Segundo o Dicionário Bíblico Adventista del Septimo Dia, dois tipos de aliança ou concerto eram comuns nos tempos bíblicos: um que era feito entre iguais e outro que envolvia acordos entre um senhor e um vassalo; um superior e um inferior. No primeiro caso, as duas partes concordavam no que dizia respeito às condições, aos privilégios e responsabilidades constantes do concerto (Gên. 21:32; 26:28). Mas quando a aliança era firmada entre um superior e um inferior, o primeiro especificava as condições, os privilégios e responsabilidades que cabiam às duas partes (II Sam. 3:21; 5:3).
As Escrituras Sagradas costumam descrever o relacionamento existente entre Deus e Seu povo escolhido, usando o termo aliança, ou concerto. Na história de Israel, por se tratar de um concerto feito entre um Ser superior e um inferior, entre o Ser infinito e o homem finito, o próprio Senhor definiu as provisões e as condições, tomou-as conhecidas, e ao povo caberia aceitá-las ou rejeitá-las. Em cada caso onde Deus tomou a iniciativa de firmar um concerto com Seus filhos, como indivíduos ou como nação, Seu objetivo era aproximar-Se mais e mais do Seu povo, num arranjo de companheirismo, a fim de abençoá-lo.
Ratificada a aceitação, as partes envolvidas colocavam-se na obrigação de cumprir os termos propostos no concerto, que envolvia tudo o que era necessário para tornar completamente efetivo o plano da salvação. Foi assim que o Senhor prometeu abençoar Israel, dar-lhe Canaã, revelar-lhe Sua vontade, enviar-lhe o Messias e usá-lo como instrumento missionário. A nação, por sua vez, deveria prestar obediência aos requerimentos divinos.
Toda aliança entre Deus e Seu povo é fundamentada na lealdade. Com isso em mente, podemos identificar três elementos básicos no concerto bíblico. O primeiro é a confirmação da promessa contida na aliança, com um juramento da parte de Deus (Gál. 3:16; Heb. 6:13 e 17). O segundo componente é a resposta do povo, requerida na forma de obediência à vontade do Senhor, conforme expressa nos Dez Mandamentos (Deut. 4:13). Finalmente, o terceiro elemento é o meio através do qual a obrigação da aliança divina é cumprida, a saber, Cristo e o plano da redenção (Isa. 42:1 e 2).
A aliança divina para a salvação do homem estava implícita já na promessa feita a Adão, em Gênesis 3:15. Foi firmada com Noé, Abraão e Moisés, e foi ratificada no Sinai com a nação de Israel. Com a infidelidade israelita, Deus a renovou de modo mais amplo, alcançando o Israel espiritual (Jer. 31:31-34; Mat. 21:43; Gál. 3:29; Heb. 8:8-11; I Ped. 2:9 e 10).
A identificação dessas duas fases da aliança, referidas nas Escrituras como “primeira” e “nova” aliança (Heb. 8:7 e 13), faz com que muitos eruditos argumentem que uma nova dispensação tornou sem efeito o que entendem como velha aliança. Dessa forma, os cristãos estariam desobrigados da obediência à Lei de Deus. Porém, a abordagem feita por Smuts Van Rooyen, nesta edição, representa mais um passo na trilha elucidativa do assunto.
Zinaldo A. Santos