DANIEL SOSA

Introdução

A comunicação nas relações humanas, não pode ser considerada apenas como uma coisa ou um fato discreto ou isolado, e menos ainda como um acidente. Ela se assemelha a uma necessidade “contínua” da vida. O comunicólogo K. K. Sereno, diz: “A comunicação é um processo que se estabelece dentro das variações de nossos interesses e necessidades”.¹

Quer se trate da intercomunicação (comunicação consigo mesmo), da comunicação interpessoal ou intersocial, há sempre um princípio que rege, a saber, que em toda comunicação deve existir um transmissor, fonte ou cifrador e um receptor ou decifrador.

Sendo que o relacionamento é um “contínuo” humano e que desempenha um papel importantíssimo na vida, justifica-se o estudo cuidadoso e a prática da ciência e da arte da comunicação.

1. Definições de Comunicação

a) “Comunicação é o processo mediante o qual as fontes e receptores de mensagens atuam entre si num determinado contexto social”.²

b) “O conceito de comunicação pode ser entendido como o ato de relação mediante o qual duas ou mais pessoas evocam em comum um significado”.³

2. Três Critérios Para Analisar a Comunicação:

a) Comunicação Intersocial

a. É unidirecional

b. Não há intercruzamento das esferas entre tempo e espaço

c. Usa canais técnicos (aparelhos mecânicos e elétricos) 

d. Dá-se em nível de massa, num público anônimo

e. Requer menos fidelidade e menos feedback ou realimentação.

b) Comunicação Interpessoal.

a. Possui bilateralidade ou direção dupla

b. Existe cruzamento das esferas entre tempo e espaço

c. Ocorre entre duas pessoas ou um grupo reduzido

d. Usa principalmente canais naturais (os sentidos)

e. Influi diretamente e com maior fidelidade

f. O feedback (realimentação) é direto e bem acentuado.

c) Intracomunicação

A intracomunicação é a comunicação consigo mesmo.

A pessoa torna-se a fonte e receptor de uma mensagem interna e pessoal.

A intracomunicação influi numa auto-reflexão sobre qualquer assunto que se refere à pessoa.

3. Propósito da Comunicação Nas Relações Humanas.

a) Persuadir: Apelo feito à alma, às emoções

b) Informar: Apelo feito à mente

c) Entreter: Convite à distração, à recreação, etc.

Em resumo, “comunicamo-nos para intencionalmente”⁴

4. O Processo da Comunicação, Segundo a Funcionalidade.

A) A Fonte

A fonte ou transmissor de mensagem, é onde se origina a mensagem. Para conseguir fidelidade, a fonte deve determinar quais são seus objetivos. Há aspectos da fonte que podem influenciar a fidelidade comunicativa.

Alguns dos fatores que influenciam:

– Características psicológicas e sociais.

– Idade e sexo.

– Maneira de ver a vida.

– Religiosidade.

– Normas morais.

– Contexto familiar.

– Atitude para com o receptor.

“As atitudes da fonte para com seu receptor influenciam a comunicação. Quando os leitores ou ouvintes notam que o escritor ou o orador (ou qualquer pessoa que gere a mensagem) os apreciam, mostram-se muito menos críticos de suas mensagens. Muito mais dispostos a aceitar o que eles dizem. Aristóteles chamou a esta característica ETHOS.”⁵

Que Espécie de Fonte ou Transmissor de de Mensagem é Você?

(Sublinhe o que acredita ser)

 B) Codificação

Codificação é o processo de expressar as idéias em Códigos, os quais são sistemas de símbolos e sinais estruturados; por exemplo, a linguagem.

Na comunicação interpessoal, a função de codificar é efetuada por meio da capacidade motora cerebral da fonte.

As expressões: Por que você não me entende? Você me impacienta! Etc., são comuns quando duas pessoas perdem a calma, porque a pessoa número um (fonte) não soube traduzir (codificar) suas idéias com sinais e símbolos (códigos) de mútua compreensão com a pessoa número dois (receptor).

Em geral se diz: Você não me entende! Melhor seria dizer: Não me fiz entender!

A única maneira de sabermos se as idéias foram codificadas segundo o código comum é a reação, a resposta ou feedback do receptor (ouvinte, leitor ou visor).

Que acha você?

Vale a pena expressar (codificar) bem as idéias?

a) Concordo

b) Não concordo

c) Discordo inteiramente

d) Discordo com reservas

É bom expressar minha simpatia, respeito, carinho, etc. por uma pessoa, sem que esta entenda?

a) Concordo

b) Não concordo

c) Discordo inteiramente

d) Discordo com reservas

C) A mensagem

A mensagem é o resultado da codificação. É tudo aquilo que é transmissivo. É tudo que relaciona a fonte com um receptor. De acordo com o tipo de mensagem, a comunicação divide-se em comunicação gráfica, comunicação verbal e comunicação não verbal. Em geral, recebemos e damos as mensagens em sinais e símbolos estruturados, chamados linguagem ou código da linguagem. A língua é o órgão mais vivo no relacionamento e, portanto, na sociedade. A linguagem adquire vida quando se fala.

Se manejarmos a mensagem em nível de linguagem em seus diferentes critérios: gramatical, sintático, morfológico ou semântico, notaremos que na comunicação e no fazer-nos entender como entender a mensagem, há uma verdadeira ciência.

D) O canal

O canal é o meio no qual se plasma a mensagem. É um conduto portador de mensagens.

O relacionamento humano moderno tem a seu dispor muitos meios ou canais de comunicação. Os colonizadores de nosso continente invejariam os canais de comunicação que temos hoje.

Canais como os satélites, o telefone, a imprensa, o telégrafo, o correio e muitos outros meios que estão aparelhados para transmitir mensagens.

Você e Seus Canais Humanos de Comunicação

Faça uma lista de cinco meios de comunicação que você usou ultimamente para comunicar-se com seus amigos e familiares.

1. _______________________________________________________

2. ______________________________________________________

3.  ____________________________________________________

4.  ____________________________________________________

5.  ____________________________________________________

E) A Descodificação.

Descodificar é transferir um código para idéias e conceitos. É o contrário de codificar. O descodificador traduz novamente, descodifica a mensagem e lhe dá forma para que ela seja utilizável pelo receptor. O descodificador é o conjunto de faculdades sensoriais do receptor.

“O processo de condificação-descodificação pode ser amplamente definido como a monitoração que envolve a tradução de sinais. Na fase de codificação, a origem de comunicação, traduz e transfere a mensagem em sinais, os quais seriam depois transmitidos ao receptor; na fase de descodificação, o receptor da comunicação, transfere e traduz os sinais transmitidos na forma de mensagens. Não obstante, a codificação-descodificação ocorre simultaneamente.

Um processo é o inverso do outro e a maneira em que o cérebro humano transforma os sinais em mensagem é idêntica à maneira em que o cérebro transforma a mensagem em sinais.”⁶

Se lermos uma mensagem, e quisermos entendê-la, pomos em funcionamento as faculdades sensoriais de nosso cérebro e imediatamente nos afloram à mente as referências da mensagem; evidências, cores (se houver), idéias, conceito da mensagem e toda espécie de sinais de referência, depois entendemos a mensagem.

Quando entendemos a mensagem, esta nos influencia pelo menos de três maneiras: Cognoscitiva, afetiva e psicomotora ou da ação.

Parágrafos de Mensagens Para Descodificar

(Explique o que o autor quer dizer)

1. “Um erro é tanto mais perigoso quanto maior a quantidade de verdade que contenha.

2. “Às vezes é menos desagradável ser enganado por quem se ama do que ser desenganado.”

3. “Não há melhor guia para o homem do que a luz de uma consciência limpa.”

F) O Receptor

O receptor é a pessoa que capta a mensagem. Os receptores se dividem em duas classes: Os intencionais, ou seja, aqueles aos quais é dirigida a mensagem; os não intencionais, ou seja, que captam a mensagem sem que sejam a eles dirigidas.

Receptor é aquele que dá significado à mensagem. Dessa forma, em comunicação, aquele que ouve desempenha um papel vital na compreensão das mensagens.

Um bom receptor deve ter pelo menos:

— Uma atenção de abertura normal.

— Uma personalidade compatível com a fonte.

— Uma atividade favorável para com a fonte.

— Uma atitude sem preconceitos para com a fonte.

— Uma vinculação social, espiritual ou amorosa.

“Minhas Qualidades”

Balanço de Minha Atitude Como Receptor

— Muita atenção	1	2	3	4	5
— Atenção	1	2	3	4	5
— Indiferença	1	2	3	4	5
— Reflexão	1	2	3	4	5
— Respondo iradamente	1	2	3	4	5
— Sinto-me feliz por aclarar	1	2	3	4	5
— Perdôo e esqueço	1	2	3	4	5

5. Dez Fórmulas de Êxito Nas Relações

Humanas:

1. Responder só depois de ouvir (Prov. 18:13).

2. Pensar primeiro antes de falar (Prov. 29:20).

3. Falar sempre a verdade, mas com amor (Efés. 4:25).

4. Não use o silêncio para frustrar a outra pessoa.

5. Não se meta em conflitos; fale se puder entender (Prov. 20:3).

6. Responda sem ira; use uma resposta suave (Prov. 15:1).

7. Quando estiver errado, admita-o (Tiago 5:16).

8. Evite repetições ofensivas (Prov. 10:19).

9. Não seja crítico, mas restaurador (Gál. 6:1).

10. Seja tolerante, procure compreender a opinião dos outros (Filip. 2:1-4; Efés. 4:2).

6. Seguindo o Exemplo de Cristo

a) As mensagens mais inspiradoras para melhorar as relações humanas, são encontradas na própria vida de Cristo e nos ensinos de Paulo aos Romanos, cap. 12, e em I Cor. 13.

b) “Jesus achava acesso às mentes pelo caminho de suas associações mais familiares… Dignificava o homem com Sua confiança, e assim o colocava no posto que lhe correspondia à honra… Jesus assumiu a humanidade a fim de poder encontrar-Se com a humanidade… Achou acesso ao coração, conquistando a simpatia e a confiança.”⁷

Conclusão

a) O cristão genuíno deve amoldar suas relações humanas dentro do contexto dos princípios éticos mais nobres e puros do cristianismo.

b) Acha-se ao nosso alcance estudar e praticar um relacionamento bem-sucedido aqui na Terra’ e projetar esse viver sadio até o Céu, onde os justos viverão, relacionando-se eternamente com Cristo, com os anjos e os “mundos não caídos”.

Referências:

1. Kenneth K. Sereno. Fundation or Communication Theory, (Harper & Row, Publisher, Nova Iorque. 1970), pág. 89.

2. David K. Berlo, El Proceso de la Comunicación. (Editorial Ataneo, Buenos Aires, Argentina), págs. 2 a 5.

3. Antonio Paoli, La Comunicación. (Editorial Edicol, México, D. F.. 1977), pág. 183.

4. K. Berlo, Op. Cit. pág. 38.

5. Ibid.

6. K. Sereno. Op. Cit., pág. 122.

7. Ellen G. White. El Deseado de todas la Gentes, (Associación Casa Editora Sudamericana, Buenos Aires, Argentina, 1975), págs. 106 e 107.