Atualmente, uma das maiores necessidades da Igreja é investir em programas de treinamento para sua liderança voluntária. Antes de qualquer coisa, treinar os membros das igrejas para a missão é uma injunção bíblica. Nas Escrituras, nós encontramos que alguns dons do Espírito Santo são designados para equipar os membros do corpo de Cristo, a Igreja, para o serviço: “E Ele mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do Seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo” (Efés. 4:10 e 11).
Nenhum ministério é colocado acima do outro, e há uma interdependência de “ministérios. A carta de Paulo aos efésios torna claro que Cristo deu à Igreja um sistema de reciprocidade ministerial – cada parte servindo e equipando as outras partes para a suprema missão da igreja.
À parte essa verdade, o treinamento se justifica hoje por vários motivos. Primeiramente, o rápido crescimento numérico de membros. Em segundo lugar, o declínio da economia, em todas as partes do mundo, afeta os recursos para empregar mais pastores. E, o terceiro motivo, com uma nova mentalidade a respeito de liderança, verifica-se maior interesse da nova geração em participar no processo de decisão.
Como resultado do rápido crescimento que a Igreja tem experimentado nos últimos anos, muitos anciãos, e mesmo pastores. não têm tido o tempo necessário para obter a devida experiência dentro do sistema adventista e sua mensagem, antes de assumirem um cargo de liderança. Muitas pessoas escolhidas como líderes não estão preparadas para a função que lhes é designada: necessitam conhecer melhor quais são as prioridades da Igreja e sua missão, necessitam tornar-se familiarizadas com o sistema administrativo denominacional, necessitam orientação sobre procedimentos, além de conhecer as credenciais proféticas e históricas da Igreja Adventista.
“Grande cuidado deve ser exercido em selecionar oficiais para as novas igrejas. Que sejam homens e mulheres convertidos. Que aqueles que são escolhidos sejam aptos a instruir e que possam ministrar não apenas em palavras, mas em atos.” – Testimonies, vol. 6, pág. 65.
Os membros, hoje, desejam participar de cada estágio do programa da Igreja, tais como a elaboração de planos e o processo de tomar decisões. Possivelmente, uma razão do surgimento de muitos ministérios independentes que atuam em algumas áreas do mundo, tenha sido a lentidão da Igreja em reconhecer tal necessidade.
Time pastoral
É imperativo que mudemos nossa filosofia de pastorear a congregação local. Temos de aceitar a ideia de que o pastor deve trabalhar com uma equipe. Liderança de grupo ou de equipe é o estilo de liderança que se ajustará à nova situação da igreja. Em Jesus Cristo e Seu trato com os discípulos, encontramos o mais notável exemplo desse conceito. Ao lado deles, ensinava-lhes a teoria e a prática missionárias. Não surpreende que, depois da ascensão do Senhor, os apóstolos, cheios do Espírito Santo, tenham sacudido as estruturas do seu tempo.
“Temos diante de nós a maior das obras”, diz Ellen White. “O perigo que ameaça a nossa atividade e que se demonstrará ser nossa ruína, caso não seja visto e vencido, é o egoísmo: dedicar a mais elevada estima aos nossos planos, nossas opiniões, e nossos trabalhos, e agirmos independentemente de nossos irmãos. Aconselhai-vos mutuamente’ têm sido as palavras frequentemente pelos anjos.” – Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos, pág. 252.
É um fato sobejamente conhecido que, em cada sábado, mais sermões são pregados por anciãos, mais serviços de culto e adoração são conduzidos por esses dedicados líderes do que por pastores ordenados. Segundo os números do Departamento de Estatística da Associação Geral, há 18 mil pastores ordenados para servirem aos dez milhões de membros, distribuídos em 80 mil igrejas e grupos. Tirando os pastores que exercem funções administrativas, pode-se rapidamente compreender o escopo da necessidade de pastores na seara do Mestre. Temos de depender mais e mais da capacidade e da habilidade de anciãos bem treinados do que da liderança dos pastores.
Em virtude de ser o ancião o auxiliar mais próximo do pastor, é preciso fazer do seu treinamento uma prioridade. E nesse programa, o pastor é o elemento-chave. Devemos multiplicar o número daqueles que devem ser habilitados para o ministério do treinamento na igreja. Muitos anciãos podem aprender a arte de treinar e educar novos líderes nas congregações locais. Isso será um incentivo para eles, e aumentará grandemente o potencial para dinamizar a comunidade para o trabalho.
A Associação Ministerial está procurando criar recursos de treinamento e incentivar os pastores para aceitarem a ideia de usar uma parte de seu tempo no processo de treinar os líderes locais.
Nesta altura, novamente vale lembrar o que Deus nos tem falado através do ministério profético de Ellen G. White:
“Deus espera que Sua Igreja discipline e prepare seus membros para a obra de iluminar o mundo. … Não deve haver demora neste bem planejado esforço por educar os membros da igreja.
“Em cada igreja os membros devem ser preparados de maneira a devotarem tempo à conquista de almas para Cristo… Aqueles que têm o cuidado do rebanho de Cristo despertem para seu dever, e ponham muitas almas a trabalhar.” – Serviço Cristão, págs. 58 e 61.
Felizmente, a importância do treinamento tem recebido grande ênfase e aceitação por parte da grande maioria dos líderes denominacionais, e resultados encorajadores têm sido experimentados onde quer que um programa tenha sido seguido de maneira consistente.
No entanto, ainda há espaço para melhorar. No caso da Associação Ministerial, a responsabilidade é de treinar os anciãos para serem ajudantes eficientes dos pastores, principalmente quando eles têm um distrito muito grande, com muitas congregações.
Ação prática
Para que tenha sucesso, qualquer programa de treinamento deve estar vinculado ao serviço prático. Evangelistas são treinados para evangelizar, e não meramente para aprender técnicas novas. O médico é treinado para curar. Isso confere um sentido de realização. Parece-nos que essa é a grande necessidade de programas de treinamento de pastores.
“O que podemos esperar a não ser deterioração de uma vida religiosa, quando as pessoas ouvem sermões após sermões e não colocam em prática as instruções? As habilidades que Deus tem dado, se não forem usadas, degeneram.” – Testimonies, vol. 6, pág. 425.
A Associação Ministerial, nestes últimos anos, tem procurado colocar na mão dos pastores ferramentas para o treinamento. Uma delas é o Guia do Ancião, que contém suficiente material para ser usado em classes de um curso de treinamento. Acompanhando o Guia do Ancião, foi preparado o Guia de Estudo do Aluno, com orientações para o estudo. Esse recurso, além de servir como base de treinamento, também é um fator de unificação de procedimentos.
Devemos reconhecer o bom programa de uso desse material, que foi elaborado pela Divisão Sul-Americana. Com tais recursos, cada pastor está habilitado a treinar os líderes locais. Sem dúvida, essa iniciativa serviu de estímulo para outras Divisões do mundo.
Por iniciativa da União Central-Brasileira, a Revista do Ancião foi lançada em português. Praticamente todo o Brasil está recebendo essa publicação, uma vez que a tiragem é de aproximadamente 15 mil exemplares. Diversos Campos revelaram interesse em recebê-la. A revista está sendo traduzida para o espanhol pela Divisão Interamericana, e distribuída gratuitamente para todos os anciãos do seu território. Trata-se de uma revista de caráter prático, que está formando a sua tradição em nossas igrejas em diversas partes do mundo.
O que deve ficar claro em nossa mente é que devemos aceitar a responsabilidade de despertar, como pastores, para o fato de que a primeira necessidade em nosso trabalho é treinar os membros para o serviço. Ellen G. White afirma que somente quando os “membros unirem seus esforços aos dos pastores, a obra será terminada”. Esse é o ideal que temos ao preparar material e incentivar o plano de treinamento de leigos.