Mudanças extraordinárias, rápidas, surpreendentes e constantes caracterizam o mundo atual e têm confrontado o ser humano com questões cada vez mais delicadas, envolvendo comportamento, estilo de vida, ética e espiritualidade, entre outros aspectos da vida. Diante de tais questões, é natural a crescente e quase desesperadora busca de respostas; afinal, elas podem afetar o desenvolvimento da fé, o que, certamente, produzirá consequências de alcance eterno. Aliás, em se tratando de questões espirituais e teológicas, sabemos muito bem ser inútil confiar no pensamento humano, seus conceitos, filosofias, ou até mesmo na ciência. Nesse ponto, as Escrituras emergem como fonte confiável de pesquisa.
Porém, é forçoso admitir que nem sempre encontramos um texto claro; um texto que, com todas as letras, nos diga o que é proibido ou permitido, o que devemos fazer ou não fazer, qual a direção que devemos seguir ou não seguir. Infelizmente, por falta disso, alguns elaboram interpretações distorcidas do texto bíblico, a ele acrescentam ideias próprias, desvirtuam crenças e enveredam por caminhos que os levam a uma desequilibrada experiência religiosa. Entretanto, não precisa ser assim. Mesmo que a Bíblia nem sempre nos mostre um cristalino “assim diz o Senhor” a respeito de questões teológicas ou existenciais, provê recursos que nos possibilitam encontrar, nela mesma, as respostas que procuramos. Em artigo nesta edição (p. 17), o Dr. Ekkehardt Mueller aborda esse assunto.
É sempre oportuno ter em mente que o princípio Sola Scriptura, enaltecido pela Reforma Protestante, é também a divisa da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Portanto, reconhecemos que a Bíblia é resultado de uma atividade na qual, por meio de mensageiros especialmente escolhidos, Deus Se revelou, bem como tornou conhecidos Sua vontade e Seus propósitos redentores para a humanidade. Conforme o apóstolo Pedro escreveu, “antes de mais nada, saibam que nenhuma profecia da Escritura provém de interpretação pessoal, pois jamais a profecia teve origem na vontade humana, mas homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe 1:20, 21).
Sendo assim, “cumpre-nos exercer todas as faculdades do espírito no estudo das Escrituras, e aplicar o intelecto em compreender as profundas coisas de Deus, tanto quanto possam fazer os mortais. […] As dificuldades encontradas nas Escrituras jamais podem ser dominadas pelos mesmos métodos que se empregam em se tratando de problemas filosóficos. Não nos devemos empenhar no estudo da Bíblia com aquela confiança em nós mesmos com que tantos penetram nos domínios da ciência, mas sim com devota dependência de Deus, e sincero desejo de saber a Sua vontade. Cheguemo-nos com espírito humilde e dócil para obter conhecimento do grande Eu Sou” (Ellen G. White, O Grande Conflito, p. 599).
Zinaldo A. Santos