipular ou influenciar a conduta dos outros, quer estes desejem ou não cooperar.2
Baseado nessa compreensão de poder, Lord Acton declarou que “o poder tende a corromper, e o poder absoluto corrompe inteiramente.”
São estas coisas verdadeiras somente no mundo? Ou atingem também a igreja? Harvey Cox declara: “Muito se tem falado na maioria das igrejas a respeito da mordomia do dinheiro, e muito pouco sobre a mordomia do poder.”3 E creio que ele está certo.
A mordomia do poder não tem sido muito salientada nas igrejas, embora seja um assunto tão importante. Ela perde para muitos outros temas com os quais o poder está ligado.
Até o momento não ouvi um único sermão sobre o poder e seu uso correto, nem li um artigo de autor cristão sobre a mordomia do poder. Já ouvi muitos sermões sobre o dinheiro e como este deve ser usado; já li muito artigo sobre o poder do evangelho, o poder do Espírito Santo, o poder da igreja; nenhum, porém, sobre a mordomia do próprio poder.
Todos temos poder — poder social; se por poder social entendemos “a capacidade de controlar o comportamento de outros, direta ou indiretamente.”4 Mesmo um bebezinho exerce algum controle sobre outros.
Dois tipos de poder
Há duas espécies de poder no mundo hoje: O poder que opera por interesse, e o poder que opera de maneira altruísta. Por vezes, cada uma delas tem feito pender a balança do mundo. Quando o poder egoísta ocupou o trono, o mundo foi atirado no caos. Pensemos na Inquisição espanhola e em Adolfo Hitler. Quando o poder altruísta comandou, o curso da história foi alterado. Pensemos e William Wilberforce, Mahatma Gandhi e Martin Luther King Jr.
A forma predominante de poder revelada pe-lo mundo hoje — entre governos, nos políticos nacionais e locais, nos conflitos raciais, muitas vezes até na igreja, e em alguns lares — é a espécie de poder manipulador, coercivo, egoísta que procura impor sua vontade, como disse Weber, “mesmo contra a resistência dos outros”. Tal manifestação de poder emana de Satanás. Essa espécie de poder é tão dominante na sociedade que a maioria das pessoas a tem aceito como a maneira normal de realizar negócios.
Os cristãos — que se presume tenham “morrido para o eu”, que estão “crucificados com Cristo”, que devem colocar os outros em primeiro lugar, que como seu Senhor e Mestre de-vem servir e não ser servidos — encontram-se muitas vezes recorrendo a usos repulsivos, egoístas, do poder, na tentativa de alcançar seus próprios objetivos.
Das duas espécies de poder que operam no mundo, mesmo os cristãos têm optado pela forma egoísta, até quando lidam com seus irmãos.
Com espanto, o mundo e os cristãos simpatizantes param e exclamam: “Então são estes os ‘redimidos’? Perguntam de que foram eles redimidos. Foram redimidos do amor ao dinheiro? Redimidos do orgulho de classes e étnico? Redimidos da intolerância racial? Do obsessivo desejo de comando? Do desejo de seguir seu próprio caminho e impor sua vontade aos outros? Se não, por que se intitulam eles de redimidos?”
Procedente da parábola do trigo e do joio vem uma pergunta ainda mais penetrante: “Não semeou o pai de família boa semente em seu campo? Por que tem então joio?”
É na igreja — onde a boa semente do evangelho é lançada com mais freqüência — que podemos esperar que o diabo opere com maior empenho. O inimigo deseja trazer vergonha ao nome de Cristo; por esse motivo, concentra-se na igreja. Muitos capítulos melancólicos da história da igreja testificam de seus sucessos. Mui-tas reuniões de negócios da igreja local se transformam em pátio de diversão de Satanás ainda hoje, quando irmãos e irmãs lutam para impor sua vontade a outros. Este é o problema desconcertante do poder entre o povo de Deus.
Como Deus usa o poder
Deus não age dessa maneira. Ele não utiliza a força. Não impõe Sua vontade se resistimos. Não viola nossa livre escolha moral. Aqui está a diferença, e temos aqui a ver-dadeira definição de poder. De acordo com a perspectiva divina, poder é a faculdade de influenciar o comportamento dos outros sem violar o livre arbítrio. Como Deus realiza isto? Por meio do amor. Ele opera por amor. Por isso, do ponto de vista divino, amor é poder. Ellen G. White escreve: “O amor é poder. Neste princípio acha-se envolvida força intelectual e moral, e dele não se podem separar. O poder da riqueza tem a tendência de corromper e destruir; o poder da força é potente para causar dano; a excelência e o valor do amor puro, porém, consistem em sua eficiência para fazer bem, e na-da senão bem. Tudo quanto é feito por puro amor, por mais pequenino ou desprezível que seja aos olhos dos homens, é inteiramente frutífero; pois Deus olha mais a quanto do amor alguém põe no que faz, do que na quantidade que realiza. O amor é de Deus. O coração não convertido é incapaz de originar ou produzir esta planta de procedência celeste, que só vive e floresce onde Cristo reina.”5
O amor, ou a melhor forma de compaixão expressa, é uma mercadoria rara no mundo hoje em dia, pois só pode ser gerada por Deus. A compaixão é uma qualidade do caráter divino, que só pode vir de Deus e não do coração humano. E planta divina de origem celestial, e sua fonte é o Céu, não a Terra. Quando quer que é manifestada pelos seres humanos, é porque Deus constrangeu os corações, declarem-se ou não eles ser filhos de Deus. Podem eles ser ateus, agnósticos, indiferentes do ponto de vista espiritual, ou comunistas; se revelaram compaixão para com os outros, é porque Deus esteve operando no íntimo. Dessa maneira, Deus está presente em cada ato dessa pessoa, ainda que o indivíduo O não reconheça como Deus. Esta é a mensagem de III João 11: “Não imites o que é mau, senão o que é bom. Aquele que pratica o bem procede de Deus, aquele que pratica o mal jamais viu a Deus.” Este texto não julga as pessoas pelas suas crenças, mas pelo seu comportamento — seus atos. Nada se diz com respeito a suas crenças. É o procedimento das pessoas que determina se elas são de Deus, não o que elas crêem. Em outras palavras, a maneira em que usam o poder que lhes foi confiado. E no juízo final, quando Deus separar as ovelhas dos bodes, é o comportamento que irá determinar o destino. É precisamente isto que diz
Ellen White: “Quando as nações forem reunidas diante dEle, não haverá senão duas classes, e seu destino eterno será determinado pelo que elas fizeram ou deixaram de fazer em Seu favor na pessoa do pobre e do sofredor.”6
É o procedimento das pessoas que determina se elas são de Deus, não o que elas crêem.
Aquilo que os poderosos fazem em favor dos desvalidos, determina o destino. O maior poder do Universo é o poder de uma vida abnegada. “Nenhuma outra influência que possa circundar a alma humana tem tanto poder como a in-fluência de uma vida destituída de egoísmo.”7 Foi esta a espécie de poder, da bondade que Je-sus revelou, e a bondade que expressa o verdadeiro caráter de Deus.
Aquilo que podemos ver na cruz, na pessoa do Deus-Homem Jesus Cristo de Nazaré, pendurado entre o Céu e a Terra, é o poder natural do divino amor. Do ponto de vista humano isto é impotência. “Salvou os outros, a Si mesmo não pode salvar-Se. É rei de Israel! desça da cruz, e creremos nEle. Confiou em Deus; pois venha livrá-Lo agora, se de fato Lhe quer bem.” (Mat. 27:42 e 43). Da perspectiva divina, porém, é o mais poderoso ato que Deus já praticou, e o mundo não foi mais o mesmo desde então. Em I Coríntios 1:21-25, o apóstolo Pau-lo contrasta estas duas perspectivas: “Visto co-mo, na sabedoria de Deus, o mundo não 0 conheceu por sua própria sabedoria, aprouve a Deus salvar aos que crêem, pela loucura da pregação. Porque tanto os judeus pedem sinais, co-mo os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, escândalo para os judeus, loucura para os gentios…”
Por que foi a crucificação de Cristo escândalo para os judeus e loucura para os gentios? Porque os judeus, um povo desvalido e sujeito, desejavam um Messias que pudesse enfrentar com espada a espada romana, e não com preceitos sobre amar os próprios inimigos. E os gentios, que exerciam poder sobre os judeus, viam em tais métodos de salvação apenas gesto de loucura de camponeses desvalidos.
“Mas para os que foram chamados, tanto judeus como gregos, pregamos a Cristo, poder de Deus e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” Deus toma o amor, que o mundo considera como fraqueza, e o toma a mais poderosa força do mundo. Isto é poder! Em Efésios 4:31-5:2, Paulo escreve de novo: “Longe de vós toda a amargura, e cólera, e ira, e gritaria, e blasfêmias, e bem assim toda a malícia. Antes sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou. Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como também Cristo vos amou, e Se etregou a Si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus em aroma suave.”
Temos aqui dois tipos de poder existentes no mundo hoje — o poder que opera pela força e o poder que opera por amor. Um se origina com Satanás, o outro com Cristo. Qual deles manifestamos nós como pastores?
Duas maneiras de agir, um servo
Quem é, pois, o servo fiel e prudente a quem senhor confiou os seus conservos para dar-lhes o sustento a seu tempo? Bem-aventurado aquele servo a quem seu senhor, quando vier, achar fazendo assim. Em verdade vos digo que lhe confiará todos os seus bens. Mas se aquele servo, sendo mau, disser consigo mesmo: Meu senhor demora-se, e passar a espancar os seus companheiros, e a comer e beber com ébrios, virá o senhor daquele servo em dia em que não o espera, e em hora que não sabe, e castigá-lo-á, lançando-lhe a sorte com os hipócritas; ali haverá choro e ranger de dentes” (Mat. 24:45-51).
É confiado ao servo desta parábola uma responsabilidade, a administração do poder. Jesus ilustrou dois tipos de poder nesta parábola — o poder egoísta e o poder abnegado — e descreveu aqueles que exerciam poder como sendo fiéis e infiéis. Não existem dois servos na parábola, mas dois comportamentos. Jesus está descrevendo os dois tipos de comportamento, duas maneiras possíveis em que Seus seguidores podem usar o poder enquanto aguardam Sua vinda. Eles podem usá-lo abnegadamente, motivados pelo amor, dedicando-se às necessidades dos outros. Da maneira que Deus usa o poder. Dessa maneira, eles podem influenciar o comportamento dos outros sem violar o livre arbítrio.
Ao servo da parábola, incumbido de dar o sustento a seu tempo aos conservos, foi confiada a responsabilidade de administrar o poder.
Ou podem usar o poder de maneira egoísta e, como diz Weber, “realizar sua própria vontade … mesmo contra a resistência de outros”. O centro deste comportamento não está nos outros, mas no eu; não no amor, mas na ambição.
Quando ensinamos a doutrina da mordomia cristã, precisamos focalizar mais do que o dinheiro. Precisamos ensinar princípios relacionados com o uso apropriado do poder na igreja. Isto inclui o manejo do poder em casa, bem como em nossas instituições. A parábola não diz nada sobre dinheiro. Mas tudo nela trata da mordomia do poder! Essa mordomia do poder deve em primeiro lugar ser exemplificada em nossas próprias atitudes e atos como pastores, pois somos o servo da parábola e devemos decidir como usaremos o poder a nós confiado.
Notai também que os diferentes comportamentos estão relacionados com as diferentes atitudes para com a vinda do Mestre. Quando o servo está manifestando um comportamento semelhante ao de Cristo, de serviço abnegado, não acha que a vinda de seu senhor demora. Quando, porém, acha que o seu senhor demora, seu comportamento muda para se ajustar a sua crença. Eis um caso no qual crença e comportamento se ajustam.
O retorno ao serviçalismo
Jesus diz a Seus seguidores que de-vem servir aos outros em lugar de servir a si mesmos. “Nem sereis chamados guias, porque um só é o vosso Guia, o Cristo. Mas o maior dentre vós será vosso servo” (Mat. 23:10 e 11). Es-se conceito de o maior ser o servo, o primeiro ser o derradeiro, de que devemos servir e não ser servidos, é repetido várias vezes nos evangelhos, o que mostra que Jesus “questionava radicalmente os relacionamentos sociais e religiosos hierárquico e patriarcal”.8
No mundo, os administradores podem mandar em seus subalternos e uns nos outros, “mas não é assim entre vós” (Mat. 20:26). “Não deveis colocarvos em primeiro lugar, mas aos outros.” Como os discípulos, não temos a mais remota idéia do que significa tudo isto. Tomamos esta mensagem sétupla de o primeiro ser o último e a acrescentamos a nossas estruturas hierárquicas, baseados em um conceito patriarcal de Deus, e o resultado é que a igreja estabelece líderes como senhores e príncipes, e depois batiza esta autoridade chamando-a de “serviço”.9
Aquilo que é verdade para o discípulo como indivíduo, o é também para o corpo coletivo dos discípulos denominado igreja. Assim como o cristão individual não deve colocar-se em primeiro lugar, seja homem ou mulher, mas servir aos outros, também a igreja não deve colocar-se em primeiro lugar, mas servir aos outros.
Devemos enfrentar a pergunta: É a missão da igreja defender a igreja ou defender a humanidade? Se é defender a igreja, então esta se torna um fim em si mesma, e já não é o meio de tomar visível a esperança. Por causa desta atitude do eu em primeiro lugar, muitas vezes a igreja se acha acreditando que Deus está do seu lado. Existe algo em tomo da satisfação pessoal que é muito ilusório. Nunca devemos esquecer as palavras de Abraão Lincoln a alguns sacerdotes insolentes: “Jamais digamos que Deus es-tá do nosso lado. Antes, oremos para que possamos ser achados do lado de Deus.”
Tiago e João pensavam que pelo fato de ter as melhores posições, estariam servindo melhor a Deus. É nisto em que pode resumir-se o enganoso poder do servir a si mesmo. A base do cristianismo é o serviço abnegado em prol de outros. É este princípio básico que deve motivar todas as ações humanas dentro do corpo de Cristo. E a autoridade que Deus concede à igreja não é a autoridade para dominar, mas autoridade para prestar serviço aos outros. Não é a autoridade do mando, mas a autoridade do serviçalismo.
Como isto se relaciona com as pessoas cuja posição social já as relegou ao serviçalismo? Há uma diferença fundamental entre serviçalismo e servidão. A servidão é uma condição social forçada, imposta à pessoa pelos outros, que priva essa pessoa, seja homem ou mulher, da liberdade de escolher seu próprio curso de ação e opções de vida. O serviçalismo, por outro lado, é uma ação voluntária na qual a pessoa, por espontânea vontade, escolhe prestar serviço a outras. A dignidade humana está em perigo na servidão; é elevada no serviçalismo.
Necessitamos avaliar nossa igreja atual e nossas estruturas institucionais, a fim de fazer um reparo nesse aspecto. Precisa haver um partilhamento natural de poder entre pastor e leigos em favor do bem-estar de todo o corpo. Alguns, porém, por causa de seu desejo de apossar-se do poder para fins egoístas, ou porque não conseguem entender plenamente a natureza do Reino de Deus, não são capazes de ver o que precisa ocorrer.
Já é tempo de nos convencermos de que não mais podemos continuar complacentes com nós mesmos e egoístas, motivados pelo que Martin Luther King Jr. chamou de “a principal caixa de ressonância do instinto” — o desejo de ser o primeiro, de estar na dianteira, liderando a parada da glorificação própria — e ainda nos chamarmos cristãos! Devemos pôr as necessidades alheias em primeiro lugar, e pensar em como podemos melhor satisfazer essas necessidades. É nesse ponto que o chamado de Je-sus para uma volta ao serviçalismo deve exemplificar a missão da igreja.
Arrependimento e poder
Harvey Cox vai ao ponto de declarar que ”o equivalente moderno do arrependimento é o uso responsável do poder”.10 Creio que existe alguma verdade nisto. A igreja deve arrepender-se do seu mau uso do poder. Os indivíduos, entre os quais pastores, devem arrepender-se do desejo de poder não para servir aos outros, mas para servir a si mesmos.
E mediante o arrependimento obteremos acesso ao genuíno poder, poder do amor, o único poder que deve ser manifestado no adventismo — o poder que influencia o comportamento de outros sem violar-lhes o livre arbítrio.
Tal poder só pode tornar-se manifesto quando atendermos ao apelo de Jesus em favor do serviçalismo — o primeiro deve ser o último, o maior deve ser o menor, aquele que tem as maiores credenciais (doutor em filosofia, em educação, em divindades ou seja qual for o título que venha antes do nome) deve ser servo de todos .
Harvey Cox declara que “o equivalente moderno do arrependimento e o uso responsável do poder”.
Esta é a mensagem de Jesus para a missão de Sua igreja nestes últimos dias — um retorno ao serviçalismo.
“Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado maior do que aquele que o enviou. Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as praticardes” (João 13:16 e 17).
- 1. Max Weber, Economy and Society, vol. 2 (Berkeley: University of Califórnia Press, 1978), pág. 926.
- 2. George A. Theodorson and Achilles G. Theodor-son, A Modem Dictionary of Sociology, (Nova Iorque: Barnes & Noble, 1979).
- 3. Harvey Cox, The Secular City, (Nova Iorque: The MacMillan Company, 1965), pág. 118.
- 4. Gene Sharp, The Politics of Nonviolent Action: Part One; Power and Struggle, (Boston: Porter Sargent Publishers, 1973), pág. 7.
- 5. Ellen G. White, Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, págs. 209 e 210.
- 6 …………, O Desejado de Todas as Nações, pág. 637 (não confere nem no inglês).
- 7 …………, A Ciência do Bom Viver, pág. 470 (página não confere).
- 8. Elisabeth Schussler Fiorenza, “You are not to be called Father, Early Christian History in a Feminist Perspective”, Cross Currents, 10:3, pág. 317.
- 9. Rosemary Radford Ruether, Mary — The Feminine Face of the Church, (Filadélfia: The Westmins-ter Press, 1977), pág. 84.
- 10. Cox, pág. 119.